sexta-feira, 30 de março de 2018

Saúde e Religião

 A RELIGIÃO TAMBÉM ALIVIA E CURA NOSSAS DORES
João Joaquim  


A ciência, como aceitação consensual,  se demonstra com matemática, com lógica, com dados concretos, com experimentos, com ensaios, com física, com a química. Enfim com provas universais bem incontestáveis. A medicina é um campo profissional que se vale dos muitos braços científicos. Ela se vale por exemplo da biologia, da química, da física, etc. Todavia, ela não é estanque, nem está vedada à influência de outras áreas do conhecimento e abstração humana, à sociologia, à filosofia e religiosidade. 
Todos esses segmentos da sabedoria, do pensamento e da prática humana, podem e devem fazer parte da estratégia e das diretrizes  terapêuticas e enfrentamento das doenças; tudo a serviço do bem estar, da saúde e da vida humana.
No reforço e defesa dessas premissas basta lembrar que muitas  afecções de origem puramente orgânica terão um componente emocional adicional. Inversamente, muitos transtornos psíquicos na origem (ansiedade, depressão) terão graves repercussões somáticas e físicas ( doença psicossomática). Trata-se do princípio basilar do que seja doença psicossomática. É a emoção ou a alma como porta para muitas das dores e do sofrimento do corpo
, do soma, de nossa fisiologia e economia orgânica.
Uma questão que muitos veem com ceticismo e incredulidade em medicina refere-se ao papel da religião ou religiosidade. O papel da terapia espiritual. Em minha já longa trajetória de médico, já participei de muitos congressos, conferências e simpósios. Nas poucas vezes em que se abordou o papel da fé e da religiosidade do paciente em tratamento tal matéria foi vista com um certo desdém e desprezo .
Tal constatação se mostrou presente não apenas nos ouvintes, mas até mesmo com superficialidade e sem convicção ou entusiasmo dos que conduziram os experimentos ( os pesquisadores condutores do estudo).
Independentemente da crença, religião, fé ou mesmo do  ateísmo da pessoa, o que importa é que somos constituídos de uma dualidade corpo e alma ou corpo e mente. E mente aqui deve ser lida também como a nossa psique, as nossas emoções, nossa capacidade dos mais complexos e variados sentimentos (amor, amizade, afeto, fraternidade, ódio, antipatia, inimizade, egoísmo e vingança). 
Diferente dos irracionais temos racionalidade e memória. Temos a capacidade de ver, ouvir, presenciar fatos e ações e guardar tudo em nossa consciência e na memória. Esse tão nobre atributo dos homens por um lado,  muito ruim por outro porque  pode voltar contra o próprio portador, trazendo-lhe recalques, sentimento de culpa, de  raiva, medo , dor e sofrimento de toda ordem.  
Como referido na introdução Ciência se fundamenta em dados lógicos, concretos e matemáticos. Religião se baseia em intuição e fé . O que há  de consensual é que o organismo humano tem de fato um componente físico (mensurável, palpável) e uma esfera imaterial, intangível, composta do psiquismo, de uma consciência, emoções, a que se pode também nominar de alma. Essa aceitação independe de religião, de fé , de filosofia contrária a essas concepções. Há filósofos ateus e aqueles em profunda conexão com o sagrado, com Deus.
O certo é que o homem (gênero) é o seu corpo (soma) aliado a todos os seus sentimentos, crenças, fé e suas concepções de mundo, de Deus e de todas as coisas que o cercam. Partindo então desses postulados, como imaginar então a pessoa desconectada de todos esses componentes? Quase impossível .
Imaginando as partes interligadas tem-se então que se uma pessoa  adoece, todo o resto será acometido na proporção de sua susceptibilidade e  de sua resistência. Diante das doenças, todos, rigorosamente todos, nos tornamos criaturas frágeis, vulneráveis ; e nessa hora precisamos do cuidado de outrem, das energias emanadas em nosso favor, venham de onde vier.
E a fé inclusive, pode ser essa última energia a nos revigorar e superar o inimigo psíquico ou orgânico( a depressão e a dor física , por exemplo), a doença que teima em romper esse tênue fio que nos segura, a vida.
Para o bem daqueles comtemplados com tais experiências e iniciativas vêm surgindo grupos de estudos e especialidades médicas dedicadas ao emprego de práticas e atitudes religiosas na cura das pessoas. São condutas estimuladas sem nenhuma discriminação de religião. O que importa aqui é religiosidade.
A fé ou firme convicção de que há um ser maior, um criador acima de toda inteligência e engenho humano. O papel da religião aqui, pode ser praticado inclusive por pessoas leigas, por um pastor, um evangelista que atuará com suas orações, suas intercessões. Esse expediente e prática serão adicionais e  aliados  a toda terapia convencional médica ou psicológica seguida pelo paciente.
Abstraindo-se da questão e vocações de fé e religiosidade. De há muito que se conhecem os nexos causais entre transtornos psicológicos e danos físicos. Conceito de doença psicossomática. Muitas são as doenças que na origem tem um transtorno emocional. Como exemplos, a obesidade, a síndrome metabólica, as gastrites, a síndrome do intestino irritável, a asma, as doenças de pele, a enxaqueca, a fibromialgia, a psoríase, os reumatismos.
Pra ficar em exemplos bem concretos: o indivíduo mal resolvido espiritual ou emocionalmente terá descargas intermitentes de adrenalina, insulina e corticosteroides (suprarrenal). Com tudo alterado o paciente  terá resultados negativos : ganho de peso, insônia, mais depressão, diabetes, mais colesterol, mais pressão alta; assim , mais riscos de morte cardiovascular.
Enfim, e num conceito mais estendido, saúde é um completo  bem-estar físico, social, econômico, ambiental, afetivo, psíquico e religioso. Numa frase para os médicos, para os  terapeutas e pacientes “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”  (Fernando Pessoa)      março/2018


TI e doenças mentais

TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DOENÇAS MENTAIS
João Joaquim 


Eu não sou psicanalista nem psiquiatra por formação, sou apenas por informação. Por isso e por direito sinto-me livre para opinar sobre o tema da área de outros profissionais e ensaístas. A minha reflexão de hoje vai para a probabilidade existencial , ou da relação entre tecnologia da informação (TI) e doenças mentais. 

Para melhor contexto, TI se entende por todos os recursos, meios e objetos de conexão com a internet e redes sociais. Assim têm-se do tradicional computador de mesa ao smartphone, iphone,  tablets  e ipads. Entendido também que tais aparelhos podem ser usados, sem estar conectados com a internet, como na execução de áudios e vídeos.
O uso massivo da internet no Brasil tem cerca de duas décadas. O mesmo tempo  também para o telefone celular e as mídias digitais. Em que pesem ser conquistas recentes, já se conhecem estudos conclusivos das consequências do emprego abusivo e imoderado dessas tecnologias. Há por exemplo na USP e Unifesp( universidades do estado de São Paulo) grupos de profissionais (psicólogos e psiquiatras) dedicados aos efeitos e consequências da chamada dependência da conexão ou web dependência. O mecanismo desse “vicio tecnológico “se assemelha ao vício da dependência química (adicção). Como são os adictos de nicotina, da cocaína, do álcool e muitas outras substancias licitas e ilícitas.
O mecanismo dessa forte aliança do usuário com sua mídia (smartphone, celular) se dá na área cerebral. Nas mesmas sinapses e neurônios da dependência química. Assim , essas áreas cerebrais vão insidiosamente, cronicamente, sendo adestradas, condicionadas e treinadas a funcionar “melhor” ou “pior” tendo esses recursos e mídias à disposição, o adicto das mídias não consegue mais viver independente dos objetos em estado online. 
Um dos efeitos bem característico da adição tecnológica é a fobia da desconexão com a internet, telefone celular e das mídias digitais. Nomofobia é a fobia dessa desconexão , O vício no sistema de recompensa de redes sociais – como os likes de facebook, retuítes, views em vídeo de youtube, e ‘corações’ no Instagram – também pode ser um fator que contribui na dependência, pois é uma forma de obter pequenos prazeres psicológicos de forma fácil e rápida. 
Essa fobia da desconexão é na verdade um corolário de outro grave distúrbio da dependência, o transtorno de ansiedade. É uma angústia ou ansiedade pela necessidade do porte permanente de um instrumento de mídia conectado (online) com a internet  e suas populares redes sociais, facebook, WhatsApp, etc.
Como referido, embora de conhecimento recente, já se sabe dos danos psíquicos e na saúde mental que essa dependência traz aos usuários com esse perfil. E cada vez mais tais questões deverão merecer mais atuação, cuidados de pais, de educadores e profissionais e pesquisadores da matéria. Uma última questão de porte igualmente grave se refere às doenças psiquiátricas mais especificas. Como são os casos das esquizofrenias, do transtorno bipolar e a intitulada personalidade psicopática.
Até então a gênese da maioria das doenças psiquiátricas é desconhecida. O entendimento da psique humana ainda tem muitas incógnitas. Se a normalidade já é de difícil compreensão, imagine então a patologia das doenças mentais, um labirinto sem começo e sem saída. Fazendo um paralelo entre as doenças mentais e as orgânicas. Para muitas doenças cardiovasculares e degenerativas como o câncer existem os chamados fatores de risco. Como exemplo, o tabagismo, o alcoolismo e a obesidade que aumentam a prevalência destas doenças.
De forma análoga quando se fala em psicopatias aventa-se a teoria dos gatilhos. Seria um fator social, ambiental, cultural, comportamental ou químico que propiciasse o surgimento de uma doença psiquiátrica em um individuo com essa predisposição constitucional e genética. Em suposição de que minha mente ou psique  continua normal, invadem-me esta inquietação e esta interrogação. Não estaria o emprego abusivo das tecnologias da informação funcionando como gatilhos para muitas enfermidades mentais?
Com a palavra os especialistas e estudiosos do assunto. Se tanto, deixo outra tese igualmente relevante. Muitos são os casos de bullying virtual (ciberbullying), de suicídios (vide jogo da baleia), de homicídios e atentados. Vários são os relatos, registros e documentos de que os autores de tais crimes e atentados se inspiravam em episódios semelhantes e registrados na internet.
Assim se pode concluir que no mínimo o uso irracional, nocivo e delituoso da tecnologia da informação propicia a que surjam essas crises psicóticas, como primeira manifestação, nesses doentes mentais . E eles  Cometam crimes os mais bárbaros aqui pelo Brasil e pelo mundo.   Março /2108