sexta-feira, 29 de novembro de 2019

LIVRO.joao joaquim Espelho


ESPELHO SOCIAL
Joao Joaquim
                                              ÍNDICE

Sua excelência o livro
Educação como libertação do indivíduo
Um escárnio ético
As relações a duas pessoas
Dinheiro e Felicidade
Jesus e Maria em nossa imaginação
Um geração em risco
Ética e honestidade
Homens e tempos devassos
Um país com esperança
As futimediocridades
O preço do sol e do vento
Desigualdade na Justiça
O casamento na era virtual
Graças às  Ciências
A lição reversa
A religioterapia
A vida é o presente
Fraternidade e amor sem fronteiras
Ao lixo
Nomofobia e Fomofobia
A maconha não é a única culpada
Filho não se forma com ração
Pib da felicidade

                                                                                                                          Dedicatórias:
Sandra Regina Araújo S. Silva – esposa e intrépida companheira.
Os Filhos: Andressa de Souza Neves & Gustavo de Souza Oliveira,
que formam minha principal energia motriz na vida.

Aos meus pais( In Memorian) Luiz Bertoldo de Oliveira/Ercília de Paula Neves. 
Meus Irmãos ( In Memorian)  José Luiz de Oliveira e Vicentina de Oliveira Neves. 
Neuza ,Noeme , Nilma , Samuel . Pais e irmãos que representaram e representam meus exemplos e minhas diretrizes de uma vida ética, fraterna e de  honestidade em tudo.

PREFÁCIO
Sobre o autor João Joaquim

Emoldurada pelas cortinas do tempo a humanidade vem se debruçando ora sobre os mais brilhantes e inovadores raciocínios, ora junto às mais insensatas pressuposições e acirradas polêmicas. Muitas vezes, a mesma humanidade  arrisca-se em saltos no escuro no anseio de proclamar seus princípios, defender interesses e promover realizações que se lhe possa nortear os caminhos e consolidar o progresso. Assim como para lhe garantir a aquisição de bens.
Uma descoberta aqui, uma invenção ali, e lá se vai à desenfreada corrida rumo ao pódio ou ao calabouço da decepção e do fracasso. Donde brota a exaustiva luta contra a dualidade do ser e do poder. A escolha, quase sempre, a menos justa.
Nos recortes sangrentos da História surgem os profetas que reportam aos dissabores e transtornos que as atitudes impensadas de muitos podem gerar para eles próprios e para as demais pessoas. Alertam, prenunciam, divulgam suas crenças e seus pontos de vista. Contrapõem aos surtos ambiciosos de monarcas soberanos e/ou de sistemas que escravizam e dizimam suas tribos e aldeias,  a sua gente. Choram com os seus e com eles lutam por dias melhores. Não raro são exilados, encarcerados e submetidos às mais indigentes torturas. Muitos profetas se destacaram desde a Antiguidade, Isaías, Elias, Eliseu, Jeremias, Oséias...
Nos tempos pós Cristo, ouve-se uma voz que clama no deserto. Uma seta que aponta para Aquele que tira os pecados do mundo, do qual o profeta dizia-se indigno de lhe desamarrar as sandálias. Esse professor é João, primo de Jesus - seis meses mais velho -, que se tornou Batista porque o batizou nas águas do Jordão. Falava verdades àqueles que não desejavam ouvi-las. Teve a cabeça decepada.
Ainda remonta à Antiguidade outros homens que arrebanharam multidões, grandes oradores e mestres da palavra - Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito de Éfeso, Protágoras, Sócrates Platão, Aristóteles, Epicuro .
Na Idade Média, Albertus Magnus, São Tomás de Aquino, Santo Agostinho. Idade Moderna – Francis Bacon, Thomas Hobbes, René Descartes, Blaise Pascal, John Locke, Isaac Newton, Friedrich Leibniz. Iluminismo - Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, Immanuel Kant, Denis Diderot, Adam Smith... e outros tantos que à luz da sabedoria deixam o seu legado literário e filosófico.  Seus pensamentos e concepções desafiam o tempo, rasgam as vestes do passado e iluminam os dias presentes.
Graças à difusão de diferentes entendimentos filosóficos, grandes mudanças impactaram e desviaram o curso da História. Guerras, insurreições e revoluções fomentadas por esses conceitos vão transformando o pensar e o agir universal. Inúmeras são as invenções e melhorias, dentre muitas desastrosas.
Chegamos aos tempos modernos e pós-modernos, o nosso tempo contemporâneo. A alta tecnologia favorece a comunicação em todas as suas dimensões, e, a humanidade, ao usufruir dessa tecnologia de forma tão desordenada vai tornando-se parte dela. Tão homogeneamente associada que já não se consegue separar, tampouco viver sem ela.
Em outros contextos, as profecias e alertas sobre o bem e o mal que tais instrumentos da alta tecnologia podem desencadear na população despreparada, hoje se dão pelos mesmos sujeitos de todos os tempos, agora de modo muito mais abrangente e liberal pelos mais sofisticadas ferramentas e veículos. E muitos notáveis insurgem profetizando e antevendo o destino dos povos e das nações. Escribas de todas as modalidades e filosofias de vida. Neoprofetas pensadores, José, Maria, Waldomiro, Edival, João Joaquim... entram para o rol da literatura em todos os seus mais diversificados gêneros e evidenciam registros, informações, reflexões, denúncias, protesto, opiniões e até conselhos.
João Joaquim de Oliveira, médico e escritor, culto, sensível, ético, impecável, abalizado profissional, doutor em Medicina e doutor das palavras, concebe um belíssimo trabalho literário e nos presenteia com esta instigante obra. São páginas que remontam ao conceito original de crônica, a histórico-dissertativa. Onde este mineiro de Iapu – MG, de coração goiano, extravasa parte de seu compêndio cultural e intelectual absorvido em toda a sua vida de estudos, dos anos de desempenho profissional e vida Universitária e da prática de leitura diária e esmera-se em crônicas reflexivas de cunho jornalístico.
Apaixonado por ambrosia, o manjar dos deuses gregos, pela Literatura Clássica Brasileira, Inglesa, Universal. Por Machado de Assis, Castro Alves, Rui Barbosa, Casimiro, Shakespeare... por Padre Antônio Vieira e por Florbela Espanca.
 “Eu fico a imaginar horas a fio sobre tantas esquisitices, a imaginar, com um certo saudosismo do que foram os tempos na antiga Grécia, dos filósofos Aristóteles e Platão. Só de ler suas obras traz-me essa saudade.  Trago esses dois pensadores como exemplos”.
Joaquim aborda pontos fundamentais da vida familiar, dos desníveis da sociedade, da educação, moral, ética e honestidade; do casamento e relacionamento a dois, do apego aos bens materiais, do uso desmedido, pela população despreparada, das ferramentas de comunicação - aparelhos como computador e celular – e os conflitos nas redes sociais são temas por ele apontados, esclarecidos e analisados. 
“Quando se fala em bonde do progresso, faz bem esclarecer que toda tecnologia, a exemplo da internet, foi concebida e criada para acrescentar bem estar e qualidade de vida às pessoas. Além de em se constituir em um recurso e ferramenta que propiciassem aquisição de cultura e conhecimento.
Para essa multidão de novos usuários das gerações Y e Z nada dessa utilidade vê-se fruída como crescimento cultural, profissional, ascensão social. Levas e levas de gente vêm entregando-se a futilidades, à uma vida vazia e sem finalidade, sem significado, sem projetos de construção, de melhora pessoal, profissional ou social.”
Permeia contundente observação e nítida indignação:
“Uma questão por demais sensível que sempre me deixa curioso e interrogativo refere-se  a bipolaridade em que vivem as pessoas”.
Sobre o amor e o relacionamento a dois: “Todo amor, todo afeto, toda relação pessoal no âmbito conjugal necessita de todos os “ingredientes químicos afetivos”, temperados e medidos com doses equivalentes de prudência e razão, com vigilância e discernimento.”
Numa análise crítica e preocupada o autor discorre sobre assuntos bem acentuados em todos os tempos e mais alardeadores na atualidade: “A tendência e inclinação natural do ser humano à desonestidade são de tamanha magnitude que foram necessárias a criação dos códigos de conduta. Não seriam necessários, se majoritariamente, o homem (gênero) tivesse o tropismo, a atração pela honestidade. Assim, o Estado, as empresas públicas e privadas tiveram que regulamentar a honestidade. Daí então foram editados o código civil, o penal, o código de defesa do consumidor, e os códigos de ética das categorias profissionais.
Por isso que há de afirmar-se em alto e bom som: honestidade e ética são puras e verdadeiras quando exercidas por um impulso natural, de berço. Porque, com as cartilhas impostas, o sujeito as pratica por medo de punição e de cara feia.”
Otimismo e esperança se fazem evidenciados neste fecho:
“Nós brasileiros estamos vivendo tempos tão esquisitos e anômalos que nos causam arrepios. Estranhamentos que sentem todas aquelas pessoas de bem, críticas e sensatas. E essas pessoas existem, são elas que nos dão esperança de um país, de um mundo melhor e mais decente.”
Enfim e como conclusão, eu me declaro grato a todos esses gênios cientistas, que tanto bem e qualidade de vida deixaram para a humanidade. Tenho certeza que todos, numa breve reflexão, ao lembrar, também têm no íntimo sua eterna gratidão por esses benfeitores, que merecem o nosso galardão e um acento eterno no panteão dos heróis da humanidade. 

Enfim, deixo, para que o leitor deleite-se da sapiência versada em prosa e sublimada em todos os textos de Espelho Social. E, ainda, para rememorar um dos pensadores favoritos de JJ de Oliveira, do século XIX:
Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. - O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.”  O Retrato de Dorian Gray,  Oscar Wilde.
PS. E, continue assim, João Joaquim, (rimando), a cuidar dos corações das pessoas com tanto carinho e desvelo. E cuide também do seu, você merece!

Maria Júlia Franco -Professora Universitária, Diretora Galerias de Arte SECULT - GO Secretaria de Cultura do Estado de Goiás, escritora, cantora, artista plástica , articulista de revistas, portais de cultura e do Diário da Manhã Goiânia GO.
  

ESPELHO  SOCIAL
Bariani Ortencio
Apresentação
No tempo da Revista O CRUZEIRO eu ia direto ao O AMIGO DA ONÇA, de Péricles. Hoje, no nosso DIÁRIO DA MANHÃ, início a leitura com o artigo do escritor-médico-cardiologista João Joaquim (Oliveira). Seus artigos-crônicas são memoráveis, uma enciclopédia de lembranças e ensinamentos, abrangendo todas as situações, os problemas em que encontra-se a humanidade, como bem diz o título - ESPELHO  SOCIAL.
O livro não é de leitura científica por tratar-se de um autor que também escreve sobre Medicina e publicações próprias para revistas científicas, mas para jornais à altura do entendimento de leitores comuns.     
Vamos analisar o conteúdo do livro para que o leitor tenha conhecimento, sabendo o que irá ler:
 Que juízo faria um pai que apresentasse seu filho a outra pessoa? O criador que se dispusesse a discorrer sobre sua criatura? Assim deve sentir-se todo autor sobre sua obra, o artista sobre sua criação de qualquer natureza. O pintor de sua pintura, o cineasta de seu filme, o compositor de sua letra musical, o escritor de seu livro. Assim me sinto aqui ao falar sobre o livro do autor João Joaquim - ESPELHO SOCIAL. Renuncio-me a fazer uma resenha de corpo inteiro, porque se assim o fizesse eliminaria a curiosidade de sua leitura. E a curiosidade, relembro a todos, é essa energia que nos instiga e nos impele a ler qualquer texto, artigo, informação e obra literária. Ela representa também aquele gatilho e impulso que movem o ser humano no seu engenho criador. É assim que cada curioso e cientista chega a tantas invenções e descobertas no mundo das artes e das Ciências.
Os temas são os mais variados, tendo em conta que os capítulos são os mais diversos, os títulos, crônicas de ocorrências das diferentes esferas e áreas sociais. Logo depreende-se que uma outra particularidade é a não dependência de um capítulo de outro, pois não trata-se de um romance.
Uma outra característica é a concisão na abordagem das matérias tratadas, buscando nesta compressão de palavras e frases uma síntese de todos os signos e significados das propostas abordadas.
Pelo fato dos temas ser em estilo de crônica muitos deles receberam um verniz de amenidade e pitadas de humor, com isso trazendo mais leveza e gosto da leitura, não perdendo, contudo, o caráter de autenticidade e veracidade das afirmações em foco.
De outro lado, algumas questões em pauta mereceram o rigor e sisudez que elas exigem, considerando tratarem-se de menções e dados estatísticos, históricos e científicos.
Além de pílulas e tiradas de humor, por vezes um humor verde ou maduro, o autor procurou também trazer nuances e afirmações filosóficas. E estas não como meras teimosias ou visão do próprio autor, mas com fundamentos em pensadores consagrados do saber humano.
Este é o propósito e desígnio da presente obra: trazer pequenos sabores e saberes, com momentos de humor, de entretenimento e cultura.
Macktub! (Está escrito)
Bariani Ortêncio – Escritor multicultural, romancista, contista – folclorista – autor de Livros de Culinária, Medicina Popular, conferencista , palestrante – Membro da Academia Goiana de Letras. Escreve regularmente no Diário da Manhã.

Apresentação do autor

Foi Lendo os muitos clássicos que tomei gosto pela Literatura- Essas leituras, muito me ajudaram em minha formação profissional como médico e como cidadão.
O escrever , para mim,  de uma obrigação tornou-se um diletantismo, um modo de distração. Isto porque como médico, pelo múnus público da profissão tinha que elaborar relatórios, laudos, redações para os mais variados fins. E nesse mister buscava as melhores palavras, as melhores expressões do idioma que pudessem transmitir meus conhecimentos técnicos e científicos de minha formação.
Aos poucos, desde minha formação acadêmica, passei a me aventurar na seara da escrita de outros temas, crônicas, artigos culturais, temas de saúde para o público em geral. Sempre paralelo ao labor diário como profissional da saúde. Assim começou minha vereda pelos meandros dessa nobre arte de levar às pessoas, nossos pensamentos, nossos pareceres, nossa opinião sobre tudo que se sucede à nossa volta, em nosso mundo, nosso país, no Planeta.
Como inspiradores e mentores posso citar autores como João Guimarães Rosa, médico e escritor de Cordisburgo MG, Pedro Nava, Machado de Assis, Drummond de Andrade, Moacir Scliar, Os três Rubens : O Braga, O Alves, o Fonseca, entre tantos outros como os goianos Bariani Ortêncio, Brasigois Felício, Maria Júlia Franco , Gabriel Nascente, Hélio Moreira.
O presente livro – Espelho Social – como o nome induz, traz revelações comuns da sociedade brasileira e da tribo humana. São temas da vida diária, os costumes, os encontros, os hábitos, os vícios, as virtudes, as maldades, as tendências da moda, da política. Enfim, são insights flagrados pelos olhos, pela percepção do autor. Muitos temas podem ter a sisudez e tecnicidade que a matéria exige, mas com a liberdade também do tempero de um humor saudável e leve para refrescar a leitura.
Só mesmo lendo cada capítulo para entrar na concepção , nas lentes e consideração do autor. Deus quer, o homem sonha, a obra nasce – Fernando Pessoa   -  Boa leitura a todos.

O autor.
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                                SUA EXCELÊNCIA O LIVRO


“Oh! Bendito o que semeia livros / livros à mão cheia / E manda o povo pensar! O livro caindo n’alma/ É germe - que faz a palma/ É chuva - que faz o mar.” Castro Alves


Entrar numa livraria ou biblioteca, frequentar uma bienal do livro como as que ocorrem em Goiânia e outras capitais, servem, mesmo para uma pessoa comum, mas bem pensante e de bom senso, a várias reflexões, preocupações e muitas vezes tristes conclusões sobre cultura, alfabetização e ensino no Brasil.
O interesse e acesso à cultura no seu sentido mais amplo e inespecífico envolvem múltiplos fatores, a começar pelo custo que o indivíduo tem na aquisição de qualquer conhecimento. O meio mais elementar para tanto chama-se livro, instrumento este nada barato, considerando que o Brasil é riquíssimo em matéria-prima na produção de papel (celulose) abundante pelas extensas florestas ainda nativas ou cultivadas especialmente para este fim. Aqui é um país onde, talvez na relação renda per capita e custo, o livro seja o mais caro do mundo. Um absurdo!

No quesito bibliotecas públicas, em todas as esferas de governo, somos outro exemplo de fracasso e do atraso. As poucas bibliotecas oferecidas às comunidades constituem exemplo do quanto pouco ou nada valem a cultura e o ensino de boa qualidade para nossos governantes. São acervos pobres, desatualizados e pessimamente administrados. As poucas opções existentes são mais entregues às traças, fungos e baratas. Causa asco, espirros, náuseas e vergonha sermos usuários e frequentadores de algumas destas tacanhas e vetustas unidades chamadas bibliotecas públicas. Será que nossos administradores e gestores das coisas públicas vão pelo menos como visitantes às nossas bibliotecas? Duvido!

E as escolas públicas? São outra amostra grátis do descalabro a que chegaram o investimento e a preocupação de nossos digníssimos e excelsos representantes com o que deveria ser sagrado e prioridade absoluta em qualquer país: a educação. Causa perplexidade e desesperança constatarmos a estrutura precária das escolas públicas; seja pelo estado de ruína e péssima conservação dos imóveis, ou pelo sucateamento e falta de manutenção da higiene, do mobiliário e carteiras escolares. A baixa remuneração e insuficiente qualificação dos professores são  outro capítulo à parte. Por consequência, é dispensável comentar sobre o nível de aprendizagem de nossos alunos. Não se poderia esperar alfabetização e aprendizado eficazes e de melhor qualidade frente a tanto descaso e atitudes políticas tão pobres e irresponsáveis na área educacional.


Vários estudos e indicadores (Pisa, Saeb, Enem) mostram o quanto estamos atrasados em educação e cultura quando somos comparados a outros países que investem em educação e na qualificação de professores. Neste sentido basta uma consulta aos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).  Será que continuaremos entre os piores dos países emergentes ou em desenvolvimento no item educação de boa qualidade para nossas crianças, jovens e adolescentes? O BRASIL vem há muito reivindicando o seu ingresso na OCDE. Seria muito bom, assim traria melhores lições para nossa Educação Pública.

O livro é um artigo caro e de luxo, inacessível para as famílias de baixa renda. Tornam-se, por este e outros fundamentos, necessários e urgentes mais investimento e engajamento da comunidade política no setor educação. Quando meios facilmente acessíveis forem ofertados às pessoas através de edições de livros ou boas bibliotecas públicas, poderemos constatar o quanto o País pode melhorar no quesito leitura, cultura e alfabetização de nossas crianças e jovens. Nesta sublime missão de educar e formar nossos filhos, o livro, que me perdoem os que ainda dão tanta ênfase à informática e à internet, o livro, repito, este milenar instrumento de aprender e ensinar, jamais perderá seu papel, seu posto como o melhor e mais eficaz vetor na disseminação e amplificação da cultura e educação do ser humano.
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EDUCAÇÃO COMO LIBERTAÇÃO DO INDIVÍDUO

                                                        
Se fôssemos lembrar de dois grandes educadores, imagino que muitos citariam Jean Piaget e Paulo Freire.  Piaget (1896-1980) nasceu, viveu e morreu na Suíça. Inicialmente formou-se em biologia e dedicou-se a esta ciência. Depois notabilizou-se nos estudos de filosofia, psicologia e educação. Tornou-se  muito polêmico e conhecido como educador. Sua tese de educação era a de que o professor ministra uma aula e o aluno copia, repete aquele aprendizado, como copista, um repetidor.
O brasileiro Paulo Freire (1921-1975} foi considerado um dos maiores pensadores da educação de nosso país. Não é sem motivo que recebeu as maiores condecorações como doutor honoris causa no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. Foi reconhecido pela ONU/UNESCO como uma referência pelos estudos na área de pedagogia.
Freire escreveu ,por exemplo , a pedagogia do oprimido, uma obra seminal em questão do ensino fundamental. Ele considera a educação como um processo libertador do indivíduo. Trata-se da relação do explorado com o explorador ou do oprimido versus o opressor. Assim, deve-se permitir ao indivíduo analfabeto absoluto ou funcional as condições para que ele próprio liberte-se do estado de cegueira crítica ou cultural, da condição de explorado por qualquer sistema. Nesse sentido seria mais eficaz que o opressor (patrão, chefe) também contribuísse nesse processo libertador educacional.
Paulo Freire contraditava as teorias de Piaget para quem o professor era o único protagonista no aprendizado, onde ele ditava e o aluno copiava, nos moldes da teoria da tábula rasa ou lousa em branco. Segundo a qual todos nascemos sem nenhum conhecimento e com as experiências sensoriais a criança vai adquirindo conhecimento; ou seja, ao nascer o ser humano porta um cérebro sem nenhuma inscrição dos objetos e do mundo que o cercam. Com os estímulos e as informações dos sentidos o indivíduo vai adquirindo os conhecimentos das coisas ao redor.
Na sua filosofia da educação Paulo Freire sofreu influência de outros pensadores como Karl Marx (marxismo), Jean Paulo Sartre e Kierkegaard. Ele dava relevo especial à conscientização do indivíduo nas políticas da educação como um processo pedagógico libertador. Na instrução, crítica e conhecimento como um processo do desenvolvimento do homem ou da mulher que por ventura encontra-se numa condição de opressão ou submissão (pedagogia do oprimido). O melancólico é constatar que Paulo Freire não teve o merecido e justo reconhecimento dos políticos e governantes de seu tempo. Coisas e ocorrências bem próprias de nosso país. Quantos não são os cientistas, pesquisadores e doutores que saem do Brasil, por falta de incentivo e suporte financeiro dos governos?
São centenas que deixam o próprio país por falta de financiamento para suas pesquisas. Além do salário que, às vezes é indigno, quando comparado com o que recebe membros do ministério público e do judiciário, ou mesmo os congressistas. São fenômenos e jabuticabas próprias do Brasil.
A citação dos dois indigitados cientistas da educação no presente artigo foi um modo, um mote para o  tema central, a educação como transformação e formação do indivíduo. Ortega y Gasset disse que “o homem é o homem e sua circunstância”. Vale dizer que cada pessoa é o produto de seu meio social que começa pela sua educação. E aqui eu cito outro grande pensador, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Ele foi um franco-suíço, grande pensador da formação do ser humano. Autor da teoria do bom selvagem. Foi um dos iluministas e precursor do romantismo. Seu pensamento lapidar foi: “Todo homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe”, teoria do bom selvagem.
Ele fazia acerbas críticas às instituições públicas, inclusive às escolas, capazes de desviar o indivíduo de suas potencialidades naturais. Ele é autor de duas obras seminais: o Emílio e o contrato social.
Rousseau discorreu muito sobre relações sociais e atividade política. Das relações do homem com o Estado. Das leis e estamentos.
Trazendo a temática da educação na construção e formação da pessoa humana. Não é pleonasmo a expressão pessoa humana. Serve para dar ênfase e distinguir de pessoa física e pessoa jurídica. Muito se tem negligenciado quando a questão é educação, notadamente com os avanços sociais, com o surgimento do instituto dos direitos humanos.
Ao que parece grande parcela da sociedade humana traz a fixação apenas no termo direitos. Nunca se fala em deveres humanos. Há na verdade uma corrupção, uma subversão desses princípios. E aqui entra o processo educativo. O maior reflexo da educação boa ou má, distorcida, canhestra, viciada, mambembe, customizada, individualista, egoísta vê-se no conjunto de hábitos do sujeito.
O que é o habito? É o comportamento permanente do indivíduo, fruto de sua educação primeira, aquela que se inicia na fase da amamentação e da chupeta. A família, os pais, os cuidadores iniciais, sejam as babás e outros monitores da infância serão os modeladores do futuro caráter e padrão comportamental do indivíduo.
Nesse processo de educação e hábitos entram as atitudes mais básicas da vida. Assim temos os cuidados higiênicos, sejam os de ordem pessoal e ambiental, o respeito sistemático aos pais e aos idosos, ao cultivo da gentileza no trato com qualquer pessoa, ao respeito hierárquico a quem de mais experiência e de mais conhecimento, etc.
Enfim, os bons ou maus hábitos são o resultado da educação recebida  da família, complementada com os ensinamentos técnicos de uma boa escola. A educação é tudo na vida do indivíduo.    

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UM ESCÁRNIO ÉTICO
               
  
                                                          

Uma questão por demais sensível que sempre me deixa curioso e interrogativo tem sido a bipolaridade em que vivem as pessoas. Questão a que podemos também nominar de dualidade, ambivalência, dilema entre outras. Mas, bipolaridade revela-se mais adequada a essa tendência que pode definir-se como se segue. Até na política estamos vivendo a chamada polarização. 
Antes dessa conceituação faz-se necessário, por ser ilustrativo o chamado dilema (ou paradoxo) do asno de Buridan. Foi uma experiência do filósofo francês Jean Buridan. Também chamado de escolha de Buridan. Seria uma experiência para também ilustrar o livre-arbítrio. Essa prova  consistiu em colocar de forma equidistante de um burro um pacote de feno e um balde de água. E o animal com fome e sede teria que fazer a escolha. O animal(asno) usando de sua “racionalidade” iria morrer de fome e/ou sede! O que fazer?  Matar a fome ou a sede? Ou morrer da carência de ambos? Eis o dilema.
Vamos falar sobre o livre-arbítrio (também chamado livre-alvedrio). Há uma concepção filosófica (ou metafísica) e uma teológica. Para melhor concepção a semântica e a filologia podem nos permitir a sua desmistificação para os dias de hoje. Arbítrio pode ser entendido como vontade. Assim seria a livre vontade do gênero humano em decidir sobre seus desejos, planos, projetos ou objetivos dos aludidos desejos. Esses projetos, objetos de desejo (lato sensu) são infinitos e incluem até nossos sentimentos, nossa crença ou amor em Deus (ser ou não crente em Deus). Ser incrédulo, agnóstico; ser ateu ou fiel ao criador. Até tais sentimentos, ou concepções regem-se pelo livre-arbítrio. Assim seguem os indivíduos em suas humanas lidas de exercer a sua livre-vontade ou livre-arbítrio.
No concernente à natureza ética e moral, estaria toda forma de livre-arbítrio correta e lícita quanto à liberdade do livre agir, da livre ação? Imaginemos o exercício da livre vontade na atitude de um usuário de drogas ilícitas. Um alcoólatra que também por décadas agiu com a prerrogativa de com tal dependência trazer dissabores, desavenças, conflitos conjugais entre outros transtornos sociais ainda na sua plena higidez física e mental. Mas, o tempo corre, esse alcoólatra vai ter tantas doenças e tornar-se agora um doente com sequelas e perenemente incapacitado para sua vida laborativa e atividades sociais.
O que dizer agora daquela livre-vontade de entregar-se a um vício tão nocivo e agora depender de tanto sacrifício de seus cuidadores? (filhos, parentes, enfermeiros, profissionais de saúde). Que significado ético teve o livre-arbítrio desse alcoólatra para com seus familiares e parentes que com ele se coabitavam? O mesmo raciocínio ético e moral pode -se fazer com muitas outras experiências e opções de relações do homem com os seus semelhantes e meio-ambiente. Assim ocorre com o livre-arbítrio do cocainômano, um maconha-dependente etc. Assim naquela livre escolha, o sujeito dessa liberdade jogou fora todos os postulados éticos e morais no concernente àqueles à sua volta, seus familiares, filhos, cônjuge, cuidadores.  Ele entregou-se a todos os prazeres do digestivo e da carne, das libações etílicas com os de sua igualha. O tempo passa, ele vai envelhecer, adoecer, doenças orgânicas, vasculares, acidentes  domésticos pela debilidade física, algumas fraturas, mais sequelas,  invalidez. E agora ? De toda essa liberdade e livre-arbítrio do agir veio uma pesada fatura, um pesado fardo gerado aos familiares e cuidadores.
A bipolaridade tem muito a ver, muitos pontos de comunhão com a prerrogativa do livre-arbítrio. Muitos são os cenários da vida em que ela se manifesta. Até mesmo como bem o ilustra o fenômeno mórbido psíquico denominado transtorno bipolar, originalmente intitulado psicose maníaco-depressiva. Tal afecção psiquiátrica se caracteriza pela bipolaridade humor alegre e humor triste. Assim tem-se o polo maníaco onde o indivíduo doente se mostra muito expansivo, ridente e hilariante. E o polo depressivo quando o paciente torna-se ensimesmado, introspectivo, retraído, triste e sem alegria (anedonia). Nesse caso mórbido, que fique assentado : o indivíduo é inocente, inimputável, neutro, sem culpa porque ele é vítima de um transtorno da fisiologia mental e cerebral, com sua homeostase neuropsíquica doente e precisa de psicotrópicos e psicoterapia.
Assim dá-se a bipolaridade em muitas esferas do convívio humano. No econômico, quando o indivíduo tem a opção de ter um estilo de vida mais simples, sóbrio e frugal; mas, não resiste aos apelos do marketing do consumo, da vaidade e da imagem. Para tanto ele opta para esse outro polo de vida com endividamento e financiamentos a taxas e juros escorchantes a perder de vista. Como consequência, nome inscrito em órgãos de inadimplentes e estado de falência. E nessa borrasca de irresponsabilidades podem muitos familiares e amigos ser levados de roldão.
De igual forma ocorre no âmbito conjugal, assim se dá no campo profissional. É o viés ou inclinação do ser humano a essa dualidade, a não se firmar e decidir sem hesitação a uma opção de escolha. Tal bipolaridade é encontradiça até numa questão sanitária de grande relevância e prevalência, o controle ponderal. Quantos indivíduos vivem no seu perpétuo movimento do engorda e emagrece. É um demonstrativo bem consistente da condição hoje tão presente da bipolaridade humana, em tantos cenários da vida. Mas, que é muito merencório e instigante, da personalidade e das reações e expedientes do bicho homem, com os outros de sua espécie, disso talvez poucos divergem.
















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AS RELAÇÕES A DUAS PESSOAS
                                                                                                                                                         

Numa bela e boa imagem podem-se comparar ou equiparar as relações humanas com as reações químicas. E não precisa ser um graduado ou doutorado nas matérias ou ciências químicas ou físicas para assimilar tais preceitos. A vida, os seres vivos são compostos e harmonias de átomos, moléculas e cadeias de carbono, de hidrogênio, cálcio, oxigênio, cálcio, proteínas, aminoácidos, minerais, etc. 
Além desses elementos, toda a vida, o corpo humano enfim, é regido por uma cascata de energia. Tanto assim que essas energias, muitas delas, são mensuráveis, documentadas e registradas, nos mínimos aspectos e dimensões. Nesse sentido são exemplos empregados no dia a dia, os exames de eletrocardiograma, o eletro cerebral, a eletromiografia, entre outros recursos empregados pela medicina.

Quer um exemplo bem vivo e já vivido por todos? A dor. Ela nada mais é do que uma energia nociva (nociceptiva, como é o termo técnico) canalizada para nosso cérebro.
Nosso cérebro é um dos órgãos mais nobres e mais sensíveis. A dor tanto é uma energia negativa endereçada ao cérebro que a bloqueamos através da analgesia ou anestesia. O analgésico ou anestésico faz justamente esse papel de antídoto. Ele bloqueia a passagem dessa energia desagradável para os neurônios diferenciados em reconhecer a dor.
Portanto, está aqui o tema por pouco explorado, mas de um papel significativo. Relações humanas em analogia às reações químicas são complexas. Para mais clareza e fácil equiparação tomemos o exemplo de uma confeição de um bolo e o preparo para a vida conjugal. Muito há de semelhante entre esses dois empreendimentos. Em resumo: para o bolo. Os ingredientes são escolhidos a combinar. Farinha de trigo, o açúcar, ovos, leite. Tudo em proporções harmônicas. E o mais importante, o fermento bom e na dose ideal. Todos são reunidos, homogeneizados, batidos, misturados e levados para cocção (forno).
No forno há o tempo certo. Uma vez assado, tem-se ainda o confeito, quando se pode tornar esse bolo mais saboroso, seja com caramelo, com chocolate e outros elementos decorativos e gustativos. Aqui na composição do bolo o quão importante torna-se o componente fermento. Ele vai promover uma transformação química. São agentes biológicos, bactérias, leveduras, que atuam aumentando o volume e tamanho final desse apetitoso alimento. O fermento torna-se então o alimento mágico e chave nessa produção deliciosa e nutritiva.
No casamento, na vivência conjugal, em qualquer relação amorosa enfim, os participantes deveriam seguir as mesmas regras, os mesmos preceitos com as seguintes exigências: fulano está interessado em mim. Eu também estou com interesse nesse fulano. O que nos resta? Averiguar minuciosamente nossos ingredientes. Que virtudes e vícios temos em comum? É possível relevar algum defeito? O que há de mais substancial? Qualidades ou defeitos? Por fim, o amor que vem a ser o fermento das relações conjugais e amorosas. Um sentimento profundo, recíproco, cuidador, zeloso e respeitoso.
A arte de confeitar numa relação afetiva e conjugal consiste nesse perpétuo cuidado e lealdade ao outro. Assim a relação a dois ganha em volume e dimensão. O que se busca é carinho, colo e aconchego do outro, um porto seguro e sólido eternamente, tanto que muitas vezes se faz um juramento perante um religioso, um padre, um pastor.
Com exceção dos  bolos, as tortas e tantas outras iguarias, quantas não são as fórmulas químicas em que feitas as equalizações, as proporções corretas, a dosimetria dos elementos químicos têm-se produções magistrais e magníficas. Assim ocorre com os perfumes, os medicamentos de eficácia segura e comprovada.
De outro lado há também aqueles elementos e componentes nocivos e contrários, quando então produzem-se as toxinas, os venenos, os corrosivos, as bombas, no sentido de gerar ferimentos, dor, ódio, violência e morte.
Quando trazemos essa analogia à esfera e questão das relações amorosas e conjugais, a mesma natureza, os mesmos sucessos ou fracassos podem resultar. Nocividade, rancores, repulsa, antipatias, ódio.
Muitos são os jovens, homens e mulheres, namorados, casais enfim, que entram numa relação sem a observância desses preceitos, dessas regras elementares.
Todo amor, todo afeto, toda relação pessoal no âmbito conjugal necessita de todos os “ingredientes químicos afetivos”, temperados e medidos com doses equivalentes de prudência e razão, com vigilância e discernimento.
Muitos são  os desastres, as frustrações, os fracassos, o desamor, o ódio e outras desavenças “(des)amorosas”. Tudo resultado de paixões doentias e perigosas. E nesses termos, para infelicidade delas, mulheres. Muitas delas, são ingênuas e desavisadas vítimas de homens falsos, enganosos e traidores. Alguns(na  maioria os homens) vão ao cúmulo de virar agressores cruéis, torturadores e assassinos de suas companheiras. Isso não pode, não pode! Mil vezes não pode continuar ocorrendo nesse mundo tão rico de comunicação digital. Por que então, não se comunicar e conhecermos melhor nas relações interpessoais, antes de morar juntos, viver juntos, dormir juntos e compartilhar sentimentos e proximidade.  Não custa muito. Basta seguir os exemplos do preparo de um bolo ou torta para que a relação se faça certa.  
















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DINHEIRO E FELICIDADE
                                                                  

Em meus escritos semanais nunca falei em dinheiro. Primeiro porque não sou economista e depois porque fui educado compulsoriamente a não depender desse indigitado bem para a plena felicidade; embora ciente que ele (dinheiro) integra os itens da felicidade e sobrevivência da maioria das pessoas, inclusive a minha. 
 Ainda me lembra aquela emblemática frase de placa de caminhão, que bem expressa o que pensam muitas pessoas sobre o “vil metal”. Ei-la: “Dinheiro não traz felicidade, dê o seu para mim e seja muito feliz”. Aqui está bem revelado o espírito da coisa, sua excelência, o dinheiro. Não há saída para falar em dinheiro, sem falar em economia. É aquela ciência ou conjunto técnico que trata não só do dinheiro em si, mas sobretudo dos bens de produção, sua distribuição e relação de consumo.
 Uma curiosidade é que o verbete economia guarda  a mesma origem de casa ou domicílio e com uma explicação justa e coerente. Economia, vem do grego oikos, casa, domicílio. E aqui vêm as razões.
A criação da economia, sistematização de normas, regras e preceitos no manuseio de bens, de patrimônio, de custos e receitas, de tudo quanto há nesse mundo teve inspiração numa figura pouco lembrada até pelos próprios especialistas, os economistas. Trata-se aqui da própria dona-de-casa. Há um termo, caindo em desuso para referir-se ao ofício da mulher dona-de-casa, prendas domésticas, é o nome oficial da profissão (em desuso) de cuidar de todas as atividades da casa, do lar, da família e seus bens domésticos. 
Basta entendermos que uma casa, uma residência, o lar enfim, funciona nos moldes de uma empresa. Portanto, nada mais justo e digno, a ciência dos bens, patrimônio e dinheiro, a tão aclamada economia ter se inspirado na quase esquecida profissão de prendas domésticas, a injusta e quase esquecida e pouco valorizada dona-de-casa. Ela deve ser considerada a vanguardista e primeira economista da história da humanidade.
Esse conjunto de regras, taxas, índices; enfim, o tal do economês, uma boa dona-de-casa sabe de cor e salteado. E tudo sem calculadora, tabela ou planilha Excel. No frigir de tudo e análise de bens e patrimônio, todos, literalmente, todos deveriam ter noções, fundamentos práticos de economia e dinheiro.
Não há como desvincular dinheiro de economia, com a qual até se confunde. Quase sempre quando se depara com um economista, fica a impressão que ele pisca cifrão, real, dólar e euro. E quando se busca nas origens, o dinheiro registra uma história muito curiosa. Começa pelo seu léxico e semântica. O termo mostra  várias origens. Por exemplo ,do grego bizantino. Bizâncio era uma cidade grega, depois virou Constantinopla e atualmente Istambul, capital da Turquia.  Ou seja, é uma palavra nascida bem antes de Cristo e da filosofia grega.
No latim (influência do antigo império romano) dinheiro se grafa denarius, vem de deni e significa uma dezena. O dinar ainda é a moeda oficial da Argélia, do Barein, do Iraque, Jordânia, Líbia e Macedônia. Quando criança eu ouvia algumas lendas e contos de que há uma divindade do dinheiro, que se maltratada e contrariada pode deixar o ofensor ou agressor na lona, sem nada, quando tudo que o sujeito faz anda para trás. Ou seja, tudo dá errado.
Eu sempre tive tais relatos como fantasia e mitos. Mas, depois de maduro e calejado pela vida começo a desconfiar de algum ente, uma divindade qualquer que rege nossa relação com o dinheiro. Temos que imaginá-lo não como a única e última condição para a felicidade. Ele contribui como parte, não como essência, porque antes da essência temos a existência que deve se sustentar em muitos outros valores imateriais, espirituais e metafísicos.
Na era pós internet, virtual e grandemente digitalizada, há  como que um culto, uma religião ao materialismo ao dinheiro. Esses tempos da chamada hipermodernidade têm levado as pessoas a outro sistema de vida, ao consumismo. É a modernidade líquida, conforme teoria de Zigmunt Bauman (filósofo polonês, 1922-2017). Nós nos tornamos consumidores. De tudo. Do material, da posse, do se mostrar visível e curtido (likes) nas redes sociais, na imprensa, nas mídias. As redes sociais tornaram-se os objetos mais consumidos pelas pessoas. Para tanto, elas custam dinheiro porque os instrumentos (smartphones), custam muito dinheiro. E o estado online também custa dinheiro, porque as operadoras cobram alto pelos sistemas de comunicações mais velozes.  
Dinheiro não é tudo, nem essencial, porque antes disso eu sou um ser existencial( A existência precede a existência – Sartre). Dinheiro e economia,  se mal compreendidos trazem muita agonia. O que há de consenso é que deve lidar racionalmente com ele. Se não é tudo, chega uma  hora que faz muita diferença mesmo. “Não é mais rico quem tem mais, e sim quem precisa de menos”. “O dinheiro compra até amor verdadeiro”.  Nelson Rodrigues



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JESUS E MARIA EM NOSSA IMAGINAÇAO
                                                                               



  O padrão de beleza que o mundo capitalista e consumista, que a indústria da cosmética e da beleza nos apresentam hoje constitui um farsa, um grande embuste. Trata-se de uma assertiva forte e ousada. Se assim não for, eu registro outra que se mostrará mais contundente e reveladora. Os modelos de beleza, de uma pele, de cabelos, de rostos e físicos perfeitos são contrafações e fraudes do que eram ,por exemplo, um Jesus Cristo e Nossa Senhora. Em outras palavras, os padrões e design de beleza, aos olhos da história constituem em uma autêntica heresia ou simonia (tráfico de coisas e símbolos sagrados) do que eram Jesus e Maria, fisicamente falando, carnalmente falando, anatomicamente falando.
Quem disse que Jesus era esse homem de rosto anguloso, olhos azuis, cabelos belos e longos, porte esbelto e atlético, lembrando um corredor olímpico de alta performance física? Todas essas imagens estilizadas, plenas de garbo, de linhas harmônicas e simetria foram imaginadas, fantasiadas pela sociedade, pelo mundo capitalista, consumista e da beleza.
 Ao que sugerem os estudos científicos de arqueologia, de antropologia, Jesus tinha um biótipo e feições completamente diversos de tudo que o mundo nos apresenta. Notadamente o mundo cinematográfico, fotográfico, iconográfico e da beleza. De igual argumento, com base nos mesmos estudos étnicos e antropomórficos, as ideias e modelos físicos de Maria, a Mãe de Jesus. Ao que nos aproximam todas essas compilações científicas, Jesus era completamente estranho e distante de todas as pinturas, retratos e esculturas do que nos mostra a sociedade civilizada. Um homem mulato ou moreno, de estatura mediana, biótipo normolíneo, rosto redondo e cabelos em carapinha.
 Em suma: tudo que a sociedade do consumo, da beleza e da moda nos passa de Jesus e Maria revela uma idealização e fantasia. E isto seguramente gera impacto e grande apelo nos exemplos e formatos de beleza e corpo, vendidos e impostos às pessoas. Tudo uma criação humana e contrafação.
 Quando se fala em modelo de beleza e corpo perfeito dois mundos ou duas tendências devem ser confrontadas porque se revelam antagônicas ou contraditórias. A primeira dessas tendências refere-se ao consumo gastronômico; e a segunda à do corpo perfeito, belo e na harmonia e formas ditadas por essa mesma sociedade; ao apelo, ao prazer do comer, dos festivos e felicidades da mesa; das libações alcoólicas de toda natureza. Indireta e subliminarmente têm—se os apelos e os incitamentos à que toda felicidade e toda recompensa estão postas à mesa, nos vistosos, coloridos e odoríficos nacos de comida. Os apelos e convites podem ser assim expressos e sugeridos: comam, empanturrem, bebam à revelia. A vida, o gozo, a felicidade estão  nessas apetitosas iguarias, nessas inebriantes e psicotrópicas bebidas. Comam e embriaguem-se à vontade , eis os apelos do mercado.

Em paralelo a todos os gozos e orgias da boca e do baco vieram as tecnologias da mobilidade e do imobilismo humano. Da imobilidade, através de todos os meios de transporte, do imobilismo através de todos os controles remotos. Ninguém precisa de ir à padaria a pé, ninguém levanta-se do sofá para ligar a televisão ou do carro para abrir o portão da garage. Estão em curso até invenções de ginástica virtual, nada de esforço ou transpiração da pele.
 Como consequência há  o paradoxo ou contrassenso dos diversos graus de obesidade e deformação corporal. Nessa fase entra então outro mercado consumista com seus apelos e marketing da moda, da beleza, do corpo turbinado e perfeito.
 Surgiram então a indústria da beleza, e a medicina da estética e plástica corporal. Se da felicidade da boca e do estômago vierem mais gorduras localizadas, mais abdome em pneu, r sobrepeso, para que preocupar? Fazem-se lipossucção, abdominoplastia! As mamas que já eram avantajadas tornaram-se gigantes e um peso a mais para coluna vertebral? Cirurgia de mamas(mamoplastia)! Se pequenas também por genética e constituição, surge um  jeito. Podem ser turbinadas com silicone e outros implantes.
 E tantas outras lipos quanto necessárias para o alcance da beleza esculpida nos moldes da moda de momento. Um alerta que se faz em tantas técnicas de aspira e corta é que tira-se a gordura e banha exterior. Mas, aquelas entranhadas nas vísceras, coração e artérias lá ficam ocultas. Como se nitroglicerinas ou ferrugem estocadas fossem. A qualquer hora podem romper ou causar obstruções circulatórias que resultam em infartos ou AVCS(derrames) de alta taxa de sequelas e mortalidade. Está aí o preço que se paga pela zona de conforto, pelos prazeres orgíacos da comida e libações etílicas.
 O que se quer deixar desse artigo como mensagem final é que a mulher, muito mais do que o homem tem sido vítima da sociedade de consumo e da beleza. Há uma busca neurótica pela magreza como o modelo de corpo perfeito, pelo tamanho de partes anatômicas e contornos corporais. As diretrizes impostas pela indústria e profissionais da cirurgia plástica têm sido reducionistas. Elas trazem implícitas a mensagem de que a mulher se resume em seu corpo e contornos anatômicos. Isto é uma fraude, uma fantasia, um engodo. Porque a mulher é o seu interior, o seu pensamento, o seu coração, a sua alma, o que ela traz  de intelecto e bem-estar interior. O corpo é apenas uma parte disso. Nada mais. Ou será que se disse alguma abobrinha, alguma platitude ou futilidade aqui. Há que se pensar.  Com a palavra, elas , as mulheres.




























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UMA GERAÇÃO EM RISCO

                      




O nascimento da internet e toda sua prole de redes sociais permitiram a que surgisse uma legião de jovens em risco de perdição. Uma geração de pessoas abestalhadas. São adolescentes e moços que perderam o bonde do progresso. A prole da internet, só para lembrar são todas as redes sociais como WhatsApp, Twitter, Facebook e Instagram. Além de muitas mídias e YouTube. Quando se fala em bonde do progresso, faz bem esclarecer que toda tecnologia, a exemplo da internet, foi concebida e criada para acrescentar bem-estar e qualidade de vida às pessoas. Além de constituir-se em um recurso e ferramenta que propiciassem aquisição de cultura e conhecimento.
Para essa multidão de novos usuários das gerações Y e Z nada dessa utilidade vê-se fruída como crescimento cultural, profissional, ascensão   social. Levas e levas de gente vêm se entregando a futilidades, à uma vida vazia e sem finalidade, sem significado, sem projetos de construção, de melhora pessoal, profissional ou social.
Ao que parece, pelo andar do bonde das futilidades, por esse estilo de vida vazio e sem importância, estamos vivendo o chamado império da mediocridade. E o diagnóstico, fundado no conjunto de sinais e sintomas, dessa era vazia do útil e construtivo salta aos olhos em um exame raso em todas as searas, recantos e ambientes sociais. Sejam esses espaços nos lares, nos espaços públicos, nos ambientes escolares e recreativos.
Vamos aqui imaginar o ambiente familiar, na relação pais e filhos, no que deveria constituir a primeira e mais sólida educação do indivíduo. Nisso, assim creio, todos são convergentes e anuentes.
No chamado aprendizado seminal, na chamada educação de berço é que se plasma e constrói todo a ossatura, a estrutura da formação da criança, do adolescente, do jovem e futuro cidadão.
A noção, o senso ou contrassenso de educação têm-se degenerado em tão alto grau que a tendência de muitos pais e famílias tem sido a terceirização dessa educação fundamental; na constituição e forja do caráter, na índole e cabedal ético, cívico e social do indivíduo. Tais princípios resultam deletados nesses nossos tenebrosos tempos virtuais e de futilidades.  
Toda criança uma vez nascida pode equiparar-se a um metal precioso em meio a ganga, em forma rústica, bruta, crespa e pedregosa.
Seria como um metal raro semelhante ao ouro ou prata ou uma pedra preciosa a exemplo da safira ou diamante. Todavia, apresenta-se essa criatura em germe, como uma flor ainda abotoada, rude, rugosa, sem nenhuma informação sensorial. O que devem fazer os primeiros cuidadores?  Tarefa que incumbe por dever original aos pais. Tanto melhor e mais frutífera e eficaz, se for os dois, pai e mãe. Essa missão original de educar um filho deveria ser indelegável, nunca transferida a quem quer que seja. A não ser que esses genitores não tenham aptidão moral e intelectual para tal mister, de tão alta responsabilidade e nobreza.
Se não há aptidão moral, intelectual ou econômica, então já houve um erro e um crime na origem, porque se um pai ou uma mãe não reúne condições morais, mentais e socioeconômicas, não deveria então ter o direito de gestar ou gerar um filho. Seria uma aberração comportamental e de caráter.  Como procriar se não mostra capacidade para criar e educar? Mais do que condições econômicas o indivíduo necessita de um curriculum ético e moral, uma conduta proba e ilibada para gerar, criar, educar e formar um filho.  Gerar e criar, faz-se com um cachorrinho, um gato. Com gente é muito diferente e mais nobre.
Quando se traz à baila a questão da relação tecnologia e educação vem logo a memória de todos o expediente ou recurso da babá eletrônica, quando do surgimento da televisão no período pré internet. Como se dava o recurso ou emprego da babá eletrônica? A mãe ou babá não tinha como fazer as tarefas domésticas e ao mesmo tempo brincar com as crianças. A saída então era deixar a criança à frente do vídeo de TV ou videogame. Ou seja, essa criança em detrimento de brincadeiras e entretenimento lúdico e pedagógico tinha uma única diversão, assistir a programas na televisão, desenhos animados ou manusear videogames.
Um grande dano na educação e formação dessa criança constata-se na sua ida para a escola. Como aprender as primeiras letras, números, a desenhar e escrever, se o cérebro em formação recebia tudo pronto em formatos, cores e sons? Quanto atraso e déficit de aprendizagem nesse recomeço. Em geral quando vão para a escola elas já assistiram 2000, ou 3000 horas de vídeos, jogos e programinhas infantis na TV.
Hoje, em tempos virtuais e digitais, surgiram as babás virtuais e digitais. São todos os instrumentos de informática e de mídias. São os notebooks, os smartphones, os tablets, os ipads.
Muito longe de se criticar negativamente, praguejar e demonizar os recursos, as tecnologias digitais e da informação. A deformação está no emprego precoce dos instrumentos de mídia. Basta ter presente que o aparelho celular hoje transformou-se em um mini computador de mão, onde se acessa irrestritamente qualquer site. Tem-se de tudo, troca de mensagens, games, jogos sem censura e tráfico de toda ordem.
As famílias, os pais, tutores e monitores das crianças e dos filhos encontram-se embevecidos com as ofertas da internet e redes sociais. As crianças crescem nesse ambiente mágico e colorido. Elas não interagem com os amiguinhos, não brincam, não têm atividades lúdicas e contatos pessoais. Não leem, não rabiscam, não escrevem, não somam sequer. Por isso, da geração classificada como Z ou nascida imersa na internet surgiu  essa legião de nerds, turmas de perturbados mentais e totalmente alienados do convívio social.  São os nossos adolescentes e jovens de hoje, os cidadãos que comporão o mundo de amanhã. Que mundo será esse em construção?  O mundo que quero para meus filhos, vai depender dos filhos que educo para esse mundo. “ Seja a transformação que você quer no mundo” – Mahatma Gandhy.

















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ÉTICA E HONESTIDADE
                                                              


Se existe  um atributo, uma característica que mais diferencia uma pessoa da outra se chama honestidade. E aqui pode-se abrir uma enorme chave porque ela é referida com vários outros termos, verbetes e sinônimos. Na essência, como intenção e objetivo são a mesma ideia. Quer alguns exemplos? Lá vão: ética, decoro, decência, correção, bom caráter, lealdade, entre outros.
A honestidade, "honestamente falando" merece até uma sistematização, uma classificação que seja. Existe  aquela, simplesinha, mas que se memorizada e guardada já vale a pena. Pode-se dividí-la em natural e imposta. A de causa natural seria aquela honestidade que se cultiva e se pratica por um pendor ou inclinação intrínseca ao indivíduo. Muitos a nominam também de berço, de família ou hereditária. Porque de fato, não é que o sujeito nasça com a vocação, já com o aprendizado da honestidade. Ela, assim como a virtude e a ética deve ser ensinada. Trata-se, nessa natureza, de um atributo exercitado, praticado e intrometido na consciência e valores morais do indivíduo. 
O grande pensador Aristóteles já admoestava sobre a ética e a virtude, como valores morais a ser ensinados às crianças e jovens. A sociedade grega dos tempos de Aristóteles dava tanto valor à honestidade e à ética que havia escolas e mestres dedicados a essas disciplinas. O próprio Aristóteles era um mestre no ensinamento da disciplina. É dele, a obra Ética a Nicômano, uma espécie de manual para o próprio filho. Felipe II , imperador da Macedônia, contratou Aristóteles para educar o próprio filho, Alexandre- o grande, que também se tornou imperador.   O livro ressalta como um compêndio, um código de vida e de ética a Nicômano. Todavia seus ensinamentos são atemporais, anterior e posterior a qualquer cultura e civilização.  Vale a dedicação de sua leitura.
A honestidade classificada como imposta é aquela contida numa infinidade de leis, de códigos, de normas, de convenções, de contratos, de redação legislativa, de ajustamento, de posturas, e os tão conhecidos códigos de ética profissional. Muitas são as empresas, órgãos públicos e privados, autarquias que editam seus códigos de ética. Os governos em todos os seus níveis possuem as suas diretrizes de como comportar-se, de como relacionar-se com as pessoas fora e dentro da empresa. Até no concernente às relações afetivas, nos termos, palavras e cumprimentos, nas questões relativas aos tão propalados assédios morais e sexuais. Ou seja, há uma nítida preocupação dos executivos e gestores de recursos humanos com as questões atinentes à honestidade e com a ética. Porque na intimidade são atributos que se fundem e se confundem. E com absoluta razão. Honestidade e ética são gêmeas siamesas.
Muitas empresas têm hoje uma cartilha de relacionamento interno de nome até pomposo, porque foi importada do inglês. Compliance (pronuncia-se complaisse). Como tantos outros anglicismos, ela anda muito em voga. Como quase tudo, quando importado mostra mais valor. Improbidade administrativa, orientações contra corrupção e lavagem de dinheiro. Resumindo em uma única palavra, honestidade. É isto que recomenda a tão pronunciada compliance.
Quando se fala em conduta humana faz-se necessário buscar noções de sociologia, de antropologia e mesmo na psicologia comportamental e filosofia. Por instinto, natureza e ancestralidade o homem é um animal rapace(que furta e rouba) e desonesto. Grande parte da humanidade não rouba, não corrompe ou deixa-se corromper, não exibe atitudes ímprobas, não trapaceia e comete  tantos outros atos indignos e desonestos pelo temor da punição. Simplesmente pelo medo do castigo; seria a ética por coerção, pelo medo da Justiça.
Em algumas civilizações, países e comunidades, a maioria das pessoas conduz-se honestamente porque tem a cultura, os ensinamentos e os exemplos de honestidade. Tal assertiva, a do homem como um animal desonesto, tem sido ratificada em estudos e experimentos sociais. E nem esses estudos observacionais são necessários. Imaginemos, por exemplo, os relatos de objetos perdidos, uma carteira contendo documentos e dinheiro. Quantos desses achados são integralmente devolvidos? Os casos são de exceção e contemplados com honrarias e condecoração pelas autoridades. Pontualmente, a própria mídia, as televisões, relatam e divulgam casos de perdidos e depois achados e devolvidos por pessoas anônimas, por trabalhadores braçais e humildes, os chamados invisíveis da sociedade. 
São tão excepcionais que são aclamados e merecedores de honrarias e compensações sociais ou pecuniária pelo feito. O normal seria todos que achassem algo alheio que devolvessem, se não ao dono, a alguma autoridade, para que buscasse encontrar o verdadeiro proprietário ou destinasse o bem a alguma instituição filantrópica. Por ética e mesmo previsão legal, um achado não é de quem o encontrou. Ele deve ser entregue a um órgão de governo para a correta destinação  desse bem.  
A tendência e inclinação natural do ser humano à desonestidade são de tamanha magnitude que foram necessárias a criação dos códigos de conduta. Não seriam necessários, se majoritariamente, o homem (gênero) tivesse o tropismo, a atração pela honestidade. Assim, o Estado, as empresas públicas e privadas tiveram que regulamentar a honestidade. Daí então foram editados o código civil, o penal, o código de defesa do consumidor, e os códigos de ética das categorias profissionais.
Por isso que afirma-se em alto e bom som: honestidade e ética são puras e verdadeiras quando exercidas por um impulso natural, de berço. Porque com as cartilhas impostas, o sujeito as pratica por medo de punição e de cara feia. É o que ocorre com muitos médicos, advogados, funcionários públicos e outros agentes públicos e políticos. Aliás, como referiu um dia o filósofo cínico Diógenes, e até parodiando-o, procura-se um político(homem) honesto.  Muitas lanternas e faróis serão necessários nessa empreitada.



















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HOMENS E TEMPOS DEVASSOS
                                  



Nós brasileiros estamos vivendo tempos tão esquisitos e anômalos que nos causam arrepios. Estranhamentos que sentem todas aquelas pessoas de bem, críticas e sensatas. E essas pessoas existem, são elas que nos dão esperança de um país, de um mundo melhor e mais decente.
Eu fico a imaginar horas a fio sobre tantas esquisitices, a imaginar, com um certo saudosismo do que foram os tempos na antiga Grécia, dos filósofos Aristóteles e Platão. Só de ler suas obras traz-me essa saudade.  Trago esses dois pensadores como exemplos. Vendo hoje o que se passa nas democracias mais importantes do planeta, esses sábios certamente estão se remexendo nos túmulos. Porque está de dar espasmo e contratura. Basta levar em conta o que se passa no país ianque de Donald Trump e na Rússia de Vladimir Putin e em nosso Brasil. Vários  políticos encarcerados, outros com várias denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro, como o afirma o Ministério Público Federal.
Se levar em conta algumas repúblicas democráticas latinas então, o sujeito bem pensante e crítico humanitário vai pedir: “me tira o tubo”. Tubo no caso seria o catéter de oxigênio que mantem o sujeito vivo, em uma UTI. Imagine a que ponto chegaram as coisas em nosso país. Dá vontade de morrer a perpetuar o atual status quo. “Pare o mundo que eu quero descer/Por que eu não aguento mais noticias de/ Corrupção, violência que não param de aumentar /E pensar que a poluição contaminou até as /Lágrimas e eu não consigo mais chorar”, Raul Seixas.  Raul, que viveu 100 anos à sua frente. Ele se foi e  nada mudou do que cantou. Seu versos soaram como proféticos.
O estado estrambótico e de anomalia é tão medonho que causa pasmo e paralisia nas pessoas honestas e de boa índole. Em todos aqueles indivíduos que além de cumprir as leis e imposições oficiais, têm a vocação para a prática da honestidade, para o bem e são virtuosos. Eles existem e nos dão esperança de uma vida melhor e mais decente.
Ética e virtude são qualidades em escassez em nossa sociedade, sobretudo na classe política que governa, na classe parlamentar que elabora as leis, e muito mais melancólico, na classe que é escolhida para fiscalizar e aplicar toda legislação, principalmente os códigos penal e civil e nossa constituição. Esta que foi criada sob os auspícios do falecido deputado Ulisses Guimarães, em 1988, e por ele mesmo batizada de cidadã. Se cumprida fosse em sua metade a nação não estaria convalescendo de tantas crises. Quem fiscaliza e aplica as leis é o Judiciário, aqui representado pelas varas de Justiça, as instâncias de Jurisdição, que são 4, 1ª até a 4ª, o supremo tribunal federal, que fica em Brasília. Até o nosso supremo anda tomando decisões que nos tiram o sono.
Para melhor contexto e sair de discurso, tomemos alguns casos chegadinhos de fresco. Como aceitar ou explicar que um congresso tenha quase um terço de seus membros, ou denunciados ou réus no supremo tribunal federal (STF)?
  E continuem (seus membros) no estilo LSD; que em tradução libertária é o mesmo que livres, soltos e desinibidos, conforme o refrão, sem lenço, sem documento, como ainda o canta nosso poeta e compositor Caetano Veloso (da música alegria, alegria).
Pior do que isso é imaginar que nossas leis, nosso ordenamento jurídico, e o regimento interno ou “compliance” do congresso permitem que um parlamentar em regime semiaberto durma na cadeia e durante o dia exerça sua função na respectiva casa legislativa (elaborando nossas leis). Não pode haver excremento e excrescências mais fétidas! Com todo desrespeito a que faz jus as nossas casas legislativas.
Imagine outras aberrações “democráticas” de mesmo quilate ou de igual insensatez. Um político em atividade tem o mandato cassado ou impedido porque cometeu entre outros crimes o de corrupção, desvio de dinheiro público para si, para apaniguados e parentes. Todavia, nada mais lhe é cobrado, sequer tomado do larápio o dinheiro roubado. Que anomalia, que monstruosidade democrática é essa, onde não há lei que a pune e cobre o dinheiro de volta?
E assim são outras malformações de nosso sistema republicano e democrático. Ministro do supremo de espírito maria-vai-com-as-outras! Porque muda de opinião e de voto conforme as conveniências de momento e pela amizade que cultiva com escritórios de advocacia que defendem criminosos ricos e poderosos.
Que sistema político é o nosso ou que constituição é essa que permitem coisas tão esdrúxulas, feias e indecorosas? Como imaginar um candidato a chefe de Estado que responde a vários inquéritos e processos na justiça? Como digerir que um sujeito com esse perfil, faça comícios pelo país, afronte e desdenhe da justiça de forma tão cínica e ostensiva, em todas as suas passeatas com seu séquito de bajuladores e seguidores?
Porquanto eu reafirmo em conclusão. Todo esse sistema e ordem de coisas estão erradas nos seus fundamentos e regras na escolha dos governantes e representantes pelos representados. Numa frase, escolha do presidente, deputados e senadores pelos eleitores deveria ter critérios mais rígidos como faz-se para outras funções como na magistratura, ministério público ou procuradoria geral da república. Para ser eleitos, os governantes deveriam ter no mínimo um curso superior de administração pública ou ciências políticas. Isto para os eleitos. Para os eleitores no mínimo um estágio-treinamento para o voto, lições de discernimento, noções de livre-arbítrio no ato de votar, princípios de ética e consciência livre na hora de escolha dos governantes. Assim já seria um começo de mudança, quem sabe para ter um bom fim.   












                                                                                                                                                         
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UM PAÍS COM ESPERANÇA

                          




Quando percorremos este Brasil, tão conflagrado e convulsionado politicamente, com escaramuças de xingamentos e acusações entre os poderes, brotam em nosso íntimo otimismo e esperança. Esta energia alentadora remanescente no fundo da caixa de pandora (a esperança). Comigo, pensam e sentem, muitos dos que campeiam e perfilam esse imenso Brasil. Porque na verdade tem sido esse o cenário, têm sido essas as tendências postas à nossa frente. Uma nação em que as instituições, a moral, os valores cívicos estão se esfarinhando, se esgarçando, sendo carcomidos pela corrupção, pela imoralidade política, pela gestão administrativa e funcional, sob os auspícios e gerência dos que nos governam.
Não podemos esmorecer em ânimo e nem ter ilusões que estamos salvos. O cancro, o abismo, as aves rapinantes estão sempre à espreita para nos engolir cada vez mais. Os sistemas, os esquemas, as combinações, as medidas provisórias ou permanentes e tantos outros arranjos tornam imprevisíveis afirmar sobre o que virá a cada amanhecer. O presente tem sido de insegurança, o passado perturbador e o futuro atormentador. O que será do povo brasileiro, o que farão do Brasil os nossos mandatários?
Torna-se pertinente lembrar uma frase do ex ministro da fazenda, Pedro Malan. Numa certa reunião para deliberar sobre questões financeiras ele saiu com essa: “No Brasil as coisas andam tão esquisitas que até o passado está imprevisível”.
 E de fato soa verossímil a assertiva do economista Malan. Quantas não são as decisões editadas no passado que são revogadas anos depois? Quantos não são os atos, as medidas, os decretos, regulamentos de um governante anulados e cancelados pelo governo sucessor?
Quer exemplos bem chegadinhos de fresco? A tal decantada e recitada prisão após julgamento em 2ª instância. Várias autoridades, políticos e segmentos da sociedade estão aflitos, clamando pela mudança da decisão já tomada pelo supremo tribunal federal (STF). Têm ministros do próprio STF que já pronunciaram vão reverter e seu voto. Em sessão para tal fim ele, O SUPREMO, votou favorável à prisão após condenação em 2ª instância. Agora, querem mudar de novo, olha o passado imprevisível aí, como cravou o ex ministro Malan.
Há ministro de nossa excelsa Justiça que muda de voto e de opinião conforme sopram as notícias ouvidas. Ele muda de voto ao deus-dará.  E assim ocorre com tantos outros homens de governo, assim ocorre com o congresso nacional, com o executivo e instâncias menores do judiciário. Por isso, tinha razão Pedro Malan em tascar essa de que até o passado, em se tratando de política brasileira é imprevisível.
O que se tem então de alvissareiro é o confronto de um Brasil obreiro, de uma banda de pessoas operosas e trabalhadoras, que plantam, que produzem, que constroem, que são honestas, solidárias, fraternas e ordeiras, com outra banda que nada faz e parasitária.  Para tal confirmação basta permear, palmear, percorrer alguns rincões e regiões do país e lá são avistados os trabalhadores no campo, nas construções civis, em infraestruturas, em estradas e rodovias.
Nos cenários públicos basta olhar com interesse e admiração o que fazem as forças armadas, as diversas polícias, os bombeiros civil e militar, os órgãos de defesa civil e fiscalização, as agências reguladoras. Vejamos a atuação combativa e eficaz de nossa polícia federal e do ministério público; no combate a tantos crimes internos e transnacionais! O papel em logística dos correios.
Todos esses exemplos constituem o lado bom, ordeiro, honesto, produtivo e construtor de nossa nação. E não se pode perder de vista e consideração, nesse confronto e paralelo, a banda podre, putrescente e malcheirosa de nossa sociedade. Aquela que não produz, nada faz, parasita, que é predatória e comensal.
Nesse sentido, torna-se fácil e bem assimilável esse cotejo, entre o Brasil produtivo e trabalhador com o Brasil que nada faz, nada produz. Aqui representado, esse Brasil do nada, e improdutivo, de pessoas vagabundas, parasitas e comensais. São parasitas e comensais do governo, dos órgãos previdenciários, da sociedade, das famílias, dos pais com míseros bens e salários de aposentadorias.
Aqui e ali, excluem-se os profissionais e poderosos da corrupção, esses que ainda que a justiça os condene ou não já estão nos círculos profundos do inferno, ao modo e meios previstos na Divina Comédia de um Dante Alighieri.  Que esses gatunos e ladravazes brasileiros tenham os mesmos destinos daqueles nessa magnífica obra de ficção do  grande escritor romano.  Porque são os grandes malfeitores da humanidade, roubam o dinheiro mais sagrado como o que deveria manter as creches, as escolas e hospitais públicos.
Nesse grande rebanho de pessoas que nada fazem e nada produzem, encontram levas e levas de jovens, moços e moças, completamente entregues aos expedientes fúteis e aos apelos da mediocridade. E assim o fazem impelidos e aliciados pelo sistema de consumo e marketing do “admirável” mundo da internet e das redes sociais. Esses vêm engrossando as filas e cordões dos indivíduos que não leem, não redigem, não pensam e nada criam. E para quê. Tudo agora já vem pronto. É o império das futilidades, irmanado com a vigência da mediocridade, tão em voga e vigência de nossa intitulada hipermodernidade.
Mas ao cabo e termo das coisas, o bem, o trabalho, a honestidade da banda construtiva e produtiva do país hão de vencer. É só participar e acreditar.  Quem trabalha sempre alcança , já diz o antigo provérbio.

















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DAS FUTIMEDIOCRIDADES








Todos aqueles e aquelas pessoas seletas, as do escol de nossa sociedade, que observam, que pensam, que portam uma crítica racional devem ter a mesma conclusão no que concerne e tange às escolhas e preferências da grande  maioria das pessoas da sociedade brasileira. Na sua imensa composição, elas encontram-se na absoluta futilização e mediocrização da vida. Tornou-se um estilo, um modo de viver; que vai desde os hábitos alimentares até as opções religiosas. 
Tal tendência, a fútil e medíocre maneira de tocar a vida, começa na própria escolha das relações sociais. Refere-se ao princípio ou diretriz lé com lé, cré com cré. É o princípio antagônico ao das propriedades químicas. Porque dentro da fisioquímica a propriedade ou princípio benéfico é a atração entre os opostos, positivo com negativo, próton com elétron, ou quando muito próton com neutrino.
No campo social, não. Aqui quanto mais semelhança mais atração. Então pode-se esperar, mediocridade, mais mediocridade com futilidade, ainda mediocridade, sempre mediocridade. Se bem comparada, a vocação e afeição pela mediocridade vão no mesmo pendor do mal e da ilicitude. Percebam as pessoas o quanto tais preciosidades pegam mais do que sarampo e gripe suína (H1N1, H3N2). São criações malignas que parecem levadas por nuvens e ventos. E tudo se vai por efeito dundum ou dominó.
A coisa ou propagação dá-se nesses termos. E para tanto foram criadas a internet e as tão declamadas redes sociais. Elas não levam culpa, apenas facilitaram a difusão de tão frívolas ocupações. Então estabelece a  origem assim:   fulano, sicrana ou beltrano, não importa a identificação, então, ele ou ela relatou que tal coisa, gênero tal e qual, tal maneira de tocar a vida têm esse e aquele prazer, um resultado tal e até um estado de felicidade. Pronto, de plano, sem nenhum crivo racional ou crítico o sujeito estabelece a sua plena aderência. Sujeito aqui com duplo sentido, porque não importa o iniciante e iniciado.  Sujeito de sujeitar-se, particípio passado, aquele(a) que se subjuga à vontade de outros sujeitos, que torna-se dócil, obediente, cativo.  Outro significado de sujeito pode ser lido como o sistema reinante, as tendências medíocres e fúteis da sociedade, as novas ondas de vida, esses segmentos constituem os sujeitos (agentes) iniciais atraindo outros sujeitos(submissos) que são embalados na mesma onda reinante.
O que há  de certo, de concreto, de longe ou perto é que a mediocrização infiltrou em todos os cenários e searas da vida. A começar pela forma de subsistência da pessoa. Mas como assim?
Na própria culinária, na tão comezinha e rotineira maneira de alimentar-se. Os hábitos alimentares de nossa sociedade, analisados de forma racional, neutra e sem sectarismo beiram à insanidade mental ou idiotização. Torna-se um simples raciocínio, muito além de mera conjectura. Hoje eu me empanturro de tais e quais alimentos apetitosos, em orgíacas e patuscadas comezainas e amanhã eu me curo e me cuido. Que eu chegue à obesidade mórbida ou obstruo minhas artérias, que eu acumule minhas adiposidades corporais ou meus pneus. Mas, vai ter cura, a Medicina, está aí para isso. 
Uma vez atingidos esses cúmulos e morbidades faço umas lipos (cirurgia de lipoaspiração), algumas plásticas de abdome. E para minhas artérias? Até para elas criou-se uma solução. Existe uma tal de plástica arterial, que no medicinês chamam-na de angioplastia, que consiste na extração da gordura ou colesterol do íntimo dos vasos. E nesses avanços da medicina já existem até prótese arterial, os populares stents; stent, mola arterial que dinamiza a circulação. Com uma ressalva a se registrar, todos esses aparatos da modernidade quando não se tem os tão repulsivos e indesejados infartos do miocárdio e de tecido cerebral, cuja mortalidade beira os 50% dos acometidos de tão devastadoras e catastróficas surpresas que são.
Então conclui-se que dar-se aos tão fúteis e prazenteiros hábitos da vida moderna, pode ser uma roleta russa, um jogo de azar. Vai que comigo não aconteça nada de mórbido e nocivo em minha saúde orgânica. Quando eu tiver mais idade eu me cuido, a Medicina está aí para isso, e de plantão os seus profissionais urgencistas e emergencistas. 
E assim segue a toada das futimediocridades. Na música ,por exemplo, temos a contracultura e a contrapoesia. As melodias encerram genuínas barulheiras, ruídos de romper as nervuras timpânicas.
E assim prosseguem as pessoas em suas humanas e bestiais mediocridades. Sejam na gastronomia, nas modas de vestir, nas opções de lazer e entretenimento. A mediocridade e frivolidade da sociedade atingiram tão alto nível que elas são praticadas à exaustão nas relações sociais, nas religiões e nos critérios e aplicação da justiça.
Imaginem, nossos diletos leitores(as) essa quintessência. Os conceitos e sentidos de justiça têm se invertido. De forma a que juízes e magistrados vêm pendendo para o outro lado. Eles têm se  tornado os crés com crés e lés com lés. Se misturando e se tornado como os de mesmas igualhas do mundo bandido e criminoso. Quem nesse descalabro poderá nos salvar?
“A primeira coisa de que v. mercê se deve lembrar é que cada um é como cada um; lé com lé, cré com cré; cada qual com os da sua igualha” Antônio Feliciano de Castilho.    As pessoas cuidam da vida alheia,
pra compensar a frustração de suas vidas fúteis. 
Leandro Costa















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O PREÇO DO SOL E DO VENTO







Aqui no Brasil existe uma obrigação que qualquer cidadão, inclusive o analfabeto, tem uma verdadeira antipatia por ela. Se alguém adivinhou, parabéns! É esta, imposto. O nome por si só já gera uma certa ojeriza e repulsa porque revela-se opressivo, absolutista e tirânico. Mais que isto, é injusto e desonesto. Porquanto deveria retornar aos pagantes e contribuintes sob a forma de serviços. E nada disto chega de forma digna às pessoas pagadoras.
Por uma simples questão diferencial, imposto não é sinônimo de taxa. O imposto se mostra tão injusto que o governo cobra sem a contrapartida na prestação do serviço. São os casos, por exemplo, de uma profissão autônoma. Mesmo o indivíduo não trabalhando, ele tem que pagar ao conselho da categoria, para ter o direito daquele registro. De um imóvel seria outro tipo. O proprietário utilize ou não aquele bem ele se vê obrigado (imposição legal) de pagar imposto daquela propriedade. Taxa, refere-se a um percentual de um serviço prestado, sempre.
O Brasil, notoriamente é um país campeiríssimo em tributação ao cidadão. Beira aos 38% do que o cidadão ganha, compra e consome. Agora pergunte o quanto e com que qualidade o brasileiro recebe de volta? Praticamente nada. Se comparado a outros países como Suécia, Suíça e Escócia, seriam justos tantos impostos para tantas necessidades do contribuinte. Porque nessas nações europeias, o cidadão paga  est muitos impostos mas há também um justo retorno como educação de qualidade, saúde digna, segurança eficaz, serviços públicos outros eficientes e rápidos, obras de infraestrutura garantidas e justiça na sua acepção a mais próxima do ideal.
 Fazendo então esse paralelo, basta perguntar: quantas vezes eu fui bem atendido pelo SUS? Em situação de emergência o paciente morre por absoluta falta de atendimento; por omissão do estado; como aliás é comum ocorrer em muitos cenários da vida brasileira.
Dois outros setores mostram bem o quanto os brasileiros são desassistidos. Segurança pública e rodovias. Juntando essas duas omissões do país, são 120.000 mortos por ano. Ao sair de casa o indivíduo possui dois grandes riscos: ser assaltado e executado ou morrer nos crimes de trânsito, por motoristas infratores, e também em acidentes nas estradas mal conservadas.
E aqui não precisa nem trafegar pelas rodovias. A violência provocada por infratores no trânsito começa nas vias urbanas mesmo. As avenidas tornaram-se pistas de motovelocidade e rachas de automóveis. Vez e outra os pedestres e motoristas prudentes saem todos rachados, mutilados e mortos dessas criminosas porfias e disputas. São cenários de imbecilidades  e insanidades. 
Agora para pasmo e estupefação da sociedade e dos cidadãos eu trago à baila um tema que parece desconexo. Mas, não é, e eu provo. Tem se falado nos últimos tempos em sustentabilidade, em ecologia, em degradação do meio ambiente, em poluição, emissão de CO2 e efeito estufa. Dentre as questões de sustentabilidade há que se falar-se na modalidade energia limpa. Como fontes de energia que degrada o meio ambiente têm-se a hidroeletricidade e uso de combustível fóssil.
Duas significativas fontes de energia limpa são a eólica e a fotovoltaica. Com o emprego do vento (moinhos ou usinas eólicas) e o próprio sol ,com emprego de placas solares. Agora pasmem os brasileiros, os políticos, nossos digníssimos legisladores estão com planos e projetos (de lei) de tributar pelo uso de vento e do sol. Para eles natural, porque imposto para eles é uma obviedade. Existem umas cabeças pensantes no congresso com a estapafúrdia ideia de propor cobrança de royalties pelo uso de energia eólica e fotovoltaica.
Acreditem! Macacos me mordam. Mas, correm na câmara dos deputados ideias desse naipe. Um desses parlamentares (para lamentar mesmo) exibe  nome até filosófico e curioso. Heráclito Fortes (PI). Eu não posso afirmar que o deputado Heráclito se inspirou no xará de Éfeso, Heráclito de Éfeso, Mas, que o parlamentar se mostra forte nessa ideia basta ouvir sua retórica com o projeto de lei para cobrar royalties pelo uso de energia dos ventos e da luz solar. Acreditem, está lá no congresso para ser levado à votação no plenário daquela casa legislativa. Eu reitero, eu não estou com piadinha de mau gosto.
“Que Deus não permita que minha luz se apague
Que a energia do sol resplandeça dentro de mim e eu tenha a dádiva de um dia poder aquecer o coração de alguém”.







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DESIGUALDADE NA JUSTIÇA





A percepção e interpretação das pessoas leigas são completamente diferentes das que fazem os profissionais da área de justiça. Tais análises se referem justamente na aplicação das leis, da constituição e dos códigos civil e penal. E mesmo em se tratando dos códigos do consumidor e de ética. Muitas são as profissões e atividades que possuem seus códigos de conduta, de postura, de relações sociais, de como tratar com o público em geral e com colegas. Depois de tantas denúncias de assédios moral e sexual, muitas empresas e órgãos públicos vêm instituindo seus códigos, suas normas de hábitos e comportamento no trabalho.
Trata-se de iniciativa saudável e construtiva, uma vez que existem aqueles indivíduos que trazem a ética do berço. Já outros se mostram degenerados porque a família assim o é, e este indivíduo é apenas um corolário ou produto do meio. Ou ao contrário, pode se tratar de alguém disfuncional, sem cura, e, portanto, só mesmo normas e regras rígidas para reprimi-lo. Nesse rol de pessoas há os homicidas passionais e outros criminosos de toda ordem.
Ao se tratar de justiça, um conjunto de normas ou legislação que se mostra de muita lógica e coerência é o código de defesa do consumidor (CDC). Para os não profissionais ele se mostra de muita correção e integridade, e muito simples na sua aplicação e entendimento. Existem situações em que pode ser considerado até muito protetor para o consumidor.
Por exemplo, eu comprei um aparelho, um objeto qualquer, mas ao chegar em casa constato uma avaria, um dano originado de fábrica. De pronto posso retornar e pedir a troca. Comprei uma roupa, mas em seguida não me agradou o modelo ou a cor, eu tenho um tempo para troca. O consumidor tem direito ao arrependimento, muito justo.
Enfim, são contextos em que o CDC protege e dá razão ao consumidor. E , aliás,  com  alta razoabilidade, porque na relação fabricante com o  cliente, o consumidor representa o polo ou lado mais frágil do negócio. Empresas têm como fins faturamento e lucro, por isso o código entra nessa relação para frear e humanizar os seus meios de enriquecimento.
A constituição civil (código civil) é outra legislação que aos olhos dos comuns, ora parece justa e fácil de entender outras vezes soa como injusta e desigual com os iguais, ora igual com os desiguais. Ela deveria ser assemelhada ao CDC. Não se mostra difícil na sua aplicação porque ela trata das responsabilidades administrativas, civis e material. Entra muitas vezes a reparação por danos morais. E ao se tratar de reparação moral o código civil mostra-se mais complexo na sua finalidade. A dor ou dano moral sendo um condição subjetiva e pessoal torna-se muito intrincada e difícil em sua mensuração. Como o é de forma natural a dor física “stricto sensu”.
O sofrimento de uma pisada no dedão do pé é variável de pessoa para pessoa. Assim também o sofrimento de um assédio moral ou sexual, ou até mesmo de uma alienação parental.
A inscrição do CPF em um órgão restritivo de crédito vai gerar sofrimento moral e material diferente para cada pessoa. Os danos vão se vincular ao patrimônio moral, social e intelectual do indivíduo.
Portanto, a reparação material pura e simples se torna aritmética. Mas e o abalo físico, emocional e moral dessa pessoa, como minimizar esses danos?
Quando fala em justiça, constituição e código penal, de forma muita massiva e participativa, tem-se discutido e reclamado das penas impostas aos criminosos intitulados do “colarinho-branco”. Trata-se, de fato, de questão de alta complexidade, uma vez que a definição, o conceito exato do que seja justiça permanece uma interrogação dos sábios e pensadores de todos os tempos. Os filósofos gregos ,por exemplo, como Sócrates, Platão e Aristóteles digladiaram sobre o tema e não chegaram a um consenso. Platão, nesse embate foi um sábio que melhor definiu o que é justiça.
Disse ele: “justiça é dar a cada um o que lhe é de direito e dever”. Na origem “dar a cada um o que lhe é devido”. O ideal platônico de justiça no ordenamento jurídico brasileiro raramente é prático. O que parece patente é que ora ela entra em prática de excesso com os desvalidos e pobres ora é condescendente e protetora com os ricos, poderosos e famosos. Nos postulados preconizados por Platão de “dar a cada um o que lhe é devido”, deveria o julgador ser “cego e surdo” em relação ao culpado ou criminoso. E tal diretriz e decisões não são  vistas quando o réu apresenta um nome e sobrenome de destaque, ocupou ou ocupa algum cargo político ou público, ou então movimenta milhões de dólares em seus negócios e contas bancárias.
No fundo fica a sensação de que código penal foi concebido para os pobres e o código civil e tribunais superiores para proteger ricos e famosos.  “ o bom juiz corrige o que ouve pelo que vê, o mau juiz corrompe o que vê pelo que ouve”.

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O CASAMENTO DA ERA VIRTUAL




 Cada vez mais, através dos meios de comunicação e acesso à informação (internet, redes sociais) , se vê muitas mudanças na legislação atinente ao direito de família.
São as questões ligadas às relações parentais, dos deveres dos pais, dos direitos dos filhos e das ligações conjugais. Uniões estas que, hoje, ganharam novos formatos, novos arranjos. A forma conjugal mais tradicional se refere ao casamento ou união entre um homem e uma mulher. Mas, hoje há  também os arranjos homoafetivos. São fatos e acontecimentos da chamada hipermodernidade. Ou modernidade liquida conforme Zigmunt Bauman, onde tudo acontece e se desfaz rapidamente.
Discorrer sobre gênero, sobre homossexualidade e sobre o movimento LGBTI não é de competência desse artigo. Aliás, devido ao patrulhamento do politicamente correto ou incorreto tornou-se até perigoso pelo enxame de xingamentos e críticas ferinas daqueles que opinam sobre tais melindrosos temas. Sejam tais pareceres contra ou a favor dessa ou daquela minoria ou opção sexual, estilo de vida entre outras escolhas.
Esse artigo se propõe a dissertar sobre a relação conjugal tradicional, homem mais mulher, uma vez que ela se dá desde que o homem se organizou em sociedade como Estado. Notável é também de se registrar o quanto as leis, o código civil tiveram que sofrer reformas e adaptações com a evolução e aprimoramento dos direitos sociais, individuais e humanos. E como se propagam os chamados grupos (OAB, por exemplo) dos direitos humanos!  Bom e útil seria também criar os grupos de Deveres Humanos. Questão de equilíbrio direitos/deveres.
E esse ativismo numa sociedade democrática é muito positivo e construtivo, em termos de liberdade, igualdade e fraternidade (“liberté, egalité, fraternité,” lema da revolução francesa).
Uma questão que me desperta o interesse e observação no casamento refere-se  a frequência das separações. E nesse contexto a legislação sofreu uma flexibilização na obtenção do divórcio (instituído no Brasil, em 1977, projeto do senador Nelson Carneiro). Por exemplo, se o casal decide separar e não tem filhos, ou os filhos são maiores  de idade, o processo se tornou simples, não se exige mais advogado. Basta os cônjuges ir ao cartório e oficiar o pedido, sem a participação do profissional do direito. O próprio cartório formaliza o processo e o juiz da vara de família assina e pronto. Isto, é evidente, em se tratando de uma separação consensual e amigável. Se litigioso, continua como antes. Advogado, audiência na justiça e outros aborrecimentos.
Uma outra questão seriíssima e encontradiça na hora da separação se vê nas desavenças na partilha dos bens do casal. Muitos litígios e contendas surgem e não raro resultam até em assassinatos, feminicídios. Muitos desses crimes executados por encomenda. Os motivos em geral envolvem seguros de vida a ser resgatados, rixas na divisão de bens e outros conflitos envolvendo patrimônio obtido na vigência do casamento.
No Brasil, quando se compara o casamento antes e depois da constituição de 1988, ou antes e depois do novo código civil, percebem-se muitas mudanças. Independentemente de legislação, pode-se fazer um paralelo no concernente ao padrão cultural de antes, e com os avanços dos direitos humanos e conquistas tecnológicas e científicas de era da internet. Então antes e pós internet.  
No tocante ao papel da mulher no casamento. A jovem, na maioria das vezes, nos idos tempos pré-constituição de 88, se casava para literalmente ser “doméstica” ou do lar.
Em outros termos, ela contraia casamento para procriar, cuidar dos filhos, da casa e servir ao marido em todas as suas exigências, em três palavras, na cama, mesa e banho. E era um trabalho árduo com ou sem uma empregada ou secretária doméstica, porque muita vez tinha-se um marido mandão e exigente. Além, de muitas vezes, ciumento e possessivo, tendo a mulher como um mero objeto animado para cuidado das prendas da casa, na educação dos filhos e um papel como amante.
Com o progresso que de hoje em todas as áreas, com a conquista da liberdade em todos os ramos de atividade e igualdade em termos de direitos humanos constata-se um novo comportamento da mulher no casamento. Basta registrar o quanto a mulher busca sua realização profissional e socioeconômica. Em todos os ramos profissionais a mulher tem assumido o seu protagonismo. E no casamento, ela tem se comportado de igual forma. De um papel antes de muita dependência do marido ela passou a gerir seu próprio orçamento, pela sua atuação no mercado de trabalho. Prova disto é que na maioria das uniões conjugais o regime adotado é a comunhão parcial de bens ou até de cada um administrar os próprios rendimentos; o que se mostra justo e mais simples numa eventual separação.  Alguns casamentos são feitos a fim de que o tribunal de divórcios não se mantenha ocioso -Oscar wilde.

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GRAÇAS ÀS CIÊNCIAS
                  
             
                                           

Eu sou muito grato aos grandes homens da história e das ciências, a todos os cientistas que tornaram a vida, a sociedade e este mundo melhores. Muitos são os benefícios, muito melhores tornaram as condições de saúde e da vida, graças ao heroísmo, à dedicação, à pertinácia, à ousadia e inteligência de homens das ciências e da tecnologia, do passado e do presente.
Assim ocorre, assim aflora minha gratidão quando me vêm à memória os feitos daqueles sábios da antiga Grécia, como o foram Pitágoras, Euclides, Aristóteles, Sócrates, Platão; entre tantos outros, nos séculos e séculos antes de cristo. Dando um grande salto na história, como esquecer as contribuições de um Galileu Galilei, de um Copérnico.
Só para refrescar nossa memória, Nicolau Copérnico e Galileu foram os precursores do heliocentrismo. Demonstração científica do sol como centro do universo, e não a terra como defendia o achismo da igreja católica da época. Pode-se afirmar que este era um dos dogmas da igreja. Uma verdade (para a igreja) que não aceitava contestação e dúvida. Ou se aceitava como verdade definitiva ou era julgado pelo santo ofício (inquisição), com risco de pena de morte por incineração. Havia uma dupla finalidade: execução e cremação. Ao que sugere o processo, os pecados eram queimados no mesmo forno. Tomás de Torquemada foi um grande inquisidor da época.
O próprio Galileu foi processado e condenado, caso persistisse com sua teoria do sol como centro do universo. Não em    ou 4ª  instância, como se dá aqui no Brasil.  Era  justiça de grau único, soberana e definitiva. Galileu escapou do braseiro porque abjurou de sua tese em público. Ele negou sua descoberta para os homens da lei, no caso, das leis canônicas ou dogmáticas da igreja católica. Foi liberto, mas sob liberdade vigiada. Foi proibido de pregar suas ideias na época, ainda não existia a tornozeleira eletrônica de agora.
Giordano Bruno foi outro teólogo e pensador que não teve a mesma sorte. Era dele, na época, a teoria do infinito. Deus e o cosmo são infinitos. Para ele cada ser neste universo de natureza biológica ou não, tinha uma energia interior a que chamava alma ou espírito. Ele contrariava alguns cânones e dogmas da igreja. Não renunciou às suas ideias e foi condenado pela santa inquisição e queimado vivo. Um horror!
Ele foi de um caráter e espírito socráticos. Morreu fiel às suas ideias e teses.
Dando mais um salto na história, o exemplo de Isaac Newton (1643-1727) com o estudo das leis da gravidade e da matemática. Um outro cientista e filósofo por que tenho uma admiração é o Immanuel Kant (1724-1804). Ele é autor das obras críticas da razão pura e críticas da razão prática. Um dado significativo na vida e trabalho desses cientistas, a partir do século XVIII, foi a desvinculação com as crenças, “verdades” e imposições da igreja. Ao menos no campo das ciências, os estados começaram a ser  laicos, sem interferência de diretrizes de cunho religioso, bem reiterado, pelo menos na seara das ciências, porque no campo político muitas nações ainda sofriam as ingerências da igreja.
Fazendo um trampolim para o século XIX, três foram as grandes invenções que mudaram para sempre a vida das pessoas e da sociedade. São a eletricidade, a telefonia e o automóvel. Na verdade a eletricidade foi uma descoberta, o telefone e o automóvel duas invenções. Há que se diferenciar uma invenção, a roda ,por exemplo, de um achado ou descoberta, como os casos da gravidade e relatividade.
Algumas palavras sobre esses grandes cientistas. Graham Bell foi o britânico da invenção do telefone, em 1876. Além de inventor foi empresário do ramo, ele fundou a cia Bell. O automóvel, embora tenha havido quem registrasse patente anteriormente, quem de fato criou e se tornou empresário e fabricante foi o americano Henri Ford. A popularização do carro e a sua comercialização se dão mesmo em 1900, ou seja, já nos albores do século XX. Já a eletricidade, como a conhecemos, e dela utilizamos nos dias de hoje, se torna acessível para uso doméstico e industrial por volta de 1880. 
Três foram os cientistas nessa contribuição: Nicola Tesla, Thomas Alva Edison e Westhinghouse. Para ser justo esses três personagens, Tesla, Edison e Westhinghouse foram a um só tempo cientistas e empresários do ramo (1880-1891). 
Sem descer a pormenores, a curiosidade que se estabeleceu nessa época foi a denominada guerra das correntes. Nada mais do que a preferência de um e outro inventor pela corrente contínua ou alternada. E por que dessa chamada guerra?

A corrente alternada (CA) era considerada muito mais perigosa do que a corrente continua (CC). Mas logo em seguida, tudo se pacificou e quem lucrou foi toda a humanidade. Até hoje e sempre, como imaginar o mundo sem eletricidade?
No século XX temos dois gigantes das ciências que eu destacaria, Albert Einstein, autor da lei da relatividade. Stephen Hawking ( 1942-2018) autor da teoria das cordas e estudioso dos buracos negros.
Enfim e como conclusão, eu me declaro grato a todos esses gênios cientistas, que tanto bem e qualidade de vida deixaram para a humanidade. Tenho certeza que todos, numa breve reflexão, ao lembrar, também guardam no íntimo sua eterna gratidão por esses benfeitores, que merecem o nosso galardão e um acento eterno no panteão dos heróis da humanidade.   


















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A LIÇÃO REVERSA
         




Eu não tenho e nunca tive vocação para advogado. E mesmo que o fosse não passaria de um reles rábula, porque nunca foram meus pendores profissionais, nem meus objetivos e modos, litigar contra quem quer que fosse. Todavia, peço escusas a todos os assim constituídos e saio em prol de alguns fatos e pessoas que andam mal interpretadas e injustiçadas. E acredito que tal sentimento de injustiça possa ter desabrochado no íntimo e coração de outros cidadãos. Não só com esses fatos que conto aqui, como inúmeros outros assemelhados.
A primeira pessoa aqui tratada é do presidente da república, Michel Temer. Longe de querer falar de sua baixa popularidade; conforme pesquisas de opinião pública. Ela anda na margem dos 3%. Considerando a margem de erro, pode ser popularidade zero.  Três pontos  a mais, três a menos, zero. Mas pode ser nove também. Estatística é a Ciência da inexatidão.  Fora os que o consideram ruim ou péssimo, além dos indecisos e os que se negaram a qualquer outra consideração e adjetivo. São os sem noção e sem opinião.  Agradar a todos é muito difícil.
A questão de que falo aqui versa sobre a escolha pelo chefe da nação, da pessoa da Sra. Cristiane Brasil, filha do ex preso e ex deputado, Roberto Jefferson (PTB), para ser ministra do trabalho. Uma vez indicada para o cargo foram conferir o seu curriculum vitae. Aferição esta feita por adversários do presidente da República (MDB), imprensa, associações de classe e OAB. Está consignado em sua folha corrida, aquele apanhado ou registro de culpas em cartórios ou tribunais, que a ex quase ministra já foi condenada pelo tribunal regional do trabalho em duas ações trabalhistas (ali no Estado do Rio de Janeiro). Foram dois motoristas que trabalharam para a deputada Cristiane, do PTB, sem carteira de trabalho assinada e sem outras obrigações trabalhistas pagas.  Ela foi condenada a pagar aos ex funcionários. Dívida que ela ainda possui algumas parcelas não quitadas. Mas, ela vai pagar, assim o declarou para a justiça e para os reclamantes. Ela deve, não adianta negar porque foi condenada, e pagará quando puder.
Agora imagine bem! Pura questiúncula e litigância de somemos importância, para não dizer de má fé.  Ela deve, não nega  e pagará, não quando puder. Além de poder pagar, porque dispõe de bens, a justiça assim o determinou como sua dívida e seu dever.
Agora em nome do contraditório e ampla defesa das pessoas e dos fatos. Empossar uma pretensa ministra do trabalho que descumpriu leis trabalhistas traz  uma razão fiscalizatória e pedagógica.
Ser chefe de um ministério do trabalho dá trabalho, significa ser regente das relações trabalhistas. Tal múnus público lhe traria a chamada pedagogia reversa. Porque assim, tendo ela transgredido uma legislação trabalhista, traz-lhe um aprendizado adicional e empírico do que não deve fazer o seu séquito de comandados. Bem assim, trabalhadores, empregadores e empresas sob sua fiscalização e vigilância. Seria essa contribuição, que a ex quase ministra traria à Nação. Qual o problema? Eu não vejo.
Portanto, a gritaria e protestos gerais contra a posse da futura ex quase ministra perdem sentido. No mesmo sentido sobrou razão ao presidente Temer na insistência em tê-la tido como sua auxiliar na pasta do trabalho. Ou eu estaria falando alguma abobrinha ou cometendo alguma tolice?
Outro fato de que falo como causídico se deu em Londrina PR. Nessa cidade, tida e havida como grande produtora de café foi constatado que numa chácara especializada em recuperação de dependentes químicos (maconheiros, cocainômanos, alcoólatras e sucedâneos) havia uma plantação extensa de mais de 500 pés de maconha. Ora, trata-se como referido na história da ex quase ministra do trabalho da mesma tese. Fiscalização e pedagogia reversa. Não fosse a denúncia do cultivo da cannabis sativa, a polícia não teria ido àquele local numa diligência de monitoração e fiscalização. Assim o fez. E nessa visita, ficou então consignado no inquérito, que os dependentes químicos cultivavam uma grande horta da famosa planta consumida em baseados. Só isso. Nenhuma outra irregularidade.
O fato de em uma  clínica ou estância para recuperação de dependentes químicos ser encontradas drogas ilícitas está de acordo com o desígnio e objeto das coisas ou da pedagogia reversa. Desígnio das coisas porque não é de chofre que se desmama de qualquer entorpecente. Pedagogia reversa porque como os monitores e profissionais dessa terapia de recuperação irão demonstrar para os internos como abdicar ou abster do vício?  Tal expediente não se faz com sistemas e exposições teóricas. Torna-se ao que sugere tal empreitada, uma espécie de clínica-escola. Nem só de teorias e ideias demonstram-se os danos que o vício faz.
Tal tese e preleção se dão para presídios e colônias penais. Em lá se achando armas de fogo e granadas. Tudo se justifica pela ideologia da vigilância e pedagogia reversa.
Como depreende-se desses fatos há um exagero e falação da imprensa e sociedade. Tanto na pretensão do presidente Michel Temer, quanto na sua indicada a quase ministra, deputada Cristiane Brasil. Francamente, quanto falatório maldoso e insosso.  
 Ironia! Ironia! /Minha consolação! Minha filosofia! /
Imponderável máscara discreta/Dessa infinita dúvida secreta
Que é a tragédia recôndita do ser! /Muita gente não te há de compreender/E dirá que és renúncia e covardia!
Ironia! Ironia! /És minha atitude comovida:
O amor-próprio do Espírito, sorrindo!
O pudor da Razão diante da Vida!


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A RELIGIOTERAPIA








A ciência, como aceitação consensual, demonstra-se com matemática, com lógica, com dados concretos, com experimentos, com ensaios, com física, com a química. Enfim com provas universais bem incontestáveis. A medicina é um campo profissional que usa muito dos muitos braços científicos. Ela socorre-se  ,por exemplo, da biologia, da química, da física, etc. Todavia, ela não é estanque, nem está vedada à influência de outras áreas do conhecimento e abstração humana, à sociologia, à filosofia e religiosidade. 
Todos esses segmentos da sabedoria, do pensamento e da prática humana, podem e devem fazer parte da estratégia e das diretrizes terapêuticas e enfrentamento das doenças; tudo a serviço do bem estar, da saúde e da vida humana. No reforço e defesa dessas premissas basta lembrar que muitas afecções de origem puramente orgânica terão um componente emocional adicional. Inversamente, muitos transtornos psíquicos na origem (ansiedade, depressão) terão graves repercussões somáticas e físicas (doença psicossomática). Trata-se do princípio basilar do que seja doença psicossomática. É a emoção ou a alma como porta para muitas das dores e do sofrimento do corpo, do soma, de nossa fisiologia e economia orgânica. Uma questão que muitos veem com ceticismo e incredulidade em medicina refere-se ao papel da religião ou religiosidade.
O papel da terapia espiritual. Em minha já longa trajetória de médico, já participei de muitos congressos, conferências e simpósios. Nas poucas vezes em que se abordou o papel da fé e da religiosidade do paciente em tratamento tal matéria foi vista com um certo desdém e desprezo. Tal constatação mostrou-se presente não apenas nos ouvintes, mas até mesmo com superficialidade e sem convicção ou entusiasmo dos que conduziram os experimentos (os pesquisadores condutores do estudo). Independentemente da crença, religião, fé ou mesmo do ateísmo da pessoa, o que importa é que somos constituídos de uma dualidade corpo e alma ou corpo e mente. E mente aqui deve ser lida também como a nossa psique, as nossas emoções, nossa capacidade dos mais complexos e variados sentimentos (amor, amizade, afeto, fraternidade, ódio, antipatia, inimizade, egoísmo e vingança). 
Diferente dos irracionais temos racionalidade e memória. Trazemos a capacidade de ver, ouvir, presenciar fatos e ações e guardar tudo em nossa consciência e na memória. Esse tão nobre atributo dos homens por um lado muito ruim por outro porque pode voltar contra o próprio portador, trazendo-lhe recalques, sentimento de culpa, de raiva, medo , dor e sofrimento de toda ordem.   Como referido na introdução Ciência se fundamenta em dados lógicos, concretos e matemáticos. Religião se baseia em intuição e fé. O que há de consensual é que o organismo humano tem de fato um componente físico (mensurável, palpável) e uma esfera imaterial, intangível, composta do psiquismo, de uma consciência, emoções, a que se pode também nominar de alma. Essa aceitação independe de religião, de fé , de filosofia contrária a essas concepções.
Há filósofos ateus e aqueles em profunda conexão com o sagrado, com Deus. O certo é que o homem (gênero) é o seu corpo (soma) aliado a todos os seus sentimentos, crenças, fé e suas concepções de mundo, de Deus e de todas as coisas que o cercam. Partindo então desses postulados, como imaginar então a pessoa desconectada de todos esses componentes? Quase impossível. Imaginando as partes interligadas se uma pessoa adoece, todo o resto será acometido na proporção de sua susceptibilidade e de sua resistência. Diante das doenças, todos, rigorosamente todos, nos tornamos criaturas frágeis, vulneráveis; e nessa hora precisamos do cuidado de outrem, das energias emanadas em nosso favor, venham de onde vier. E a fé inclusive, pode ser essa última energia a nos revigorar e superar o inimigo psíquico ou orgânico (a depressão e a dor física , por exemplo), a doença que teima em romper esse tênue fio que nos segura a vida. Para o bem daqueles comtemplados com tais experiências e iniciativas vêm surgindo grupos de estudos e especialidades médicas dedicadas ao emprego de práticas e atitudes religiosas na cura das pessoas. São condutas estimuladas sem nenhuma discriminação de religião.
O que importa aqui é religiosidade. A fé ou firme convicção de que há um ser r, um criador acima de toda inteligência e engenho humano. O papel da religião aqui, pode ser praticado inclusive por pessoas leigas, por um pastor, um evangelista que atuará com suas orações, suas intercessões. Esse expediente e prática serão adicionais e aliados  a toda terapia convencional médica ou psicológica seguida pelo paciente.
Abstraindo-se da questão e vocações de fé e religiosidade. De há muito que se conhecem os nexos causais entre transtornos psicológicos e danos físicos. Conceito de doença psicossomática. Muitas são as doenças que na origem possuem um transtorno emocional. Como exemplos, a obesidade, a síndrome metabólica, as gastrites, a síndrome do intestino irritável, a asma, as doenças de pele, a enxaqueca, a fibromialgia, a psoríase, os reumatismos. Pra ficar em exemplos bem concretos: o indivíduo mal resolvido espiritual ou emocionalmente terá descargas intermitentes de adrenalina, insulina e corticosteroides (suprarrenal). Com tudo alterado o paciente terá resultados negativos : ganho de peso, insônia, mais depressão, diabetes, mais colesterol, mais pressão alta; assim , mais riscos de morte cardiovascular. Enfim, e num conceito mais estendido, saúde é um completo bem-estar físico, social, econômico, ambiental, afetivo, psíquico e religioso. Numa frase para os médicos, para os terapeutas e pacientes “tudo vale a pena quando a alma não é pequena” (Fernando Pessoa)      . “As incapacidades que criamos com nossa mente são tão infinitas que já deixei de acreditar nos limites”




















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A VIDA É O PRESENTE





 Dois são os fenômenos muito recorrentes nas vidas e sentimentos das pessoas. Sonho e desejo, ou sonhos e desejos. No mundo atual, na era da intitulada hipermodernidade ou de quase tudo virtual e digitalizado, como será que andam os sonhos e desejos das pessoas? Época em que tudo parece se esfarinhar e derreter em tão pouco tempo. Assim teorizou e propôs Zigmunt Bauman (1925-2017).
Será que sonhar torna-se mais preciso (exato, concreto) do que viver? “Navegar é preciso, viver não é preciso” (Fernando Pessoa).
Para melhor contextualizar o fenômeno sonho e o sentimento desejo reportemo-nos à psicanálise de Sigmund Freud com o estudo do inconsciente (id, ego, superego). E sempre pode-se fazer um liame entre o fenômeno psíquico sonho com o sentimento desejo. Para Freud o sonho é um fenômeno tão significativo e construtivo que ele representa um guardião do sono. Os sonhos constituem uma prova concreta de um sono saudável e reparador.
Por isso também e com propriedade emprega-se o termo sonho com o símbolo e significado de desejo, projeto ou intenção de concretização ou aquisição de um estado, uma condição ou bem material. Assim há  o desejo de uma formação profissional, de uma bela viagem, de um feliz casamento ou compra de um belo carro ou casa própria.
A conquista e a popularização da internet bem representam um divisor e marco de duas épocas.
Assim podemos nos referir em era pré e pós internet. Tendo em conta esses dois tempos. Vamos imaginar os idos de 1980.   Eram  tempos em que o futuro era mais perceptível, mais planeável,  mais alcançável. Imaginemos, para mais clareza, projetos os mais singulares e universal na vida das pessoas. Para uma jovem. formar-se no 2º grau ou faculdade, um bom casamento. Para o homem jovem. Formar , ingressar numa faculdade, ser um bom profissional, uma carreira profissional, constituir uma família.
Como bem teorizam os vários ramos da filosofia nem o passado, nem o futuro existem. É imperativo que somos, estamos e vivemos o agora, o presente. O passado é nossa história, o futuro impreciso, uma ilusão. Analisando a sociedade de antes da internet, fica a sugestão de que os pessoas tinham uma melhor conexão com o passado e com o futuro. E de fato, em tese estão com razão os pensadores que assim o afirmam. O presente, o momento atual é preciso, o passado se foi, o futuro não é preciso.
De novo sonho ou desejo. A civilização pós-moderna vive a angústia não do futuro, mas do presente. Não impropriamente o pensador Zigmunt Bauman(1925-2017) denominou nossa era de modernidade (ou hipermodernidade) líquida. Essa fluidez e rapidez de tantas transformações trazem sentido a essa nominação. Tudo escapa ao nosso controle em curtos espaços de tempo, tudo flui e corre de forma célere.
Em tempos mais remotos menos energia canalizava-se para produção. Hoje, em tempos de internet e redes sociais há uma sofreguidão, uma azáfama e neurose para a máxima posse possível e para o consumo. O mundo mais materializou-se. A sociedade e todos os apelos do ter, em vez do ser e do existir com significado, nos tornaram mais frios, empedernidos, brutos e menos humanizados.
Contudo, ante tanta transformação e fragmentação dos valores, a juventude em especial, mesmo nascida, crescida e educada na intitulada modernidade líquida (geração Y ou Z) não pode perder a capacidade de sonhar e desejar um mundo mais humano e fraterno.
“As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo” – Epicuro.














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FRATERNIDADE E AMOR SEM FRONTEIRAS
                                                          





Uma das lições mais significativas que nos passa o programa Médicos Sem Fronteiras (MSF) se chama generosidade. Como de resto o faz toda forma de trabalho voluntário. Não há discordância que todos aqueles profissionais que integram o MSF representam o suprassumo nesses sentimentos de bondade, de altruísmo, de extremo desejo de ajudar o outro. Isto em poucas palavras porque esses voluntários: médicos, enfermeiros, paramédicos e outras categorias, trabalham com pessoas em extrema vulnerabilidade social, física e psicológica.
Uma realidade é trabalhar como voluntário em um hospital ou instituição pública com fins sociais e médicos, o que é altamente solidário e gratificante; outra realidade é enfrentada pelos voluntários do MSF. Aqui os cenários são representados por terremotos, tragédias naturais, vítimas de guerra, refugiados e feridos em conflitos étnicos e políticos. É a vida na máxima vulnerabilidade. Cenários que bem ilustram todas essas pessoas, nessas tragédias são os casos dos desastres naturais. Um exemplo, o terremoto do Haiti, ocorrido em Janeiro de 2010, com cerca de 300 mil mortos, milhares de desabrigados, de mutilados e outras sequelas definitivas.
Os conflitos étnicos e políticos do Congo, do Sudão e Sudão do Sul. Conflitos, ao que parecem intermináveis, como são os países em conflagração como a Síria, Iraque e Afeganistão. E se prevalecer as teses de Murphy, as potenciais vítimas, de uma possível guerra entre EEUU e Coréia do Norte. Basta assistir às escaramuças verbais entre o falastrão e histriônico presidente Donald Trump e o idiofrênico Kim ( uma simbiose acabada  de idiotia e esquizofrenia), o  ditador Kim Jong Un. Um grupo de vítimas encontradiço pelos voluntários do MSF é formado de  pessoas vítimas de violência sexual. São os casos de estupros, sobretudo de meninas e mulheres. Aqui mesmo no Brasil, esses abnegados profissionais enfrentam esse grave desafio de ajuda a essas pessoas em sofrimento. Em geral são comunidades pobres, com desassistência de quase tudo como saneamento “básico”, escolas, saúde e justiça. Os Estados do Nordeste têm sido os mais representativos nessa triste realidade. E  quem bem a conhece são  todos os abnegados profissionais desse heroico programa que é o Médico Sem Fronteiras/MSF. Tem-se como certo que as cenas e as privações mais pungentes e doloridas com que deparam os voluntários estão nos campos de refugiados dessas nações conflagradas em permanente guerra. São os já citados conflitos bélicos da República do Congo e da Síria.
Uma classe de vítimas de extrema vulnerabilidade refere-se às mulheres vítimas de violência sexual, porque nesses países, sejam de religião muçulmana ou de várias outras religiões, existe uma banalização no tratamento aos direitos humanos. As mulheres, nessas culturas tribais africanas são as que menos direito têm ante os órgãos de justiça. Os próprios gestores de governo, os agentes do Estado são omissos com essas mulheres, por questão cultural e impositiva dos chefes de governo. Imagine uma mulher vítima de estupro, porque sob tortura é   ainda banida da casa, tratada como culpada ou até morta pelo pai, familiares ou companheiro. É no mínimo uma ideia de direitos humanos e de justiça de natureza esquizofrênica. É ser vítima duas vezes, pelo agressor (estuprador) , pela cultura e pelo Estado. Paranoia na sua forma mais pura! Esses são relatos trazidos por esses abnegados e voluntariosos profissionais do programa MSF. Eles são como que uma última base de apoio e refúgio dessas vítimas, dessas barbaridades, em pleno século XXI. Enfim, o que se pretende como mensagem final é esta, dessa minoria de profissionais abnegados e muito humanos, que destoam de muitos outros da  profissão com objetivos mais pessoais e material.
A mensagem da generosidade, do altruísmo, da gentileza, do desejo de levar a bondade, o conforto e a solidariedade e esse outro ser humano, tão vil e indignamente atingido pela cobiça e maldade do próprio homem. Humano! Será? Esse outro que sofre, que padece, que se encontra em alto risco de morte, que sofre as consequências de um desastre natural como o terremoto do Haiti e outras tragédias naturais. Assim também são as vítimas de conflitos étnicos e políticos perpetrados por déspotas e tiranos, homens de mentes insanas e paranoicas como são os ditadores da Coreia do Norte, da Síria e vários países africanos.   Falamos então aqui desses abnegados anjos de branco que são os médicos; ou de vermelho como são os bombeiros civil e militar; e tantos outros abnegados voluntários que dão até a própria saúde e vida em prol de ajudar o outro, o próximo ou distante que se acha em privação, em dor e tanta humilhação! O nosso louvor e honrarias a todos esses voluntários(as) a favor do bem, da saúde e vida de quem grita por socorro! Em Marcos 12 Jesus disse:  …versículo 30. Amarás, portanto, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força’.
...e versículo 31. E o segundo é: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Não existe qualquer outro mandamento maior do que estes”.

Senão como pode seguir o mandamento de "Amar ao próximo como a ti mesmo" se não acreditar e amar a Deus em primeiro lugar, pois Dele saíram tais ordens? 
Paulo Estéfane Caetano dos Anjos










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AO LIXO


                                  



Se há um exemplo de sandice ou falta de civilidade que possa exibir o homem civilizado, eu citaria o descaso ou abandono com o lixo que ele produz. Que fique bem repisado este resto da frase: não o lixo produzido em si, mas o abandono ou destino que se dá aos resíduos, aos  descartes, objetos inúteis, papeis, plásticos, embalagens, alimentos não aproveitados e sobras de tudo quanto se faz uso.
As palavras cidade (do latim civitate), cidadão (o habitante da cidade e no gozo de direitos e deveres para com o Estado e outros cidadãos) e civilidade (latim civilitate) são cognatas. Elas têm a mesma origem e são inter-relacionadas. Política, também, tem tudo a ver, vem de polis, cidade. A arte de administrar uma cidade ou Estado.
Civilidade deve ser entendida como uma cartilha ou manual de atitudes observadas por todos nas relações mútuas, em sinal de respeito e consideração  ao outro. Outros verbetes equivalentes seriam urbanidade, gentileza, cooperação, solidariedade, delicadeza e fraternidade.
Existem também um tempo e um espaço nos quais podemos expressar nosso grau e nossa evolução civilizatória. Assim há  uma data comemorativa e os espaços festivos e de celebrações. Basta lembrar que as pessoas são useiras e vezeiras de dois espaços em suas vidas, banheiro (sanitário) e mesa de refeições. Estes são dois espaços mais rotineiros na vida de qualquer pessoa. Não importa onde situados estes espaços, diariamente usufruídos pelos cidadãos. Aqui, cada qual, inescapavelmente, deixará o seu grau de civilidade (ou de incivilidade). Para tanto, basta uma comparação do antes e depois do uso desse espaço, desses móveis, desses bens públicos ou privados.
Como o indivíduo recebeu e deixou esse espaço? Pode-se qualquer um perguntar. O grau de limpeza e organização, o acondicionamento dos utensílios, o destino do lixo, dos dejetos etc. Aqui, sim, ficarão os sinais, os indicadores, as marcas do grau educacional, de civilidade e respeito de qualquer pessoa.
Imagine-se agora em uma casa de eventos festivos, de festas de aniversário, casamento e outras datas solenes. Todo aquele cenário está ricamente preparado e organizado em limpeza, decoração, disciplinado e vistosamente mobiliado. Finda a festa fica  um cenário de completa desorganização, com mesas tomadas de restos de alimentos, forros sujos e desalinhados, guardanapos sujos e deixados no chão, banheiros fétidos, lixo fora dos recipientes próprios, excrementos fora do vaso sanitário, entre outros desleixos. Todo esse cenário, passada a satisfação dos instintos do estômago, passadas as libações de toda ordem e os gozos gastronômicos, no mínimo, esse desfigurado cenário revela o quê ? Uma regressão aos instintos animalescos, a um comportamento irracional, ou quando menos, de absoluta incivilidade e desrespeito ao outro cidadão, seja esse outro o funcionário ou empregado (garçom, funcionário de limpeza) ou mesmo outra pessoa, a próxima a usar aquele espaço. Toda forma de civilidade, de relação solidária e respeitosa com os ambientes públicos e privados e com as pessoas devem ser uma constante na educação às crianças.
Ética, cidadania e civilidade são práticas aprendidas, ensinadas pelas famílias e escolas (nas pessoas de monitores e educadores). Virtude e honestidade, assim como civilidade e solidariedade são expedientes que devem integrar os ensinamentos das grades curriculares do ensino fundamental. Aristóteles deixou essa tese, de que a Ética e virtude devem ser ensinadas e praticadas com as crianças. Não são qualidades inatas, mas adquiridas.
Tem sido muito falada e repetida a palavra sustentabilidade, o mundo sustentável, o clima, o efeito estufa, a emissão de CO2, a poluição, o equilíbrio ecológico, o destino dos lixos, o respeito ao meio ambiente. São esses os tantos termos do tão propalado mundo sustentável. Fala-se tanto, tantos encontros, paineis, protocolos, reunião do G10, do G20, das nações mais ricas e poluidoras. A sueca Greta Thunberg( 2003- ) com suas greves das escolas em prol do clima se tornou uma das maiores ativistas pela saúde do Planeta, contra as queimadas e poluição da Terra.
Muito se fala, pouco se faz. Assim têm sido os estadistas dos países mais poderosos, assim têm sido as advertências dos cientistas do clima, dos ecologistas. Assim fazem os cidadãos, ditos civilizados que cientes dos repetidos atos de desrespeito e lesão à natureza continuam nas mesmas atitudes e expedientes de falta de civilidade e sujeira   em datas solenes e espaços comemorativos.
Tome-se como modelo uma festa de réveillon. Que seja, numa via pública, num clube. Imaginem-se as orgias regadas de bebidas e comidas na passagem de ano novo em Copacabana RJ. Ao amanhecer resta um cenário destruidor de furação. Nessa data e ambiente, intitulados de alegria e celebração, resulta  uma prova, um certificado autêntico do grau e da evolução civilizatória do animal humano. São toneladas de lixos, dejetos e excrementos que exigirão centenas de trabalhadores braçais, os garis, um trabalho hercúleo para o correto destino produzido pelos convivas e comensais daquela noite. Isto sim, é uma mostra repetida e vivida pela sociedade de nosso estágio de não educação, de incivilidade e não fraternidade. Enquanto os convivas, satisfeitos dos festejos orgíacos e dionisíacos, regados a vinho, champanhe e manjares vão embora, de ressaca, agora os pobres e malvestidos trabalhadores braçais, num trabalho escravista e mal remunerado irão limpar os lixos, restos alimentares, papeis, garrafas pets e dejetos( cocô, xixi) deixados pelos festeiros da noite. Quanta incivilidade, ou não?
Todos nós adultos, notadamente os pais, temos o dever ético e civilizatório de educar nossos filhos, nossas crianças,  com atitudes e ações na correta destinação do lixo que produzimos. Produzir lixo é inevitável e normal. O que é feio, antissocial, imundo, desrespeitoso e irracional é deixar toda sujeira, descartes, papeis, cocô, xixi, copos descartáveis, garrafas pets, plásticos e todo rejeito no meio ambiente, sobretudo no ambiente que o outro, o meu próximo e semelhante vai usar depois de mim. A Terra, os espaços públicos e privados não são  meus, são de todos. Crianças e filhos bem educados serão adultos éticos e zelosos com o lixo que produzem e com a natureza.
 Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos” Eduardo Galeano




















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NOMOFOBIA E FOMOFOBIA
                            



Eu não sou psicanalista nem psiquiatra por formação, sou apenas por informação. Por isso e por direito sinto-me livre para opinar sobre o tema da área de outros profissionais e ensaístas. A minha reflexão de hoje vai para a probabilidade existencial, ou da relação entre tecnologia da informação (TI) e doenças mentais. 
 Para melhor contexto, TI se entende por todos os recursos, meios e objetos de conexão com a internet e redes sociais. Assim vai do tradicional computador de mesa ao smartphone, iphone, tablets e ipads. Entendido também que tais aparelhos podem ser usados, sem estar conectados com a internet, como na execução de áudios e vídeos. O uso massivo da internet no Brasil teve início nos anos 1990. O mesmo tempo  também para o telefone celular e as mídias digitais. Em que pesem ser conquistas recentes, já se conhecem estudos conclusivos das consequências do emprego abusivo e imoderado dessas tecnologias. Há, por exemplo, na  Universidade de São Paulo-USP e Unifesp (universidades do estado de São Paulo) grupos de profissionais (psicólogos e psiquiatras) dedicados aos efeitos e consequências da chamada dependência da conexão ou web dependência.
O mecanismo desse “vicio tecnológico “assemelha-se ao vício da dependência química (adicção). Como são os adictos de nicotina, da cocaína, do álcool e muitas outras substâncias lícitas e ilícitas. O mecanismo dessa forte aliança do usuário com sua mídia (smartphone, celular) se dá na área cerebral. Nas mesmas sinapses e neurônios da dependência química. Assim, essas áreas cerebrais vão insidiosamente, cronicamente, sendo adestradas, condicionadas e treinadas a funcionar “melhor” ou “pior” tendo esses recursos e mídias à disposição, o adicto das mídias não consegue mais viver independente dos objetos em estado online.  Um dos efeitos bem característico da adição tecnológica é a fobia da desconexão com a internet, telefone celular e das mídias digitais. Nomofobia é a fobia dessa desconexão. O vício no sistema de recompensa de redes sociais – como os likes de facebook, retuítes, views em vídeo de youtube, e ‘corações’ no Instagram. O estado online  pode ser um fator que contribui na dependência, pois é uma forma de obter pequenos prazeres psicológicos de forma fácil e rápida.  Essa fobia da desconexão é na verdade um corolário de outro grave distúrbio da dependência, o transtorno de ansiedade. É uma angústia ou ansiedade pela necessidade do porte permanente de um instrumento de mídia conectado (online) com a internet e suas populares redes sociais, facebook, WhatsApp, etc. 
Como referido, embora de conhecimento recente, já se sabe dos danos psíquicos e na saúde mental que essa dependência traz aos usuários com esse perfil. E cada vez mais tais questões deverão merecer mais atuação, cuidados de pais, de educadores e profissionais e pesquisadores da matéria.
Uma última questão de porte igualmente grave refere-se às doenças psiquiátricas mais especificas. Como são os casos das esquizofrenias, do transtorno bipolar e a intitulada personalidade psicopática. Até então a gênese da maioria das doenças psiquiátricas é desconhecida. O entendimento da psique humana ainda tem muitas incógnitas. Se a normalidade já é de difícil compreensão, imagine então a patologia das doenças mentais, um labirinto sem começo e sem saída. Fazendo um paralelo entre as doenças mentais e as orgânicas.
Para muitas doenças cardiovasculares e degenerativas como o câncer existem os chamados fatores de risco. Como exemplo, o tabagismo, o alcoolismo e a obesidade que aumentam a prevalência destas doenças. De forma análoga quando se fala em psicopatias aventa-se a teoria dos gatilhos. Seria um fator social, ambiental, cultural, comportamental ou químico que propiciasse o surgimento de uma doença psiquiátrica em um indivíduo com essa predisposição constitucional e genética.
Em suposição de que minha mente ou psique continua normal, invadem-me esta inquietação e esta interrogação. Não estaria o emprego abusivo das tecnologias da informação funcionando como gatilhos para muitas enfermidades mentais? Com a palavra os especialistas e estudiosos do assunto. Se tanto, deixo outra tese igualmente relevante. Muitos são os casos de bullying virtual (ciberbullying), de suicídios (vide jogo da baleia), de homicídios e atentados. Vários são os relatos, registros e documentos de que os autores de tais crimes e atentados se inspiraram em episódios semelhantes e registrados na internet.
Assim pode-se concluir que no mínimo o uso irracional, nocivo e delituoso da tecnologia da informação propicia a que surjam essas crises psicóticas, como primeira manifestação, nesses doentes mentais. E eles cometem crimes os mais bárbaros aqui pelo Brasil e pelo mundo. Mais recentemente foi descrita a Fomofobia. FOMO é o acrónimo de “fear of missing out”, ou seja, medo de perder alguma coisa, perder a conexão com a Internet. 
Vários centros de estudo de universidades vêm se preocupando com o aumento de doenças mentais e suicídios em jovens- Dentre esses estudos, os temas da chamada webdependência – O excesso de conexão e dependência digital como gatilhos para os transtornos mentais.
utilize o link: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,aumento-de-transtornos-mentais-entre-jovens-preocupa- universidades,70002003562



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A MACONHA NÃO É  A ÚNICA CULPADA
                                                  



 Se as pessoas dadas à prática da automedicação soubessem do risco a que submetem, elas interromperiam para sempre esse expediente. De vez um quando eu sinto um frio na barriga ante os relatos de gente que por livre-arbítrio passou a usar tal medicamento ou fórmula xis para tal sintoma ou doença. Trata-se de um hábito sujeito a graves, a gravíssimas consequências. Todos os medicamentos trazem riscos, se não criteriosamente indicados por um médico bem qualificado. Seja este um clínico geral ou especialista em qualquer ramo da medicina. Desavisado ou inocente aquele indivíduo que acha que uma popular aspirina ou dipirona, compradas livremente em qualquer droguesquina, não lhe trará riscos à saúde. Os efeitos colaterais de medicamentos se fazem da interação com o hospedeiro (que toma o remédio), com as condições fisiológicas desse usuário e possíveis doenças dessa pessoa. Essa tríade será determinante: droga + hospedeiro + doenças concomitantes. Só como exemplo: a aspirina e a dipirona podem provocar uma atrofia definitiva da medula óssea, tão grave quanto alguma forma de leucemia. De igual gravidade uma insuficiência hepática irreversível. Isto porque constituem dois tipos de fármacos de baixa toxicidade, com pequeno potencial ofensivo, mas de uso indiscriminado. A diferença entre remédio e veneno está na dose e tempo de uso.  E pegando ainda o exemplo da dipirona. Ela é o analgésico e antitérmico (contra febre) mais consumido no mundo, tendo em conta que dor acomete cerca de 40% das pessoas no planeta.
Existe uma doença renal grave, porque quase sempre incurável, intitulada nefropatia intersticial por analgésicos. Ou seja, uma toxicidade medicamentosa crônica que pode levar o usuário dessas drogas populares a perda dos rins e a necessidade de diálise permanente ou transplante renal.
Outro grupo de medicamentos com alto potencial de nefrotoxicidade é o dos antinflamatórios. E eles têm diuturnamente caído no domínio popular e sido empregados sem a devida orientação médica, apesar da exigência de receita médica. Como exemplos o diclofenaco, o piroxicam, o ibuprofeno e tantos outros derivados e similares, com os seus apelativos nomes de fantasia. Muitos desses produtos são anunciados em propagandas, até televisivas, como se uma panaceia fossem. E o irônico e agressivo dessas propagandas vem nessa frase: “Se persistirem os sintomas procure o médico”. Em outras palavras: automedique-se, intoxique-se, consuma à vontade, depois faça o correto, consulte um médico.
Assim como os antinflamatórios, uma classe representativa é a dos antibióticos. Três são os erros ou riscos na automedicação com antibióticos. O primeiro, a resistência microbiana pelo uso incorreto, que pode ocorrer por subdose ou curto período de uso; o 2º grande risco é empregar o antibiótico sem eficácia para aquela infecção. O ideal seria para toda infecção fazer a identificação do agente infeccioso através de cultura e antibiograma. Só como exemplo, as infecções por vírus não se tratam com antibióticos convencionais. Algumas viroses exigem antivirais específicos. Como exemplo o HIV e as hepatites. O 3º  grande risco na automedicação antibiótica são os efeitos colaterais dessas drogas.
Tomem-se como exemplos dois antibióticos já de gosto popular, o cloranfenicol e a gentamicina. Eles se apresentam-se em quase todas as vias de emprego. São colírios, pomadas, cápsulas, unguentos e injetáveis. Como riscos no uso indiscriminado desses antibióticos têm-se: o cloranfenicol pode causar a temível anemia aplástica; trata-se de falência total da medula óssea com anemia grave, baixa acentuada de plaquetas e de leucócitos. Com isto o paciente terá quadro de hemorragia e déficit da imunidade. O prognóstico é ruim e a reversão nem sempre possível. A gentamicina pode provocar duas toxicidades no ser humano: insuficiência renal irreversível e surdez definitiva. Ou seja, são riscos sérios que desaconselham o uso de qualquer antibiótico sem uma consulta com um bom profissional médico.
O grupo campeão  da automedicação é o dos psicotrópicos. A  maioria deles se torna do gosto e do domínio popular. A origem se dá em uma prescrição médica. O que era para ser restrito ao uso por alguns dias, se torna eterno. O efeito colateral dos psicotrópicos é a dependência que se estabelece por mecanismo psíquico e orgânico.
Assim são os ansiolíticos, os antidepressivos, os hipnóticos. O principal mecanismo da dependência é o mesmo que se verifica com outras drogas viciantes; álcool, nicotina e cocaína. Existe uma afinidade (ligação) entre a substância (chave) com o receptor (fechadura). Tudo se dá em tecido cerebral e o indivíduo só passa a “funcionar” sob o uso do medicamento. São os casos dos antidepressivos e dos hipnóticos. Muitos desses produtos, vendidos com receita azul ou branca especial, se tornam de conhecimento popular. Quando não se consegue a receita médica, há o mercado pirata e paralelo, dentro das próprias farmácias. Raras são as famílias, onde alguém não usa uma fluoxetina, um citalopran, um diazepan, um rivotril, um zolpiden e outros da mesma família.
Caberia aos próprios médicos e farmácias o combate à automedicação. Mas, isto em se tratando de Brasil é impossível de ser alcançado. Para o mal e infelicidade de uma sociedade que busca até mesmo a chamada pílula do prazer, da alegria e da felicidade. Somos uma sociedade afeita e que aceita com facilidade a drogadição oficial, porque tem a complacência do governo na insuficiente e pífia fiscalização e sempre a receita de um médico amigo ou da família, nessa epidemia da automedicação.
 Parece uma fixação desse autor por tema tão sensível, mas já existem pareceres e ensaios científicos mostrando que há no Brasil, essas duas formas de drogadição: uma legal ou lícita; outra clandestina ou ilícita. A legal, aquela que tem a participação de médicos, farmacêuticos e fabricantes de remédios. Ela subsiste com o beneplácito do governo e dos órgãos regulares da liberação de medicamentos-Anvisa, conselhos de Medicina e de Farmácia.
A drogadição clandestina ou ilícita, se dá pelo uso da  maconha e cocaína seus principais representantes. Em parte já há também a aquiescência do Governo. Nossa suprema corte de Justiça, ou Supremo Tribunal Federal, já pronunciou favoravelmente. Usar maconha não é crime. Falta ainda definir o quantum o consumidor pode portar de droga, em gramas. Seriam 50 gramas , 100 gramas?  Falta este quesito. Nós, os brasileiros, no estágio em que vivemos, merecemos tais dúvidas e indecisões, ou não ?  HEROÍNA :  Os opiáceos são a droga usada há mais tempo pela humanidade. Há registros de 8 000 anos sobre o poder da papoula.  MACONHA : Uma das razões para a criminalização da maconha foi o lobby da indústria farmacêutica, cujos produtos concorriam com a erva. Já imaginou maconha concorrendo com os antidepressivos e soníferos da indústria farmacêutica.  Só no Brasil temos jabuticabas como essa.












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FILHO NÃO SE FORMA COM RAÇÃO
                                     


Dois são os problemas gravíssimos abandonados por sucessivos governos do Brasil. São eles o planejamento familiar e o controle de natalidade. E eles têm múltiplas causas. Aqueles e aquelas que procriam filhos também demonstram culpa. Porque estamos aqui a falar de gênero humano, dotado que é de instinto e prazer sexual, mas também de racionalidade, de inteligência e discernimento.
Em outras palavras cada pessoa não só possui, mas detém o dever de escolher (discernir) o que é certo e o que errado, o que é bom para si e para aquela criança que ela colocará nesse mundo.
Vamos iniciar a presente discussão pelo lado do homem ou mulher que vai procriar. No concernente ao pai menor de idade os motivos que o levam a ter um filho ainda adolescente envolvem sua insuficiente informação sobre atividade sexual e biologia da fecundação. Essa desinformação ,em geral, decorre de baixa escolaridade do próprio indivíduo e dos pais que por consequência não reúnem condições técnicas e culturais em orientar os filhos sobre sexualidade e métodos contraceptivos.
Os mesmos critérios aplicam-se à gravidez nas meninas adolescentes. Baixa escolaridade dessas garotas e das famílias, e falta de diálogo franco e claro sobre a biologia da reprodução humana. Em lugar de educação, existe a imbecilização e programas assistencialistas de governos demagógicos.  Nada contra esse ou aqueloutro político. Mas, deveria ter porque eles destroçaram o país e suas economias.
Agora tomemos a situação dos progenitores maiores de idade, nos quais se considera haver uma plena maturidade da racionalidade, da inteligência e do discernimento, que por conceito é a aptidão em definir o certo do errado, o bem do mal.
Tais considerações aplicam-se aos dois gêneros, homem e a mulher. Tome-se agora o exemplo de um pai ou mãe que faz a opção em ter um filho. Mas, esse pai ou mãe encontra-se na categoria de desempregado, ou mesmo com trabalho formal ou informal, mas de baixa renda. Procriar, ainda que seja um filho, significa custo material, assistência alimentar e médica; e certamente custo com educação. Deve-se considerar que saúde e ensino fundamental são direitos constitucionais, mas no Brasil, são itens de baixa qualidade.
Assim é de previsão cristalina que a criação e educação de um filho único envolvem gastos contínuos e elevados, durante no mínimo 20 anos. Imaginemos então ter uma prole de 5 filhos, sem as condições financeiras mínimas para tal.
Fazendo uma consideração pelo lado dos pais procriadores, que sem esse suporte básico, ainda assim optam por uma prole de 3 filhos ou mais, esses genitores assemelham-se a um animal pouco inteligente, com alguma sandice, leviano, irresponsável e até delituoso. Pelo fundamental e humano fato de insuficientes condições no apoio e provimento de uma digna criação e educação de uma criança.
Que exalte de maneira bem consistente e severa:  há uma gigantesca diferença entre a criação de uma ninhada de cachorros e de filhos. Bichos apenas se criam. Filhos e gente diferem muito porque exigem (por direitos humanos) criação, educação e formação dignas.
Por educação e formação dignas entendem-se alfabetização e escolarização de qualidade. São condições que começam com uma boa orientação ética e cultural oferecidas pelos pais, que devem possuir um nível de escolaridade básico para tal missão. E no Brasil sabemos que nem sempre isto é possível. Os programas assistencialistas dão bolsas e abonos, mas não dão educação, porque levam ao discernimento e esclarecimento do eleitor e perda de votos.  Leitor crítico sabe votar.
Por último, o planejamento familiar e controle de natalidade de orientação e responsabilidade do Estado. Ei-los.
No Brasil as políticas de saúde pública em tais questões sempre foram pífias e escassas. Basta imaginar a opção de uma laqueadura de trompa ou vasectomia. A burocracia e exigência pericial (junta médica) para obter esta técnica contraceptiva são desestimulantes para qualquer usuário (a) que procura as unidades do SUS para tal procedimento.
Quando opta-se por métodos anticoncepcionais mais simples e de baixo custo, a exemplo das pílulas anovulatórias e preservativos, nem sempre eles são encontrados nas unidades de saúde pública.
Somados a tudo isto não se veem, por parte do governo, campanhas e programas de instrução e orientação sobre planejamento familiar e controle de natalidade.
Assim, têm-se esse quadro dramático de descontrole populacional, de crianças, jovens e adultos completamente desassistidos dos direitos mais elementares.   São os exemplos de uma educação de qualidade, condições dignas de moradia e assistência médica. São direitos na Constituição, mas na prática, inalcançáveis.
Todos os governantes são uníssonos em suas oratórias e campanhas no tocante aos mais de 200 milhões que é a população brasileira. Mas, nunca mencionam os milhões de desempregados, de analfabetos absolutos e funcionais, de crianças fora das escolas, dos jovens que não completam o 2º grau.
Muito melhor e seria mais humano, se fôssemos a metade do que somos, mas sem desemprego e sem analfabetismo. Tudo por culpa do cidadão e do governo. Faltam planejamento familiar e controle de natalidade. Cidadãos e governos solidariamente responsáveis, porque todos somos dotados de razão e juízo crítico, em saber separar o joio do trigo, o bem do mal. Criar filhos não é o mesmo que criar cachorro. Cachorro cria-se com ração. Filho cria-se com alto custo, assistência alimentar e médica e educação de boa qualidade, e ponto final.  



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PIB DA FELICIDADE




Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está numa caixa de bombons. Carlos Drummond de Andrade              
É muito normal e natural que as pessoas busquem todas as formas e fontes de alegria, prazer e felicidade. Embora esses três estados do corpo, do espírito e da mente não sejam exatamente iguais, eles sempre têm pontos de interseção e são intercambiáveis. Bom é que se tenha-se em mente que cada um desses estados de satisfação é muito subjetivo em sua intensidade, natureza, duração e causas. Dessa forma e com esse conceito revela-se como certo que cada um detenha os seus modelos, objetos, comportamento e hábitos que lhe produzirão alegria, felicidade e prazer.
Uma pessoa alegre, momentaneamente está feliz. A felicidade também não é um estado perene. O prazer se mostra muito mais fugaz. Nessa relaxada digressão pretende-se mostrar algumas curiosidades sobre os três estados de satisfação. 
Um indivíduo alegre demais pode não ser muito bom. A alegria do chamado bobo alegre pode trazer-lhe algum embaraço e o que é mesmo de espantar, alergia. O excesso de riso e gargalhadas, em algumas pessoas predispostas (geneticamente falando) pode também desencadear uma reação alérgica. Alegria e alergia.  Notaram a particularidade? Uma palavra é o anagrama da outra.  Mas, relaxem os gargalhadores, essa reação alérgica não mata, passa com antialérgico via oral e corticoide tópico. E os gargalhadores ou de fácil riso podem sorrir, à vontade. 
Quanto ao prazer, tem sido ele uma tônica nossa.  A sociedade tornou-se afeita ao consumismo, em ver nessa fugaz satisfação dos instintos e do corpo uma única fonte de felicidade. Não é e voltaremos ao tema. 
A felicidade define-se como um estado de satisfação de curta duração. Não pode ser permanente porque se assim o fosse a pessoa que frui de tal condição benfazeja se acomodaria (zona de conforto) e logo se entediaria e não sentiria mais feliz. Algumas curiosidades sobre a felicidade valem ser comentadas. E é o que se faz aqui. 
No Butão, país da Ásia Meridional, foi instituído, já há alguns anos, o PIF, produto interno da felicidade. O país em primitivas eras, contam os historiados domésticos, foi grande produtor de butano, um combustível natural, daí a origem do nome, butano, Butão. O PIF dos butaneses seria uma espécie de PIB, produto interno bruto. Só que no caso de lá, o PIF. 
E não pensem os agora informados que o país tenha um alto PIB material. Longe disto. A felicidade ali (PIF) decorre de razões e valores extremamente abstratos e imateriais. Uma das características dos butaneses é a alegria desmedida. Óbvio que volta e meia chegam aos prontos-socorros crises de alergia pelo excesso de alegria. Tal diagnóstico ocorre em pessoas geneticamente predispostas. Elas são tão felizes e alegres que sequer o “SUS” butanês registra estatística sobre a incidência da doença. Trata-se de questão de somenos importância. A população inteira guarda uma profunda ligação com a natureza; valoriza-se muito esse respeito e essa aliança com a ecologia, a vida natural. Como se vê na relação com a flora, fauna e mananciais naturais. A questão da sustentabilidade é levada muito a sério. Não fica só nos discursos e parlatórios.  Todos, literalmente, engajam-se na mantença do PIF.  O melhor é que esse pif, é permanente, não há taxas disso, daquilo, etc. 
Agora falando da felicidade aqui no Brasil. Apesar de tudo o brasileiro é forte e feliz. Motivos para infelicidade não faltam, basta ter em conta as graves, as gravíssimas questões atinentes a corrupção. Um país onde há classes de pessoas voltadas à prática da corrupção traz  todas as razões para a infelicidade.  Isto porque de roldão e permeio brotam outras crises como a moral, a ética. Até a estética, que acaba por perder a sua ética.
Não faz tanto tempo que dois parlamentares propuseram a PEC (proposta de emenda constitucional) da felicidade; o teor do projeto era tornar a felicidade um direito de todos. Seria uma cláusula pétrea, permanente e imutável. Assim declararam os insólitos e insolentes políticos. 
Agora pensemos em uníssonos sobre essa PEC.  Nós, os brasileiros, merecemos, não? Quanta eficácia, não? Tão produtiva quanto oficializar multa de trânsito para ciclistas e pedestres. Os tempos mudam muita coisa, os apelos e os costumes idem.
Existem em nossa sociedade um grande apelo, propagandas e merchandising voltados para as questões da sexualidade. Tem sido muito recorrente e encontrado nos programas de TV, internet e redes sociais. Uma preferência por tudo que refere-se a erotismo. Há que se distinguir sexualidade de sexismo e erotismo. Sexualidade se trata com profissionais capacitados na área. Envolve conhecimentos de biologia e medicina e não pura e disseminada enganação dos menos avisados.
 um já badalado programa da Rede Globo intitulado Amor e Sexo. O melhor título seria Amor sem Nexo. Mas não é só este. Várias outras emissoras abordam o tema. Na verdade, são diálogos e tratativas de erotismo, sexismo e pornografia, com uma cosmética e enfoque como se não o fosse. Mas, no fundo é a mesma coisa. Fica aqui a pergunta: será que essas pessoas só possuem esses expedientes como temas de alegria, prazer e felicidade? A mim me (perdoe-me a redundância) ressoa como muita falta de criatividade e busca de coisas mais saudáveis para elevar a audiência. As  emissoras têm seus motivos. Elas vendem o que os consumidores gostam. Os patrocinadores fazem parte do cartel e do jogo. Sujo ou não, os fins justificam os meios. Que triste!
Notas biográficas sobre o autor
 Joao Joaquim de oliveira – nasceu em Iapu MG – cidade do Leste Mineiro e vizinha de Ipatinga – Vale do Aço mineiro. Ainda adolescente, com 13 anos de idade, saiu de casa – região rural─ para completar o antigo curso primário─ Fez o antigo Ginasial em Dom Cavati MG. Depois seguiu para Caratinga MG, onde fez o segundo grau─ antigo científico─
Prestou vestibular para Medicina na UF de Juiz de Fora MG, classificando-se em 9o  lugar entre  os 2000 mil candidatos para 100 vagas. Graduou-se em Medicina nessa Universidade Federal, em dezembro de 1981.  
Em 1981, mudou-se para Goiânia ─ GO , onde concluiu Residência Médica em Clinica Médica e Cardiologia ─ Faculdade de Medicina ─UFG e Hospital Santa Genoveva.
─ Fez concurso e provas de titulação Para Cardiologia, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia/ Funcor─ Sediada em São Paulo ─ Capital─ Constando esse certame por avaliação de Curriculum vitae, provas prática e teórica─ sendo aprovado na 1a tentativa e com louvores pelos avaliadores.
Nos idos de 1990, foi considerado o médico goiano que mais publicou artigos nas revistas especializadas , entre essas ─ Arquivos Brasileiros de Cardiologia─ Jornal Brasileiro de Medicina─ ARS Cvrandi ─ Revista de Cardiologia do Centro Oeste ─ Revista de Medicina da Moreira Jr, entre outras.
Possui  vários trabalhos de pesquisa científica publicados de forma solo e   em parceria com outros pesquisadores
Possui inúmeros artigos cientificos publicados em Revistas Científicas das Sociedades de Especialidades médicas e sites de Medicina. Coautor de Livros de Medicina ─ Entre eles O Coração─ Editor professor Celmo Celeno Porto ─ Faculdade de Medicina ─ UFG
Trabalhou na Caixa de Assistência do Banco do Brasil─ Cassi  e Ceasp , órgão de assistência médica aos funcionários do Banco do Brasil,  função exercida por concurso público, de 1981 a 1992.
Prestou concurso para médico assistente em Clínica Médica pela Faculdade de Medicina UFG, sendo classificado em 1o  lugar , sendo admitido em 1995─ função exercida até 2016, quando se aposentou-se .
Trabalhou na secretaria de saúde de Goiás, como Cardiologista, de 1986 a  2016, onde também aposentou-se.
É de se destacar que o autor, sempre exerceu a Medicina, por extrema vocação. No entanto sempre cultivou um enorme apreço pelas letras, pela literatura brasileira, pela leitura dos clássicos de nosso Idioma. Paralelo ao exercício da Medicina, escreve regularmente artigos de interesse geral e em saúde─ Foi colunista/ articulista do Jornal O Popular Goiânia GO ─ Atualmente escreve às 5as férias e domingos para O Jornal Diário da Manhã Goiânia GO─ tendo o seus artigos e opiniões repicados por outros jornais e portais de notícias gerais.

Ilustração :
Francisco Carlos FRÓES – Jornalista – Cartunista e Ilustrador- Habilidoso e talentoso profissional ,  com atuações em diversos Jornais, Revistas e Portais de Goiás e nacional- Atualmente trabalha de forma autônoma e no Jornal Diário da Manhã – Goiânia GO .
Colaboração Técnica e Linguística – Neuza Gonzaga Amorim – professora aposentada da UFG .