sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Saúde. Patrimõnio


 A SAÚDE É NOSSO MELHOR PATRIMÔNIO
João Joaquim  


Quando se fala em patrimônio, vem logo à mente de qualquer pessoa a ideia de riqueza, de bens e dinheiro. De fato não está de todo falseado. Na origem a palavra tem o significado de herança dos pais. De Pater+ Monius (de pai+estado ou condição, num sentido abstrato). No princípio, na história da humanidade, o termo tinha este significado, todos os bens, apólices, direitos deixados de pai para os filhos. Com o tempo, a semântica alargou o sentido da palavra.
Bem pensado, poderia  dividir o patrimônio em duas categorias. Um patrimônio material constituído  de bens materiais e dinheiro  em espécie ou creditado em bancos. E um patrimônio imaterial (em sentido abstrato). Se perguntássemos a várias pessoas qual o melhor patrimônio imaterial que elas prefeririam, certamente que as respostas seriam as mais díspares . Alguns exemplos: uma sólida formação cultural e acadêmica, uma denominada titulação profissional, fama e celebridade, uma habilidade nessa e noutra arte, talento num determinado esporte, um relacionamento afetivo e conjugal feliz. Entre outras possibilidades.
O aqui modesto e noviço escritor tem também sua preferência pessoal, e dela discorrerá neste artigo. Considero a saúde como um dos maiores patrimônios abstratos que possa ter a pessoa. Para tanto, vamos iniciar pela noção de saúde. Definição ampliada conforme OMS- Organização Mundial de Saúde. Saúde é o pleno bem estar físico, mental, social, emocional e afetivo.
Para melhor compreensão, vamos simplificar esses estados à luz das ciências médicas atuais, era da hipermodernidade ou época digital. A medicina preventiva e curativa de hoje tem plenas condições de promover profilaxia e cura para muitas doenças incuráveis, incapacitantes e de alta mortalidade,  se estivéssemos  no início do século XX. Como exemplo desses avanços as vacinas e soros para muitas doenças infeciosas. Sarampo, varíola, poliomielite e tuberculose como modelos. Sarampo e varíola estão extintas, poliomielite em vias de Sê-lo, tuberculose plenamente curável e sem deixar sequelas .
Na saúde física, ainda que o indivíduo seja portador de uma doença crônica e incurável, tem-se a solução com  uma boa qualidade de vida. Nesse rol de doenças crônicas  temos a hipertensão arterial, o diabetes mellitus, a asma, as cardiopatias, os aneurismas cerebrais, as arteriopatias periféricas, as hepatites, etc.
Mesmo quando o indivíduo é vítima de uma emergência como um infarto do miocárdio, um derrame cerebral ou uma grave lesão acidental. A medicina cirúrgica dispõe de técnicas refinadas e prontas respostas na cura das pessoas. Com total  reabilitação do paciente para sua vida social e profissional e  o mínimo ou ausência de sequelas.
Saúde mental. As muito doenças mentais crônicas e incuráveis têm pleno controle através de psicoterapia e psicotrópicos. São os casos das esquizofrenias e do transtorno bipolar. Os psicofármacos para esses diagnósticos têm eficácia plena e torna o paciente apto ao convívio social e ao trabalho. As especialidades médicas representadas pela neuropsiquiatria, pela psicanálise, pela  psicologia oferecem múltiplas opções terapêuticas para doenças psíquicas que afetam um percentual enorme de pessoas. Temos como exemplos os transtornos de ansiedade, a depressão e muitos outros distúrbios do convívio e das  relações humanas.
Dentro do conceito de saúde emocional e afetiva existe uma lista imensa de possibilidades. Basta imaginar o quanto a pessoa humana é susceptível de adoecer através das conexões psíquicas, emocionais e afetivas. Nesse campo de abrangência muitas são as formas de adoecimento do indivíduo. São as múltiplas possibilidades das relações intersociais. Pais e filhos, namorados, conjugais, interprofissionais, nas organizações de empresas, patrões e funcionários, entre outras. Nessas soluções entram as terapias de família, a constelação familiar, a psicopedagogia, a psicologia do trabalho, a gestão humanizada na área de recursos humanos.
Por fim o conceito de saúde social e até saúde religiosa, obviamente para aqueles que creem em Deus, caso professem alguma religião ou doutrina. E mesmo para os que se intitulam ateus ou agnósticos, se esses encontram um outro sentido sobrenatural para além da vida terrena e biológica. Em termos práticos e resumido quais os requisitos fundamentais para uma saúde plena, física e mental ?
- Moradia digna. Isso significa ter um abrigo, de preferência casa própria, que seja também uma residência com todas as condições sanitárias porque uma construção insalubre vai  igualmente adoecer os seus habitantes.
- Transporte seguro e confortável, seja em veículo próprio ou coletivo.
- Alimentação saudável e qualitativamente correta. Que o indivíduo tenha ao menos 4 refeições ao dia. Atenção! -  alimentar bem não significa ingestão de muito alimento. O mais saudável é o critério qualidade.
- Trabalho digno e remuneração justa. Isto implica condições sanitárias e seguras no ambiente de trabalho; e que as relações de trabalho sejam as mais respeitosas e humanizadas.
 A perda de qualidade nesses principais setores da vida, torna a pessoa susceptível de adoecer. Não são apenas as danos físicos e orgânicos. Entram nesse cardápio as doenças psicossomáticos. A frustração, a insegurança, a insônia, as angústias do cotidiano levam o indivíduo a adoecer também do soma, do corpo e órgãos internos . É como se fosse a janela da alma. Através da mente e das emoções todo o corpo físico se torna sensível e pode adoecer. São exemplos as dores crônicas, as gastrites, a hipertensão arterial, as arritmias, as insônias , as úlceras gástricas , e até o infarto, o derrame cerebral e morte súbita prematura.  Dezembro/2018.    


João Joaquim - médico - articulista DM   facebook/ joão joaquim de oliveira  www.drjoaojoaquim.blogspot.com - WhatsApp (62)98224-8810



quinta-feira, 2 de agosto de 2018

DRS BUMBUNS


POR QUE SE MORRE TANTO EM  CIRURGIAS PLÁSTICAS E ESTÉTICAS ?
João Joaquim 



Uma vez mais, o Brasil e o mundo, puderam assistir e constatar o quanto a aparência sobrepaira e supera a essência que deveria imperar ao lado da existência. Nesse sentido estão por aí todas as ofertas de estética, de cosmética, de plásticas, de tanta coisa sintética que foi-se parar no lixo a esquecida deontologia e mesmo morrer  qualquer diretriz ética. As rimas vieram de forma casual. 
Paralelamente a tamanho descalabro de império das aparências, vieram a lume outras questões por demais encontradiças do Brasil contemporâneo. Qual é a diferença entre o que é legal, o que é lícito e ético em nosso país?  Existe uma sigla PQD que encerra uma pergunta emblemática para nortear as ações humanas em sociedade. Será que tudo que eu posso e quero eu devo fazer(Posso-Quero- Devo ?).  Tal instigante questão nos reporta ao Eclesiastes que nos adverte: tudo me é lícito, mas nem tudo me convém.
O caso modelo do mês  refere-se a mulher que insatisfeita com suas nádegas (glúteos) procurou um cirurgião plástico sem as necessárias credenciais e qualificação para tal procedimento. Ato contínuo, e sem as necessárias cautelas da paciente, o procedimento se deu na própria residência do profissional, bairro da Tijuca RJ. Houve complicações e a mulher veio a falecer. Pior que isso, no caudal de tamanho escândalo e desmedida insensatez vieram outros casos ao conhecimento público das autoridades, que agora estão a investigar tais ilícitos e criminais atuações profissionais pelo Brasil a fora .
Eis que então várias perguntas foram trazidas a público.
 Do lado da falecida. Como uma mulher, na madureza da vida, tida e havida como bem informada, se deixa ser operada, com um procedimento altamente invasivo, com injeção corporal de substância de alto poder de cair em vasos , e com isso provocar embolias de toda ordem, emergência essa das mais letais , por um profissional charlatão? O produto em questão foi o polimetilmetacrilato – pmma .
Pior do que charlatão, em um cenário não hospitalar, sem as elementares condições assépticas e de assistência emergencial na hipótese de complicações no curso transoperatório.
Basta lembrar que qualquer procedimento que envolve sedação, analgesia e anestesia tem o potencial de complicações. Entre essas, de maior frequência, têm-se a hipóxia, a convulsão, a hipertensão ou hipotensão arterial, as arritmias cardíacas, as tromboses, infarto do miocárdio e embolias. Todas de alto risco de morte súbita ou tardia em uma UTI; quem sobrevive pode portar sequelas pelo resto da vida .
Do lado do profissional -Como um sujeito que se diz médico, propõe a fazer um procedimento invasivo, em sua própria residência, sem os meios de monitoração das condições vitais e aparelhos de assistência emergencial, em caso de uma complicação perioperatória, que coloque em risco a vida do paciente?
Do ponto de vista ético e técnico e científico é no mínimo um sujeito abestalhado, aventureiro e irresponsável. São requintados erros de imprudência, negligência e imperícia médica. Conforme vem noticiando a imprensa, o infausto profissional da vez tem no curriculum vitae, um histórico de erros médicos, processos ético-profissionais, suspensão  do exercício profissional e até participação em homicídio. Como noticiado, o dito-cujo profissional tinha registros nos conselhos de medicina de GO, do DF e RJ. Como tais disparates são aceitáveis? No Brasil pode.
Do lado do conselho profissional (CRM);  como se permite ao auto intitulado médico, com uma folha corrida eivada de malfeitos, continuar no seu múnus de cuidar da saúde, das doenças, da vaidade e vida das pessoas?
Onde está consignado na cartilha do código de ética médica que um profissional com tais qualificadoras possa continuar exercendo um ofício tão nobre? Qual seja, o de promover a saúde, o bem estar, a vida e a felicidade das pessoas.
E por fim, Do lado da justiça. Como bem o expressa, a Justiça (com J maiúsculo) existe para fazer justiça. Simbolicamente, a deusa Témis, da mitologia grega, traz consigo uma balança (equilíbrio) e uma venda nos olhos. Por que de tais adereços? Julgar com equilíbrio e sem um juízo dos olhos, sem olhar a quem está aplicando justiça. Para esses objetivos em que se baseiam os operadores de justiça?
Em indícios, em relatos de testemunhas, em provas concretas de documentos, fatos, perícias. Como compreender, assimilar, aceitar a decisão de um magistrado que ante todas as provas de imprudência, imperícia e negligência libere um profissional médico para o exercício profissional? Tal natureza de decisão tem sido um fato recorrente em nosso país. Um médico comete lá um determinado ilícito, um grave erro no atendimento a um paciente, ele é suspenso do exercício profissional, vem uma liminar judicial com a permissão ao referido investigado o cassado profissional  a que volte a atuar em sua especialidade.
Por isso ficam aqui essas inquirições que nos inquietam, o que é ética, o que é lícito e legal neste país?
No caso líquido e concreto em foco dos erros médicos ficam aqui algumas diretrizes. Médico se equipa a muitas outras profissões. A um ourives, a um sapateiro, a um advogado ou jornalista. Assim como há os rábulas e chicaneiros na advocacia, há os charlatões da saúde. Já disse em outros artigos que o pior charlatão em saúde é aquele que faz uma faculdade e tem diploma. Com o diploma, o indivíduo tem autorização ética (conselho de medicina por exemplo) e legal para fazer o bem ou o mal . No Brasil com mais uma esquisitice vigente. Qualquer médico pode fazer procedimento de qualquer especialidade. Os conselhos de medicina e a lei assim o permitem. Não deveria ser. Mas é assim em nosso pais.
Então a melhor segurança é: observar o histórico do profissional na comunidade onde ele atende. Se informar sobre os pacientes por ele atendidos. E mais importante, se informar no conselho de medicina e na sociedade da especialidade. Com esses dados em mente se torna muito mais seguro passar por qualquer procedimento cirúrgico ou invasivo. E importantíssimo, fazer  exame pré operatório com um Cardiologista, além dos hematológicos indispensáveis para o procedimento.   Agosto/2018.  

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sexta-feira, 30 de março de 2018

Saúde e Religião

 A RELIGIÃO TAMBÉM ALIVIA E CURA NOSSAS DORES
João Joaquim  


A ciência, como aceitação consensual,  se demonstra com matemática, com lógica, com dados concretos, com experimentos, com ensaios, com física, com a química. Enfim com provas universais bem incontestáveis. A medicina é um campo profissional que se vale dos muitos braços científicos. Ela se vale por exemplo da biologia, da química, da física, etc. Todavia, ela não é estanque, nem está vedada à influência de outras áreas do conhecimento e abstração humana, à sociologia, à filosofia e religiosidade. 
Todos esses segmentos da sabedoria, do pensamento e da prática humana, podem e devem fazer parte da estratégia e das diretrizes  terapêuticas e enfrentamento das doenças; tudo a serviço do bem estar, da saúde e da vida humana.
No reforço e defesa dessas premissas basta lembrar que muitas  afecções de origem puramente orgânica terão um componente emocional adicional. Inversamente, muitos transtornos psíquicos na origem (ansiedade, depressão) terão graves repercussões somáticas e físicas ( doença psicossomática). Trata-se do princípio basilar do que seja doença psicossomática. É a emoção ou a alma como porta para muitas das dores e do sofrimento do corpo
, do soma, de nossa fisiologia e economia orgânica.
Uma questão que muitos veem com ceticismo e incredulidade em medicina refere-se ao papel da religião ou religiosidade. O papel da terapia espiritual. Em minha já longa trajetória de médico, já participei de muitos congressos, conferências e simpósios. Nas poucas vezes em que se abordou o papel da fé e da religiosidade do paciente em tratamento tal matéria foi vista com um certo desdém e desprezo .
Tal constatação se mostrou presente não apenas nos ouvintes, mas até mesmo com superficialidade e sem convicção ou entusiasmo dos que conduziram os experimentos ( os pesquisadores condutores do estudo).
Independentemente da crença, religião, fé ou mesmo do  ateísmo da pessoa, o que importa é que somos constituídos de uma dualidade corpo e alma ou corpo e mente. E mente aqui deve ser lida também como a nossa psique, as nossas emoções, nossa capacidade dos mais complexos e variados sentimentos (amor, amizade, afeto, fraternidade, ódio, antipatia, inimizade, egoísmo e vingança). 
Diferente dos irracionais temos racionalidade e memória. Temos a capacidade de ver, ouvir, presenciar fatos e ações e guardar tudo em nossa consciência e na memória. Esse tão nobre atributo dos homens por um lado,  muito ruim por outro porque  pode voltar contra o próprio portador, trazendo-lhe recalques, sentimento de culpa, de  raiva, medo , dor e sofrimento de toda ordem.  
Como referido na introdução Ciência se fundamenta em dados lógicos, concretos e matemáticos. Religião se baseia em intuição e fé . O que há  de consensual é que o organismo humano tem de fato um componente físico (mensurável, palpável) e uma esfera imaterial, intangível, composta do psiquismo, de uma consciência, emoções, a que se pode também nominar de alma. Essa aceitação independe de religião, de fé , de filosofia contrária a essas concepções. Há filósofos ateus e aqueles em profunda conexão com o sagrado, com Deus.
O certo é que o homem (gênero) é o seu corpo (soma) aliado a todos os seus sentimentos, crenças, fé e suas concepções de mundo, de Deus e de todas as coisas que o cercam. Partindo então desses postulados, como imaginar então a pessoa desconectada de todos esses componentes? Quase impossível .
Imaginando as partes interligadas tem-se então que se uma pessoa  adoece, todo o resto será acometido na proporção de sua susceptibilidade e  de sua resistência. Diante das doenças, todos, rigorosamente todos, nos tornamos criaturas frágeis, vulneráveis ; e nessa hora precisamos do cuidado de outrem, das energias emanadas em nosso favor, venham de onde vier.
E a fé inclusive, pode ser essa última energia a nos revigorar e superar o inimigo psíquico ou orgânico( a depressão e a dor física , por exemplo), a doença que teima em romper esse tênue fio que nos segura, a vida.
Para o bem daqueles comtemplados com tais experiências e iniciativas vêm surgindo grupos de estudos e especialidades médicas dedicadas ao emprego de práticas e atitudes religiosas na cura das pessoas. São condutas estimuladas sem nenhuma discriminação de religião. O que importa aqui é religiosidade.
A fé ou firme convicção de que há um ser maior, um criador acima de toda inteligência e engenho humano. O papel da religião aqui, pode ser praticado inclusive por pessoas leigas, por um pastor, um evangelista que atuará com suas orações, suas intercessões. Esse expediente e prática serão adicionais e  aliados  a toda terapia convencional médica ou psicológica seguida pelo paciente.
Abstraindo-se da questão e vocações de fé e religiosidade. De há muito que se conhecem os nexos causais entre transtornos psicológicos e danos físicos. Conceito de doença psicossomática. Muitas são as doenças que na origem tem um transtorno emocional. Como exemplos, a obesidade, a síndrome metabólica, as gastrites, a síndrome do intestino irritável, a asma, as doenças de pele, a enxaqueca, a fibromialgia, a psoríase, os reumatismos.
Pra ficar em exemplos bem concretos: o indivíduo mal resolvido espiritual ou emocionalmente terá descargas intermitentes de adrenalina, insulina e corticosteroides (suprarrenal). Com tudo alterado o paciente  terá resultados negativos : ganho de peso, insônia, mais depressão, diabetes, mais colesterol, mais pressão alta; assim , mais riscos de morte cardiovascular.
Enfim, e num conceito mais estendido, saúde é um completo  bem-estar físico, social, econômico, ambiental, afetivo, psíquico e religioso. Numa frase para os médicos, para os  terapeutas e pacientes “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”  (Fernando Pessoa)      março/2018


TI e doenças mentais

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DOENÇAS MENTAIS
João Joaquim 


Eu não sou psicanalista nem psiquiatra por formação, sou apenas por informação. Por isso e por direito sinto-me livre para opinar sobre o tema da área de outros profissionais e ensaístas. A minha reflexão de hoje vai para a probabilidade existencial , ou da relação entre tecnologia da informação (TI) e doenças mentais. 

Para melhor contexto, TI se entende por todos os recursos, meios e objetos de conexão com a internet e redes sociais. Assim têm-se do tradicional computador de mesa ao smartphone, iphone,  tablets  e ipads. Entendido também que tais aparelhos podem ser usados, sem estar conectados com a internet, como na execução de áudios e vídeos.
O uso massivo da internet no Brasil tem cerca de duas décadas. O mesmo tempo  também para o telefone celular e as mídias digitais. Em que pesem ser conquistas recentes, já se conhecem estudos conclusivos das consequências do emprego abusivo e imoderado dessas tecnologias. Há por exemplo na USP e Unifesp( universidades do estado de São Paulo) grupos de profissionais (psicólogos e psiquiatras) dedicados aos efeitos e consequências da chamada dependência da conexão ou web dependência. O mecanismo desse “vicio tecnológico “se assemelha ao vício da dependência química (adicção). Como são os adictos de nicotina, da cocaína, do álcool e muitas outras substancias licitas e ilícitas.
O mecanismo dessa forte aliança do usuário com sua mídia (smartphone, celular) se dá na área cerebral. Nas mesmas sinapses e neurônios da dependência química. Assim , essas áreas cerebrais vão insidiosamente, cronicamente, sendo adestradas, condicionadas e treinadas a funcionar “melhor” ou “pior” tendo esses recursos e mídias à disposição, o adicto das mídias não consegue mais viver independente dos objetos em estado online. 
Um dos efeitos bem característico da adição tecnológica é a fobia da desconexão com a internet, telefone celular e das mídias digitais. Nomofobia é a fobia dessa desconexão , O vício no sistema de recompensa de redes sociais – como os likes de facebook, retuítes, views em vídeo de youtube, e ‘corações’ no Instagram – também pode ser um fator que contribui na dependência, pois é uma forma de obter pequenos prazeres psicológicos de forma fácil e rápida. 
Essa fobia da desconexão é na verdade um corolário de outro grave distúrbio da dependência, o transtorno de ansiedade. É uma angústia ou ansiedade pela necessidade do porte permanente de um instrumento de mídia conectado (online) com a internet  e suas populares redes sociais, facebook, WhatsApp, etc.
Como referido, embora de conhecimento recente, já se sabe dos danos psíquicos e na saúde mental que essa dependência traz aos usuários com esse perfil. E cada vez mais tais questões deverão merecer mais atuação, cuidados de pais, de educadores e profissionais e pesquisadores da matéria. Uma última questão de porte igualmente grave se refere às doenças psiquiátricas mais especificas. Como são os casos das esquizofrenias, do transtorno bipolar e a intitulada personalidade psicopática.
Até então a gênese da maioria das doenças psiquiátricas é desconhecida. O entendimento da psique humana ainda tem muitas incógnitas. Se a normalidade já é de difícil compreensão, imagine então a patologia das doenças mentais, um labirinto sem começo e sem saída. Fazendo um paralelo entre as doenças mentais e as orgânicas. Para muitas doenças cardiovasculares e degenerativas como o câncer existem os chamados fatores de risco. Como exemplo, o tabagismo, o alcoolismo e a obesidade que aumentam a prevalência destas doenças.
De forma análoga quando se fala em psicopatias aventa-se a teoria dos gatilhos. Seria um fator social, ambiental, cultural, comportamental ou químico que propiciasse o surgimento de uma doença psiquiátrica em um individuo com essa predisposição constitucional e genética. Em suposição de que minha mente ou psique  continua normal, invadem-me esta inquietação e esta interrogação. Não estaria o emprego abusivo das tecnologias da informação funcionando como gatilhos para muitas enfermidades mentais?
Com a palavra os especialistas e estudiosos do assunto. Se tanto, deixo outra tese igualmente relevante. Muitos são os casos de bullying virtual (ciberbullying), de suicídios (vide jogo da baleia), de homicídios e atentados. Vários são os relatos, registros e documentos de que os autores de tais crimes e atentados se inspiravam em episódios semelhantes e registrados na internet.
Assim se pode concluir que no mínimo o uso irracional, nocivo e delituoso da tecnologia da informação propicia a que surjam essas crises psicóticas, como primeira manifestação, nesses doentes mentais . E eles  Cometam crimes os mais bárbaros aqui pelo Brasil e pelo mundo.   Março /2108


terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Felicidade

A FELICIDADE IMPOSSÍVEL   SEM  TRABALHO E SEM ESFORÇO

João Joaquim 


Desde sempre, na mente humana,  houve projetos, desejos e sonhos que se tornaram a ordem do dia. Os termos podem variar, mas no final com o mesmo significado. Se fossem designados em uma palavra, esta palavra seria a felicidade. Tanto que ela passou a ser uma expressão do bem extremo que queremos a quem tanto amamos e temos em nossa mais alta estima.
E tem plena razão todos que buscam esse estado físico e de alma. A felicidade é um fim em si mesma, é o objetivo último e máximo do gênero humano em sua existência. Ninguém em sã e lúcida consciência, em  higidez mental e psíquica vai querer um mínimo de sofrimento ou dor que seja. Se assim o faz é porque padece de algum distúrbio de saúde mental, dano  patológico,  e portanto ,  precisa de algum ajuste terapêutico no campo psíquico , psicanalítico ou até medicamentoso.
Ser feliz . Este tem sido o desiderato de todos em sua humana lida. Mas seria tal estado orgânico e de alma possível? Para aqueles adeptos do determinismo, do existencialismo, tal projeto e desejo seriam inatingíveis. Todos estão predestinados a algum sofrimento, diriam os deterministas e existencialistas. Mas, eu rebato essa tese, e temos que , sim, buscar os caminhos da felicidade.
A vida se faz, se principia, se brota, se vem à luz do mundo entremeada já com um pouco de dor, choro e início de sofrimento. Disso ninguém discorda. Tomemos a vida humana a partir da fase fetal. Esse feto, ainda que em plena higidez física, nos primórdios de sua interação com a mãe e com o meio externo receberá e sentirá os estímulos nocivos e estressores, tanto exteriores quanto aqueles sofridos pela mãe.
O ventre, o útero e placenta não são garantias nem imunidade contra injúrias externas, tanto de agentes físicos quanto  imunes e biológicos . O feto pode adoecer! Tanto que anda em voga a chamada Medicina Fetal. Especialidade que monitora ,  diagnostica e trata as anomalias do feto.  Hoje, se faz até cirurgia fetal.
Com a maturidade plena do feto, vem o período expulsivo ou do trabalho de parto. Pode-se considerar o maior trauma da vida humana. Para tanto a natureza com seus indecifráveis mistérios criou um estado fisiológico chamado amnésia. Ninguém vai se lembrar desse primeiro grande trauma, desse “doloroso transe”  que é o nascimento.

Para tanto sofrimento bastaria imaginar o trabalho de parto de um adulto. Fosse possível, em grandes dimensões, regredir um adulto ao ambiente uterino e ele lutar 10 horas para voltar à luz. Quanto suplício e sequelas psíquicas. Que fique só na imaginação, de preferência com amnésia absoluta desse “sofrimento angustioso”.
Vieram os avanços tecnocientíficos, no mesmo passo as ciências médicas. Dentre essas o aprimoramento da analgesia e da anestesia. Hoje campeiam os partos cesarianos, porque se fazem com uso de analgesia e anestesia. Pena que abrevia-se o trabalho de parto sem dor para a mãe. Mas,  para o nascituro( futuro recém-nascido) o mesmo trauma. O mesmo sofrimento, a perda da proteção da barriga da mamãe  e do  aconchego uterino. Parece um descaso e injustiça da natureza  com o feto. Mas, é a lei, são os mistérios da vida.
Há diversos estudos na área de obstetrícia e neonatologia provando que o parto natural e espontâneo é muito muito saudável para a criança e mesmo para a mãe. Evitam-se com isto um trauma cirúrgico, o uso de vários fármacos na anestesia que têm os efeitos colaterais para a  mãe e feto.
As evidências são de que o esforço e esse sofrimento impostos ao feto para nascer têm efeitos saudáveis nessa transição da vida uterina para o mundo externo. É a passagem da circulação fetal e dependência placentária para a respiração pulmonar e circulação no modo adulto. Todo esse trânsito dolorido e árduo do chamado trabalho de parto é nada mais do que o primeiro ensinamento da natureza de que a vida humana tem como finalidade última e máxima a felicidade. Mas, a vida e a felicidade não têm isenção absoluta de alguma forma e grau de sofrimento, de esforço, de trauma  e de trabalho.
Trazendo esse objetivo e perene busca da felicidade a que todos se dedicam para o contexto de nossos dias, para as novas gerações, para a civilização moderna, munida de internet, redes sociais e tecnologias de informação, do mundo digitalizado.
O século XXI tem se caracterizado por intenso debate e avanços sociais no que se refere às liberdades individuais, garantias as mais amplas de direitos humanos e novas diretrizes na educação. Entre essas novas normas de liberdade e educação têm-se como exemplos a proibição de reprovação escolar e a lei da palmada.
Em outros termos, o aluno mesmo com nota abaixo de 5(50%) tem que pular de série. Não interessa se ele aprendeu o suficiente na série anterior ou não. É proibido reprovar. Lei da palmada: os filhos além de ser criados sem limites ou castigos não podem receber o menor constrangimento físico, a exemplo de uma palmada ou chinelada.
Tomo de empréstimo as palavras da Psicóloga Virgínia Suassuna: “ os chamados psicotapas” , tão úteis das avós das gerações digitais. Até esses estão proibidos pelos novos legisladores, pelas novas diretrizes dos modernos educadores. São novos tempos.
Os pais e famílias dessas novas gerações têm embarcado nessa nova pedagogia e nessas novas diretrizes educacionais. Tudo pode , “ é proibido proibir”  !
Os adolescentes e jovens dessa nossa intitulada sociedade moderna e digital estão sendo criados, formados e protegidos de qualquer esforço, de qualquer sacrifício ou trabalho. Nenhum filho pode cooperar ou se empenhar no seu próprio sustento. O roteiro dos chamados pais modernos tem sido este para os filhos: é proibido sofrer, se esforçar ou trabalhar. Zero dor, zero sofrimento, inclusive o esforço psíquico, a  frustração, o insucesso na busca do prazer, da satisfação dos órgãos sensitivos. 
Para isso, foram sintetizados os ansiolíticos, os antidepressivos, os psicotrópicos de toda ordem. Até os medicamentos que ajudam no rendimento intelectual, no raciocínio , no pensamento lógico. O ato de pensar, calcular, criar se tornou algo torturante. De preferência que todo conhecimento, todo saber  já venham prontos e pensados por outros.
Talvez o resultado dessa nova ordem de vida sejam mais depressão, mais ansiedade, mais suicídios, incapacidade de lidar com as críticas (bullying), mais dependência de psicotrópicos, de psicoterapias e até drogas ilícitas.
Infelicidade na sua forma mais pura.  É a vida sem esforço e sem os sofrimentos, os mínimos que sejam!  -        Janeiro /2018

Talentos


O BRASIL ESTÁ PERDENDO OS SEUS TALENTOS E CIENTISTAS

É preocupante ! É muito preocupante a crise que se abate  em uma linha de produção e fabricação em nosso País. Não se trata aqui de  uma produção  industrial convencional . Trago à tona a grave questão da geração de ciência, de talentos, de cientistas e de conhecimento que vem se declinando a olhos vistos.

Uma mostra contundente de tão grave crise se vê na redução do orçamento para tudo quanto é órgão destinado a essa tão significativa produção , e mais , dos investimentos minguados nas universidades públicas ,no desprestígio à  produção de pesquisas e trabalhos científicos. Outro setor que atesta tão preocupante e triste realidade é o próprio Ministério de Ciência e Tecnologia com o seu igualmente reduzido investimento aprovado pelo governo.
  
Ou em outras palavras, para ser mais incisivo, não bastasse as outras crises, temos agora mais essa, a crise em duas palavras, da Ciência e da Tecnologia. Na verdade as outras crises são tão drásticas e dantescas que engoliram a que está aqui em discussão. Só para registrar para a história do Brasil, tais crises maiores, de momento, e do mundo todo sabidas são a política, a ética, a administrativa, a jurídica e de segurança pública etc. É muita ingerência e desgoverno para um momento só, para um país de dimensões continentais como o nosso. Há uma relação linear com o tamanho do país, mas não precisava tanto.
Por que a nossa crise de ciência e tecnologia nos traz preocupação e incertezas? Basta que se faça esta valorização: a produção de ciência e tecnologia é o maior investimento que um país, uma pessoa, ou uma sociedade podem fazer. É um patrimônio imaterial que logo resultará na maior fábrica de bens e serviços de uma nação para o seu povo, para as pessoas. Estamos perdendo pari passu esse PIB, esse produto interno bruto , em Ciências, talentos e conhecimento.

São visíveis e constatáveis os dados de descaso dos últimos governos (Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer) com o ensino, com a educação em todos os ciclos, com as universidades, com o patrocínio e verbas públicas para os programas de trabalhos científicos. A negligência e desprezo das políticas do ministério de ciência e tecnologia chegaram a um ponto de crise que muitos trabalhos e pesquisas estão sendo interrompidos por falta de quase tudo:  de  material, de instrumentos, de pagamentos a funcionários, de bolsistas e dos pesquisadores.

Outros sinais e provas dessa lenta tragédia têm sido vistos nas universidades públicas. A maioria encontra-se sucateada, com estrutura física e laboratórios de ensino ultrapassados e sem manutenção. E aqui entra uma outra grave questão que é a má gestão dessas instituições, entidades essas com todas as suas dependências, com todos os instrumentos de ensino e treinamento destinados aos professores, alunos e estagiários. E nesse estado de coisas (ou crises) tem-se um item muito sensível e delicado que é a indigna e injusta remuneração aos docentes. Cada vez mais os professores e pesquisadores se veem desestimulados em suas funções por essas duas razões fundamentais: condições precárias de trabalho e baixa percepção salarial. Só de entusiasmo, vocação e idealismo não se vivem os pesquisadores. Todos têm famílias e dívidas a quitar.

Por último como demonstrativos mais ostensivos da crise de produção científica e de cientistas em nosso país têm sido as levas de estudantes, de estagiários e pesquisadores em busca de oportunidades em outros países. Um bom exemplo nesse sentido tem sido Portugal. Esse país tem facilitado cada vez mais a chegada de imigrantes do Brasil que buscam trabalho, empreendedorismo, universidades e formação tecnocientífica. Uma boa notícia nesse sentido é que aquele país vem aceitando alunos com boa nota de nosso exame nacional de ensino médio-ENEM, para ingresso nas universidades portuguesas. Trata-se de um ótimo aceno para os jovens que , frente a tudo de ruim e pior que se vive aqui buscam a sorte em países do velho continente.

O triste e melancólico com o estado de crises porque passa o Brasil é que o país aos poucos vai perdendo esse singular e intransferível patrimônio, que é a inteligência brasileira. E ela existe em grande escala, em todos os rincões de nosso território. Corremos o risco de um dia termos que importar nossos talentos de volta, para nos assistir em muitos ramos das Ciências e Tecnologia. Que triste, não ?  Janeiro/ 2018

Insalubridade

Nossa crônica Insalubridade Básica
João Joaquim 

O que fazer com nossos excrementos e secreções orgânicas ?  . Nosso cocô, nosso xixi podem ser fontes de energia ( elétrica , biogás) e até , acreditem, de proteínas. Bastam para tanto ter tecnologia e profissionais habilitados. Como é feito na Inglaterra e Estados Unidos.
Eu me inspirei para escrever este texto quando estava, agorinha há pouco, bem confortável, em meu wc. Para as gerações mais jovens eu traduzo, wc é a sigla para water closet, um anglicismo, entre milhares, que se incrustaram em nosso idioma. O nosso banheiro ou sanitário em Portugal é chamado casa de banho; na Grã-Bretanha recebe o simpático apelido de water closet (wc).
No caso aqui em discussão o banheiro entrou como um mote. Trago à baila a grave e muitas vezes esquecida questão de saneamento. Quando se fala em saúde pública ele é tão significativo que recebe o adjetivo básico.
E básico, como sugere o termo, porque deveria ser prioritário, fundamental e preocupação primeira de cada governante, de todas as esferas político-administrativas desse país. Ou seja, de prefeitos, governadores e presidente da república. Não é!
Vamos pegar como piloto, em tão sensível questão, a cidade do Rio de Janeiro. Afinal, ela é nossa capital turística, visitada por turistas e delegações do mundo inteiro. Ali tivemos a copa de futebol FIFA 2014, e as olimpíadas- COI 2016. Foram bilhões de investimentos em marketing, estradas, estádios, arenas de esportes, ginásios, vila olímpica entre outras obras de infraestrutura. Os investimentos em saneamento básico foram pífios ou mínimos. Enorme foram as verbas para a corrupção.  
O descaso é brutal. Tanto assim que as paisagens de insalubridade, lixos e esgotos, a céu aberto, continuam as mesmas de antes desses referidos eventos. Ficam a impressão e o visual de que nada foi modificado no que concerne aos crônicos e anacrônicos problemas com os excrementos e resíduos produzidos pelas pessoas.
Calcula-se que ali na capital fluminense sejam lançados, a cada dia,  nos rios, mananciais e mar cerca de 5000 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento. Ou seja, têm-se com isto um cenário de absoluta degradação sanitária.
Não se trata apenas de um impacto negativo na saúde humana. Dentre as doenças dessa putrefação podem-se destacar as hepatites, disenterias, parasitoses, viroses e muitas outras infestações e intoxicações advindas de lixo doméstico e industrial.
A par dos danos à saúde humana, há uma degradação ambiental, com acometimento da flora e fauna e deterioração da paisagem natural. Quanta feiura e mal-estar aos sentidos causa um ambiente pútrido e insalubre. É o completo adoecimento da natureza, dos rios e mares, das florestas e atmosfera.
Não bastasse vivermos tempos medonhos na política nacional, temos que assistir aos horrores que têm sido as políticas com o saneamento da natureza, com todas as fontes naturais de recursos que a terra nos proporciona. E desses, a água, como recurso minera, ela  tem sido a mais maltratada e degradada. É sabido que o Brasil é o país mais rico em aquíferos de água doce. E que triste ironia! Somos a nação que mais desperdiça, que mais contamina e mais doenças produz com águas poluídas.
A cidade do Rio de Janeiro serve como modelo, triste exemplo do que ocorre Brasil a fora. Certamente com alguns exemplos mais melancólicos . A região norte é a mais abundante em água doce. As estatísticas recentes do IBGE revelam que a falta de água potável e tratamento de esgoto chega a quase 80% em regiões do interior. As capitais Manaus (AM) e Belém (PA) padecem da mesma degradação ambiental do Rio de Janeiro. Paralela a essa grave questão de saneamento básico, existe uma igualmente grave, a saúde pública das doenças endêmicas. Dentre essas pode-se destacar a malária, que tem em seu ciclo o mosquito vetor anófeles, cujo roteiro reprodutivo depende do clima (tropical) e água.
Em conclusão o que se pode afirmar é que saúde humana e saneamento ambiental (básico por objetivo e finalidade) constituem marcadores e preditores civilizatórios. Tal assertiva e proposta têm validade tanto no âmbito individual como coletivo. Tais índices se mostram reveladores de nosso desenvolvimento social, educacional, ético, e de respeito ,  tanto na esfera privada ou pública.
Uma pessoa, uma cidade, uma nação, uma sociedade são mais civilizadas, ou menos, na exata proporção de sua condição de higiene de saúde pessoal e nos cuidados e saneamento do ambiente e espaços à sua volta.
Tais iniciativas cabem a cada um, em sua casa, no trabalho, na natureza, nos ambientes públicos, nas escolas; não só os governantes têm responsabilidade.

gente nervosa

PESSOAS EXPLOSIVAS
João Joaquim  

Uma característica necessária e construtiva nas profissões em geral é a chamada interdisciplinariedade. Embora rabilongo eu explico melhor este conceito. Trata-se na verdade dos conhecimentos interespecíficos. Ou seja, é a busca de conhecimentos em outros ramos profissionais, em outros ramos científicos, no sentido de uma otimização na prestação de um serviço, de uma assistência profissional.
Tal expediente pode ocorrer nas mais distintas áreas do conhecimento humano e especialidades. São os casos por exemplo do direito, da engenharia, da física, da química e da medicina. Como este iniciado escriba, deste modesto artigo, é discípulo de esculápio, ele falará do exemplo dessa profissão, cujo mister é a prevenção e a cura das doenças.
Assim ocorre com os chamados operadores das ciências médicas, nos seus mais variados ramos. É provável que sejam os médicos os que mais precisam desse conhecimento interdisciplinar para a mais técnica, ética e humana prestação de serviço. Na compreensão das doenças como se torna importante dominar informações de fisiologia, de biologia, de química, de zoologia. Muita vez até de história e religião.
Na área de laboratório e diagnósticos o quanto se usa de dados da física, de biofísica, de matemática e engenharia elétrica.
Para um clinico de qualquer especialidade o quanto é importante o domínio de semiologia, de psicologia, de cultura popular, e de língua portuguesa, em se vivendo no Brasil.
Particularmente, como cardiologista sempre faço muita interconexão dos sintomas com a psicologia e psiquiatria. E neste sentido falo de uma doença pouco citada na literatura médica, mas que pela prevalência carece de mais realce. Trata-se do transtorno explosivo intermitente (TEI).
O que se tem de certo é que é um distúrbio comportamental da idade do próprio homem. Ele começa a ser citado pela psicologia e psiquiatria já em fins do século XVIII. Por definição é uma reação explosiva de raiva e de ódio diante de uma frustação até banal. Nessa circunstância o indivíduo numa reação colérica reage e responde violentamente com destruição material, xingamentos, podendo chegar a graves agressões físicas e assassinatos. Como  exemplos, uma leve colisão de trânsito, uma queda do sinal de internet, um defeito de aparelho elétrico, o fim de um relacionamento conjugal etc.
Calcula-se que o TEI nos EEUU atinja entre 2,5% a 3% da população. No Brasil não há estatística sobre a doença; mas deve ter quase a mesma prevalência da sociedade americana.
Quanto a causa (etiologia), admite-se que possa haver uma origem  biológica com baixa concentração de mediadores neuro-horrmonais. Ao que sugerem alguns estudos, a serotonina, hormônio do humor e bem-estar, esteja reduzida de forma crônica nesses indivíduos explosivos. Uma outra hipótese bem consistente refere a influência transgeracional. Ou seja, um filho cujo pai tenha tal transtorno, copiará, modelará tal comportamento. Trata-se de um fator educacional. Uma influência por mimetização, por modelagem do educador( pai, cuidador).
O que fica claro é que a doença tem uma causa mista. Uma vez havendo o fator biológico neuro-hormonal, o seu portador passaria essa influência aos filhos com o reforço por educação e modelagem. O filho repetiria as mesmas reações dos pais. Há uma imitação como  se estas fossem a única forma de lidar e superar as frustações do dia a dia, as mais banais para uma pessoa normal e equilibrada.
O que é reconfortante é que há tratamento para essa disfunção comportamental. Consiste basicamente em alguns psicotrópicos temporários; e mais alongadamente uma  psicoterapia cognitiva e comportamental. Nessas sessões terapêuticas, o portador de transtorno explosivo intermitente irá aprender a lidar e conviver com as frustações da vida. Será um aprendizado e diretriz a se repetir pelo resto da vida. Vida que se quer com paz, respeito e serenidade para com os objetos, com as coisas, com os animais e sobretudo com as pessoas à nossa volta, que são as maiores vítimas dos portadores desses transtorno, os  explosivos e nervosos intermitentes ou contínuos. E eles andam soltos por aí sem tratamento e representam um perigo para a sociedade.
Não confundir com as pessoas portadoras de personalidade psicopata ou sociopatas; são os casos por exemplo do assassinos passionais, os feminicidas e outras autores de crimes por motivos fúteis.                                  Janeiro /2018