Doutrinação

  O PASTOR E SEUS CÃES DE PASTOREIO

 

Uma atividade muito presente e estudada pelos ramos científicos de humanidades: Sociologia, Psicologia Positiva, Antropologia; e mesmo pela Psiquiatria e Neurociências é a doutrinação das pessoas. Processo este que leva outros nomes como adestramento, arrebanhamento, adesismo etc.; muitas são as atividades onde o processo de doutrinação pode ser exercido. As duas principais áreas seriam a Política e as Religiões. E a esse propósito disserta este artigo.

Para melhor compreensão do processo de doutrinação, é ilustrativo buscar a semelhança do pastoreio de ovelhas. Observando essa antiga e tão praticada atividade campesina, registrada lá dos tempos Bíblicos, Judeia, Sumária, Mesopotâmia, Jericó, Nazaré. Ao pastor cabia essa milenar tarefa de conduzir o seu rebanho conforme as estações do ano, em busca de melhor pastagem. E como procediam as ovelhas? seguiam obedientes em rebanhos, cabisbaixas, em marcha, seguindo as ordens do pastor, o guia maior e mandatário, com suas palavras de ordem. Por vezes algumas se rebelavam, fugiam.

Outra cena instigante ilustrativa da atividade do pastoreio é a atuação dos cães auxiliares em conduzir o rebanho das ovelhas. Duas raças se destacam, o pastor alemão e o border collie. São animais com cognição apurada, inteligentes e que são adestrados no auxílio do pastoreio. Esses animais adestrados, bem treinados, são os que enfrentam por exemplo a rebeldia de algumas ovelhas desgarradas do rebanho, que não seguem as ordens do pastor. Os cães fazem o papel de operários, de soldados, de executores das ordens do pastor das ovelhas. Pastor que nem sempre está no campo, no enfrentamento dos riscos e acidentes.

Vem em semelhança a atividade humana da doutrinação ou arrebanhamento das pessoas. Como referida, na área da Política e das Religiões. Surge lá, como também chamado um outsider de uma certa seita ou regime político, em geral de caráter totalitário, de exceção. E atenção! Sublinhe bem esta memória; muitos dos governantes e presidentes tirânicos foram eleitos e empossados no cargo por via popular, eleições “democráticas”. O caminho mais fácil de tomar o poder.

 

Mais do que citações, teorização, valem mais os exemplos práticos pelo mundo e por aqui em Terras de Pindorama. Não existiram homens e regimes mais típicos e execráveis de doutrinação como o nazifascismo de Hitler e Mussolini. Eles só fizeram o que fizeram porque houve os arrebanhados, adestrados e doutrinados: congresso, simpatizantes, forças armadas, os higienizados mentais e doutrinados em seguir o líder. Assim, vem ocorrendo com o carniceiro e sanguinário Vladimir Putin, com os ditadores de Hungria e Bielorrússia. E por aqui e alhures vários são os exemplos de pastores, seus cães de pastoreio e as ovelhas cabisbaixas, humildes e obedientes.

E para concluir, vale a lembrança de um falso profeta religioso, o Jim Jones (1931-1978); (“Tim Tones”, na belíssima paródia de Chico Anísio). Esse fanático religioso, nascido em Indiana EUA, criou na Guiana Inglesa, o templo dos povos. Com falsas profecias escatológicas, induziu ao suicídio 918 fieis, e também se matou. Esse e vários outros exemplos de lideres fanáticos e paranoicos, mostram o quanto é complexo o fenômeno e ainda incompreendido processo psíquico e social da doutrinação, do adestramento e dominação mental e social de massas e massas humanas. E então surgem enfurecidos os golpistas, os terroristas, os adestrados, os cães raivosos tudo quebrando e depredando em nome da doutrina e lavagem cerebral de que são seguidores e vítimas. Nessas horas o pastor, o falso profeta e messias, fica longe de processos, inquéritos e cadeia.