sábado, 28 de janeiro de 2017

COLESTEROL


Novo tratamento para o colesterol muda a visão a respeito do LDL
O desenvolvimento de medicamentos inibidores da PCSK9 para o tratamento de colesterol alto trouxe lições importantes sobre o LDL (colesterol ruim)
O colesterol é um produto essencial à vida dos animais, incluindo o ser humano, porque é um componente de todas as membranas das células. Praticamente todas as nossas células são capazes de fabricar essa gordura para satisfazer as suas necessidades, e o fígado produz uma quantidade excedente que é exportada via circulação. Cumpriria, assim, a função de abastecer órgãos que necessitam de maiores quantidades de colesterol, porque o utilizam como matéria-prima para a produção de certos hormônios como, por exemplo, os hormônios sexuais.
Para distribuir o colesterol que fabrica, o fígado prepara pacotes de colesterol que também contêm colesterol absorvido a partir da alimentação. Esses pacotes são transportados em uma partícula chamada LDL (LDL é a abreviatura em inglês de partícula lipídica de baixa densidade).
Acontece que o LDL não age como um carteiro que entrega a mercadoria apenas em determinados endereços, atuando mais como um caminhoneiro que se esqueceu de fechar a traseira do veículo. Quando carrega muito colesterol, vai “derramando” a carga pelo percurso. Esse colesterol penetra na parede das artérias e será removido por outra partícula chamada HDL (abreviatura de partícula lipídica de alta densidade), que devolve o colesterol “derramado” para o fígado, no chamado transporte reverso.
Quanto mais colesterol for transportado no LDL, mais colesterol será inapropriadamente “derramado” nas artérias. Como existe o risco de que esse colesterol dê origem a uma lesão (ateroma) que pode causar obstrução do vaso, o LDL colesterol é conhecido como colesterol ruim. Por outro lado, quanto mais colesterol houver no HDL,  significando que mais colesterol foi removido das artérias, menor o risco de desenvolver aterosclerose. Daí o HDL colesterol  ser conhecido como colesterol bom.
Um grande avanço no tratamento da doença cardiovascular aterosclerótica ocorreu com a introdução das estatinas, que são medicamentos que diminuem a produção do colesterol pelo fígado. Com o seu uso disseminado, pudemos assistir a uma queda de 28% da incidência de infarto agudo do miocárdio, em populações de alto risco, como nos portadores de diabetes.
As estatinas permitem uma redução de cerca de 50% nos níveis de LDL colesterol, que pode baixar para valores de cerca de 90 mg%, situação na qual a doença cardiovascular se estabiliza ou progride mais lentamente. Certamente, nesse nível o LDL ainda consegue entregar colesterol suficiente para suprir as necessidades das glândulas que utilizam colesterol como matéria-prima para a produção de hormônios.
O LDL produzida pelo fígado, após promover a entrega de parte do colesterol, retorna ao fígado onde pode ser reabastecida de mais colesterol para uma nova entrega ou ser removida de circulação. A remoção de LDL pelo fígado se faz por meio de uma proteína receptora de LDL. Por sua vez, existe uma proteína denominada PCSK9, que promove a destruição do receptor de LDL.
Em 2003 foram descobertas famílias portadoras de mutações no gene que codifica a PCSK9 que as impediam de produzi-la. Essas famílias têm grande quantidade de receptores de LDL (por falta da proteína que destrói esse receptor) e, portanto, uma grande capacidade de remover LDL da circulação. Nesses indivíduos, os níveis de LDL colesterol eram incrivelmente baixos (cerca de 20 mg%) e a doença cardiovascular aterosclerótica praticamente inexistia.

A indústria farmacêutica apressou-se em desenvolver inibidores da PCSK9 e hoje temos duas medicações já aprovadas, com prioridade, pelos órgãos regulatórios: o Repatha® e o Praluent®.
O desenvolvimento dessas medicações trouxe lições importantes. Elas promovem uma queda acentuada do LDL colesterol de cerca de 65% em relação aos níveis iniciais e parte expressiva dos pacientes atinge níveis inferiores a 50 mg%. O recente estudo GLAGOV mediu a quantidade e o volume dos ateromas existentes nas artérias coronárias de pacientes que receberam o Repatha®, através de visualização direta por ultrassonografia intracoronária. Verificaram ter havido a regressão significativa das lesões em 63% dos pacientes, em apenas dezoito meses. O que pode significar menos cirurgias cardíacas ou stents no futuro.
Outra lição importante diz respeito aos níveis de LDL:  quando são muito baixos, isso não afeta a produção de hormônios, porque os tecidos que usam o colesterol como matéria-prima deixam de utilizar o colesterol do LDL e aumentam a fabricação local de colesterol.
Ou seja, o LDL é um produto tóxico para as artérias e desnecessário para as glândulas; concluímos então que, como para qualquer lixo tóxico, quanto menor seu nível, melhor.


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

TERAPIAS DA ENGANAÇÃO

TERAPIAS ANTIAGING E OUTRAS SEM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
João Joaquim  
É muito louvável, promissora e positiva a decisão do Conselho Regional de Medicina de Goiás(Cremego) em se posicionar e trazer à discussão a temática da medicina da enganação. Esse foi o título de um artigo que escrevi e  fiz publicar no jornal Diário da Manhã e  em minhas páginas na internet.
 Numa  sessão plenária ocorrida em novembro/ 2016, o cremego trouxe o tema à baila, com participação de conselheiros de outros estados e representantes de vários especialidades. Titulares e praticantes de dermatologia, geriatria,  endocrinologia e cirurgia plástica estiveram presentes, dentre outros ramos da medicina.
No mundo e na idade digital em que vivemos trata-se de um absurdo constatar  que ainda sobrevive e prosperam a tal prática da medicina e tantas terapias sem embasamento cientifico. Com os avanços tecnocientíficos que conquistamos se torna inaceitável qualquer procedimento diagnóstico ou terapêutico sem os chamados estudos científicos e ensaios clínicos; pesquisas essas feitas  por pessoas altamente qualificadas, por instituições sérias e tudo aprovado e referendado por comissão de bioética.
Eu considero intolerável que as pessoas sejam expostas, em nossa era da comunicação gratuita e instantânea (redes sociais da internet), às práticas de charlatanismo, curandeirismo e vigarismo no meio médico. E tais práticas tem sido repetitivas no atendimento às pessoas de todas as classes sociais. Todos estão igualmente sujeitos às chamadas terapias do embuste, da enganação, da embromação dos falsos profetas das curas.
Um médico, um cirurgião, um ortopedista que pratica uma medicina sem evidência-científica está agindo como um charlatão, um curandeiro, um mero operador de pessoas. Eu sempre disse e reitero que o charlatão mais nefasto é aquele diplomado, porque ele tem mais regalia e credibilidade em suas práticas. O charlatão ou curandeiro leigo quando muito vai vender alguma terapia  inócua ou de baixo potencial ofensivo. Uma “garrafada”, uma erva, uma infusão vegetal, um emplasto etc. O diplomado, não, este tem a chancela do órgão fiscalizador onde inscrito. Para tanto ele costuma exibir até nas paredes do consultório os diplomas e inscrição dos conselhos que regem , regulamentam e fiscalizam a profissão , é o caso de nosso egrégio e colendo Cremego, a quem todos nós médicos devemos respeito e apoio em seu difícil múnus de normatizar e vigiar a prática da Boa e Ética Medicina. Além de punir,  é o que espera a sociedade, os desvios e ilícitos atos dos maus profissionais. Felizmente são poucos.
Dentre os praticantes da medicina da enganação temos aqueles que cometem fraudes contra o SUS e contra os planos de saúde. Tais falsos profetas da profissão cometem os chamados ilícitos éticos triplamente qualificados. Isto porque eles lesam os colegas da profissão daquele plano de saúde, lesam o próprio plano e os pacientes do seguro.
A plenária temática do CRM-GO “  a prática da terapia antiaging e de outros procedimentos sem evidências científicas” foi muito oportuna e feliz. De minha parte louvo como promissora a preocupação da direção do conselho. Eu sugiro que haja mais do que uma nota técnica, talvez um normativo ou resolução que investigue tais práticas referidas no texto. Que haja expressa vedação ao exercício de tais condutas e “terapias empíricas ou curandeiras” e que seus autores sejam ética ou até civil e penalmente punidos. Janeiro/2017

João Joaquim - médico - articulista DM   www.drjoaojoaquim.blogspot.com - WhatsApp (62)98224-8810


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

PESO chás mitos e ...

Gengibre? Goji Berry? Os mitos das dietas de emagrecimento
Saiba quais alimentos efetivamente podem ajudar na luta contra a balança e as opções sem comprovação científica para a perda de peso
- Dieta - Escolha entre alimentos gordurosos e saudáveis

VERDADES E MITOS  Emagrecem ou não ?
Que atire a primeira pedra quem nunca foi em busca de “novidades” para perder peso. Tão tentadoras quanto perigosas, dietas e suas variáveis parecem surgir a cada instante, assim como alimentos tachados de “milagrosos” no auxílio da luta contra a balança.
Mas o caminho é longo, ainda que muitas pessoas apelem para dietas extremamente restritivas, ou sigam alguma dica da moda, sem saber se ajudam efetivamente na perda de peso.
Por isso, a pedido do site de VEJA, a nutricionista do HCor (Hospital do Coração), Juliana Dantas, esclarece mitos e verdades sobre emagrecimento e aponta os reais benefícios dos alimentos na luta contra a balança. Confira: 

·         1. Chá de hibisco:

Parcialmente verdade: a planta medicinal auxilia a reduzir a retenção de líquido e o inchaço de membros superiores e inferiores, o que pode influenciar na redução do peso corporal. Isso não quer dizer, porém, que o indivíduo emagreceu com o chá de hibisco. O chá reduziu apenas a retenção hídrica. (iStock/Getty Images)
·         2. Chia:

Parcialmente verdade: a chia é rica em fibras, que retarda o esvaziamento gástrico e promove a saciedade. A nutricionista do HCor ressalta que frutas, hortaliças e cereais integrais também são importantes fontes de fibras alimentares. “Por ser um alimento com grande densidade calórica, cerca de 380 calorias por 100 gramas do alimento, seu consumo deve ser moderado”, orienta Juliana. (iStock/Getty Images)
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·         3. Chá verde:

Verdade: o chá possui diversos compostos bioativos que podem auxiliar na redução da gordura e do peso. No entanto, seu consumo deve ser associado à alimentação adequada e saudável, além da prática regular de exercícios físicos. “Não existe um consenso quanto à dose ideal ou sobre como consumi-lo. Há estudos que sugerem que o chá verde deva ser tomado entre as refeições, para não interferir no percentual de absorção dos nutrientes consumidos".  (iStock/Getty Images)
·         4. Frutas cítricas:

Mito: fonte de vitaminas e fibras, as frutas cítricas possuem antioxidantes, como flavonoides, compostos fenólicos, entre outros. “Em relação aos benefícios referentes ao emagrecimento, os estudos existentes ainda são muito limitados. Mais pesquisas são necessárias para obter melhores conclusões". (iStock/Getty Images)
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·         5. Gengibre:

Mito: o gengibre apresenta componentes que poderiam ocasionar aumento da termogênese, ou seja, acelerar o metabolismo. No entanto, são necessários mais estudos para avaliar os reais efeitos do alimento no organismo. (iStock/Getty Images)
·         6. Goji Berry

Mito: a fruta é considerada saudável, pois possui propriedades antioxidantes e imunomoduladores. Embora não haja comprovação científica que relacione o consumo da fruta ao emagrecimento, sua ingestão pode ser feita como parte da alimentação para aqueles que apreciam seu sabor. (iStock/Getty Images)



Religião

RELIGIÃO , a melhor 

“No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos (eu e o Dalai Lama) participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico,lhe perguntei em meu inglês capenga:
-“Santidade, qual é a melhor religião?” (Your holiness, what`s the best religion?)
Esperava que ele dissesse:
“É o budismo tibetano” ou “São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo.”
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos – o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta – e afirmou:
“A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus, do Infinito”.É aquela que te faz melhor.”
Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:
– “O que me faz melhor?”
Respondeu ele:
-“Aquilo que te faz mais compassivo” (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável… Mais ético…
A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião…”
Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irrefutável…
Não me interessa amigo, a tua religião ou mesmo se tem ou não tem religião.
O que realmente importa é a tua conduta perante o teu semelhante, tua família, teu trabalho, tua comunidade, perante o mundo…
Lembremos:
“O Universo é o eco de nossas ações e nossos pensamentos”.
A Lei da Ação e Reação não é exclusiva da Física. Ela está também nas relações humanas. Se eu ajo com o bem, receberei o bem. Se ajo com o mal, receberei o mal.
Aquilo que nossos avós nos disseram é a mais pura verdade: “terás sempre em dobro aquilo que desejares aos outros”.
Para muitos, ser feliz não é questão de destino. É de escolha.
Pense nisso.
Ainda há tempo de mudar!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

HORÁRIO DE VERÃO - CONTRA


O INÓSPITO HORÁRIO DE VERÃO -   JOÃO JOAQUIM 


Nós  trabalhadores, estudantes, pais e mães de alunos estamos obrigados  a viver com as agruras e inóspitos dias do pernóstico, malsinado e mal decretado horário de verão. Se ele terminasse em janeiro , vá lá, mas até fevereiro é um tortura para pais e filhos com o despertar tão cedo e mesmo pessoas que entram no serviço às 7 horas.
Muitas pessoas já afeitas com minha posição irredutível e contrário a essa nociva invenção de nossos digníssimos representantes e governantes perguntam-me, como se adaptar e como se retornar ao horário normal ?  
Basta relembrarmos o seguinte : a natureza dotou os organismos vivos, inclusive as plantas, de um ritmo ou relógio interno. Assim, os seres vivos têm um ciclo de funções que sofrem influência de elementos biológicos e ambientais os mais diversos. Na espécie humana, várias funções biológicas, como sono, temperatura corporal, síntese e liberação de hormônios, são constantes e repetitivas num período chamado circadiano (circa dien, cerca de um dia). A temperatura corporal e o cortisol, por exemplo, se elevam antes de o indivíduo acordar. Muitas enzimas digestivas são ativadas nos horários habituais das refeições.

A sincronização e regularidade de muitas funções dão ao ser humano uma referência de tempo e horário, mesmo sem o relógio de pulso. Isto se processa através do relógio biológico interno. Por que somos assim, não se sabe. O que sabemos é que a interferência, a quebra destes ritmos tem profunda e negativa influência na saúde e qualidade de vida, das pessoas, de qualquer ser vivente.   O funcionamento, a coordenação e interdependência destes ritmos têm participação de estímulos endógenos (do próprio organismo) e meio ambiente (luz solar, período claro/escuro, hora de adormecer e acordar).

            O primeiro experimento científico sobre estes fatores internos e externos foi empreendido pelo astrônomo francês D'Ortous de Mairan. Este cientista isolou uma planta heliotrópica, a mesma da espécie de nossa conhecida onze-horas da incidência de qualquer luz solar. Para grande surpresa do cientista, essa belíssima planta herbácea manteve a mesma periodicidade de abrir e fechar as folhas e desabrochar as flores, sempre no mesmo horário (11 horas), mostrando que, apesar de ao abrigo da luz (escuro), tinha um estímulo interno (relógio endógeno) responsável por seu comportamento que se repetia sempre no mesmo horário.

             Os pesquisadores Aschoff e Weber, utilizando voluntários humanos isolados em cavernas, documentaram que essas pessoas resistiam por vários dias e mantinham quase inalterados os ritmos de secreção hormonal e outros parâmetros fisiológicos. Todavia, concluíram que a privação prolongada da luz natural, a inversão do ciclo dia/noite, como no horário de verão, gerava marcantes mudanças fisiológicas com um amplo espectro de efeitos, de elevada morbidade, interferência na saúde, quebra da homeostase (equilíbrio e interação orgânica interna), ou seja, com muitos reflexos negativos na qualidade de vida.
Todos sabemos que muitos fenômenos naturais, como tempestades, enchentes, secas prolongadas, tufões, terremotos, trazem enormes impactos ecológicos, à segurança e bem-estar das pessoas. São acidentes meteorológicos naturais inevitáveis, contra os quais nada se pode fazer.

              Inaceitável e condenável por qualquer pessoa de bem e usuária dos códigos do bom senso é assistir repetidamente  que nossos governantes insistem com medidas tão contrárias à fisiologia e bem estar das pessoas.