O CIGARRO FAZ BEM À SAÚDE...
João
Joaquim de Oliveira *
O tabagismo é
a principal causa evitável de morte em todo o mundo. Nos EUA cerca de 500.000
pessoas morrem a cada ano de doenças provocadas pelo cigarro. Este número equivale
a 20 % de todos os óbitos naquele país. No Brasil esta cifra chega a 150.000
mortes / ano. As grandes campanhas
contra o tabagismo tiveram seu marco em 1964 quando as sociedades médicas norte-americanas alertaram sobre a
significativa relação entre os componentes do cigarro e câncer de pulmão . O primeiro e
segundo exportadores de cigarro são EUA
e Brasil respectivamente. Como a produção americana vem caindo e a do Brasil
aumentando, estima-se que em breve o Brasil se tornará o principal produtor e exportador de tabaco. Liderança esta nada
promissora pelos impactos que isto representa para a saúde pública doméstica e
mundial
O tabagismo é
tóxico para qualquer ser vivo, determinando a morte inclusive de insetos
herbívoros que tenham contato com a flor e folhas do vegetal . A toxicidade
torna-se maior se ele é seco e queimado como ocorre na brasa do cigarro cuja
temperatura excede 800o C , quando então por reações de pirólise
surgem outras substâncias extremamente
tóxicas ao organismo. Todas as formas de apresentação do fumo são
altamente lesivas; sejam elas em pasta, rapé, pó nasal ou as diversas formas
fumadas como cigarro artesanal, industrial, charuto ou cachimbo.
Os malefícios
para a saúde são proporcionais ao número de cigarros fumados/dia e tempo do
vício. Todavia, vale ressaltar que
existe interação com outros vícios como álcool e drogas ilícitas, além da
susceptibilidade individual para sofrer esta ou aquela doença causada pelo
cigarro. Quando o fumante , mesmo leve, tem alguma condição mórbida (doença)
ainda que incipiente ou controlada, a exemplo de hipertensão, diabetes,
cardiopatia, o risco de um evento mórbido
com sequelas ou morte súbita é bastante
alto.
Popularmente
há alguns mitos e verdades sobre o tabagismo. O hábito de o fumante não tragar
a fumaça como acontece com os apreciadores de charuto e cachimbo de fato reduz
a chance de câncer pulmonar, mas aumenta as taxas de câncer de boca e vias
aéreas altas como faringe e garganta. O filtro do cigarro diminui a incidência
de câncer pulmonar mas aumenta o risco de infarto. A explicação, nesta última
circunstância, se dá pela fumaça
aspirada altamente concentrada em monóxido de carbono (CO). O filtro limita a
aspiração (diluição) do ar ambiente (rico em oxigênio), aumentando a saturação
de monóxido de carbono para os pulmões. O CO é um dos maiores causadores de
doenças cardiovasculares, entre elas a mais mortal o infarto do miocárdio.
Os tão
propagados cigarros de baixo teor nicotínico trazem em sua composição muitos
aditivos químicos que os tornam mais odoríficos, mas cujos efeitos são igualmente tóxicos como a nicotina. Por terem
baixo teor de nicotina o indivíduo tende a fumar mais unidades/dia,
sofrendo portanto, a mesma toxicidade
dos cigarros com teor normal de nicotina e alcatrão.
O fumante
passivo, aquele que convive diariamente com um fumante ativo ,está exposto aos
mesmos riscos. Esta ameaça se explica pela corrente de fumaça lateral do
cigarro e pelos tóxicos expirados pelo fumante, sendo agravante quando esta
convivência se dá em ambiente fechado como dormitório ou ambiente de trabalho.
As principais
vítimas do tabagismo passivo são os cônjuges e filhos de fumantes. Crianças de pais fumantes têm
sérios riscos de contrair doenças respiratórias como asma, bronquite , infecções
respiratórias e formas graves de câncer .
Trabalhos
científicos mostram que o cigarro , quando aceso, exala cerca de 5000 substâncias tóxicas.
Destas as principais são a nicotina, alcatrão, benzopireno e o monóxido de carbono. Os principais efeitos nocivos
seriam bloqueio respiratório, desorganização da divisão celular, deficiência
imunológica, formação de células cancerígenas, déficit circulatório em órgãos
vitais (coração, cérebro, rins), impotência sexual, infertilidade conjugal,
etc. As maiores causas de morte no fumante são, infarto, derrame cerebral,
câncer (de pulmão, vias aéreas altas, boca e todo o aparelho digestivo, rins,
bexiga e colo de útero), doenças pulmonares (asma, bronquite, enfisema).
Pelo contato
direto com a fumaça ,os órgãos da respiração , especialmente os pulmões,
tornam-se o alvo principal das ações deletérias
do cigarro. O pigarro, a tosse , a respiração entrecortada e
ofegante são comuns a todo fumante e
sinalizadores de doença crônica futura se o vício não for abandonado. Para
chegar ao enfisema basta comparar o pulmão a um fole; um sistema elástico cuja função primordial é
a troca do dióxido de carbono(CO2), expelido pelos pulmões , por oxigênio
atmosférico. A nicotina e demais tóxicos destruindo estas fibras elásticas tornam
o pulmão como uma bexiga inelástica, insuficiente, cheia de CO2 e outros
tóxicos, intoxicando e comprometendo
todo o organismo. No coração e sistema circulatório as principais conseqüências
do fumo são a aterosclerose, a hipertensão, os derrames cerebrais, a coagulação
do sangue, a trombose venosa ou arterial
e o infarto do miocárdio.
O maior risco
e temor ao fumo decorrem de seu potencial cancerígeno e mal-formações fetais. O
cigarro possui cerca de 60 cancerígenos, com agressivos efeitos sobre o DNA, os
óvulos e os espermatozóides. Assim pode causar câncer não só no fumante mas ,em
sua prole. Das mal-formações congênitas as mais comuns são o lábio
leporino(grave malformação labial, por
vezes associada com anomalias de
cavidade oral, garganta e pálato) e as
cardiopatias congênitas .
O combate e o
tratamento do tabagismo deveriam começar pela restrição à sua divulgação e
propaganda. Considerando o cigarro uma
“droga lícita”, as leis relativas ao “marketing” mostram-se pouco eficazes. O
principal meio de propaganda é o próprio viciado que exerce um
efeito cascata na perpetuação do hábito em todos os seus contatos
sociais.
Existem várias
modalidades terapêuticas para o tabagismo. As medidas mais eficientes como em
todo o vício seriam o esclarecimento por profissionais de saúde, escolas e
órgãos sanitários sobre os riscos da dependência.
Com a decisão
tomada de abandonar o vício, o fumante dispõe desde medidas psicoterápicas,
aconselhamento médico, acupuntura, grupos de ajuda compostos de ex-fumantes e
medicamentos que vão atuar minimizando a ansiedade e outros sintomas da fase de
abstinência. Entre os fármacos podem-se
empregar os antidepressivos,
tranqüilizantes e mais modernamente os adesivos cutâneos de nicotina.
Esta nicotina absorvida através da pele
vai atuar diretamente no cérebro saciando o desejo de fumar. Não constitui
medicamento milagroso. Deverá ser usado em doses decrescentes com o objetivo
apenas de auxiliar nos sintomas de irritabilidade e ansiedade comuns no
período de “desmame”do cigarro.
Como se vê, após
a leitura deste artigo , o cigarro faz muito bem à saúde. Obviamente que à saúde contábil das indústrias do tabaco e pessoas que comercializam o cigarro . Estas
sim, desgraças à saúde e vida dos
fumantes, têm a saúde financeira cada vez
melhor .