quarta-feira, 19 de outubro de 2016

SAÚDE + OU menos

               SAÚDE E CONTROLE DE DOENÇAS  MAIS OU MENOS
João Joaquim  

Ha alguns princípios e regras em Medicina e outras áreas de saúde que decidi trazer neste artigo. São os estágios ou graus das doenças e também do controle dos chamados fatores de risco. Há um postulado ético que todo médico deveria pautar-se por ele. Assim fazendo, ele praticamente cumpre todos os itens do código de ética profissional e vale para muitas outras profissões que lidam com o ser humano. Esse princípio diz assim:  , “ O médico deve buscar o que há de melhor em benefício do paciente”. Esse qualificativo “melhor” inicia-se na relação médico-paciente e deve perpassar por todas as etapas do atendimento, culminando na terapêutica  como o destaque de excelência nessa prestação de serviços.
Nesse mister do excelente( ou do melhor) atendimento cabem ao médico algumas características, entre elas a verdade, a franqueza, a clareza nas palavras, a transparência e firmeza em seus procedimentos. O médico jamais pode usar de termos muito técnicos ou expediente de falsear, agradar por agradar, e explicações fora dos princípios essencialmente éticos ou científicos. Nenhum ardil,  dissimulação , argumentos obscuros devem fazer parte na relação médico/paciente( em suma, isto é a mais genuína ética ou honestidade que deve permear as relações humanas)
Assim pensando, em decidi listar 10 itens encontradiços na vida das pessoas e que são negligenciadas pelos pacientes. São condições que o médico tem o dever de alertar e recomendar sobre os riscos a curto,  médio e longo prazo. É aqui que entra o objetivo do profissional de recomendar o que há de melhor, o foco na excelência. Isto vale para um estilo de vido saudável, a melhor meta de um dado fisiológico, a mais segura técnica cirúrgica , a mais eficaz medicação, o que as pesquisas atuais mostram de mais comprovado em beneficio da saúde das pessoas.
Quanto falamos em doença usamos os adjetivos normal (ausência do mal), mínimo, leve, moderado ou severo. Se fala em algum  risco ou condições de saúde empregam-se os termos ruim, regular, bom e excelente. Com os exemplos a seguir das 10 condições mais comuns ficam mais claros estes graus de doença ou níveis de saúde.
Pressão arterial.  O  nível de excelência para o adulto em repouso = 120/80 mg (12/8). Se o indivíduo tem 13/9 ele tem nível mínimo de elevação da pressão.
Glicose ou açúcar. A taxa ideal é entre 80 e 90 mg por dL(decilitro) de soro (sangue). Se persiste em 100 mg em jejum, não é o excelente, está  próximo ao diabetes.
Colesterol. Nível de excelência menor que 200 mg/dL. Um nível de 220 mg persistente é uma alteração mínima, não o ideal. Constitui o maior risco de complicações cardiovasculares( infarto e derrames cerebrais).
Triglicerídeo. Nível ideal 150 mg/dL ou menos. Favorece doenças cardíacas e pancreáticas .
Peso corporal, basta calcular pelo IMC, peso dividido pela altura X altura. Um  sobrepeso persistente de 10 kg, significa um padrão regular de saúde  neste quesito. Exemplo : 80 kg/1,70mx1.70m = 27,68, significa sobrepeso;  ideal seria 25.
Atividade física. Se a pessoa não faz exercícios, no mínimo 4X semana, com sessões de 40 min a 60 min, significa algum grau de sedentarismo, tanto pior quando próximo de zero a mobilidade da pessoa. O melhor que se pode fazer em manter o aparelho circulatório hígido e saudável é atividade física regular.
Alimentação. Pode a pessoa ser até magra, mas se ela ingere excesso de gordura saturada (animal), gordura trans,  de carne vermelha e sal de cozinha significa uma dieta não excelente ou não  saudável. Gordura animal e sal de sódio fazem mal aos rins, coração, pressão e circulação .
Vícios . Qualquer  droga, nicotina, álcool e maconha. O que é a excelência? Zero dessas substâncias. Um cigarro, uma latinha de cerveja fazem pouco mal, mas é mal.
Estresse psicoemocional. O ideal é que a pessoa não tenha o estresse patológico persistente. Ele faz mal à saúde da mente, da alma e do corpo. O estresse transitório e leve, não causa nenhum dano ao organismo.
Sono de boa qualidade e reparador. Trata-se do nível de excelência nesse quesito. Para tanto devem-se buscar as medidas higiênicas e dietéticas para esta condição tão essencial à harmonia de nosso organismo. É durante um bom sono que o cérebro e os demais órgãos vão se reabilitar daquele estresse emocional e físico do dia a dia.
Por fim uma questão de enorme significado na saúde das pessoas é o grau de controle das doenças, ou seja o rigor ou desleixo no adequado uso dos itens terapêuticos. Como exemplos, a hipertensão arterial e o diabetes. Quantos doentes estão por aí  incorretamente medicados! Seja no medicamento impróprio, na dose inadequada e com outros cuidados necessários  não seguidos.
Vamos tomar a título de escore os itens analisadas, do quanto na soma geral, de mínimo em mínimo se pode obter um resultado desastroso em pontos, fora do que seria a excelência e normalidade para uma boa saúde. Uma pressão 14/9 (140/90), 30 pontos; uma glicose 100, 10 pontos; um colesterol de 220, 20 pontos; um triglicerídeo de 180, 30 pontos; peso com 10 kg acima do ideal, 10 pontos; sedentarismo, 10 pontos; alimentação insalubre, 10pontos, um vício, 10 pontos; estresse diário, 10 pontos; sono não repousante, 10 pontos. Na soma temos 150 pontos.
 Esse escore de 150 pontos equivale a um grande fator de risco não corrigido cronicamente. Exemplos , eles se igualam a uma taxa de colesterol de 350mg, a um tabagismo de 20 cigarros/dia, a um diabetes de 250mg não tratado, etc. Imagine uma condição desta ao longo de 20 anos, de 30 anos. Quanto de estrago aos rins, ao coração, à circulação, ao cérebro ( risco de derrames) e prognóstico ruim para uma morte precoce.

Em suma, quanto mais pontos a pessoa tiver, mais chance ou risco de morte de causa geral ou cardiovascular. Assim fica demonstrado o quanto a pessoa com a orientação do médico deve buscar não o nível mais ou menos, ou médio de saúde ou no controle das doenças, mas a meta ideal ou de excelência. É a estratégia da prevenção ou o princípio “evitar é melhor do que remediar”.  Setembro/2016.  

obesidade II

CONVERSA MOLE   SOBRE GANHO PONDERAL
João Joaquim

Eu tenho para mim que nunca dos nuncas se falou tanto em obesidade como se fala em nossos tempos. Que tempos são esses? Estamos na era do predomínio do liberalismo ergonômico( produzir muito com pouco esforço), do cômico (de comedia e comer com diversão ) e  da crise econômica. O capitalismo ,que se manifesta na indústria e no livre-mercado, aproveitou essa deixa e pôs suas garras nesse filão de clientes. Comerciar e comer, eis os dois verbos mais conjugados nesses tempos, que se não rimam, combinam nas propagandas envenenadoras e enganadoras do consumismo.
É o comunismo( não político) na mesma comunhão  de-  todos têm o direito ao prazer, ainda que passageiro, do se fartar, do se empanturrar de porco, de vaca (atolada ou pura), de aves , de frango e galinha  e tudo mais de roldão como acompanhamentos que vão da batata-palha às massas de trigo consumidas e apreciadas pela massa humana.
 Somadas a todas essas frituras, gorduras saturadas de carbono e de colesterol,  ou trans,  vêm as bebidas em profusão. Elas que não se destinam a fisiológicas hidratações, mas em libações prazenteiras, sedantes e excitatórias. São hábitos que, à moda dos antigos romanos, levam muitas vezes aos reflexos vomitórios, tudo como resultado do liberalismo gastronômico do comer, comer, comer;  para o fim de ao menos assim ter e obter o máximo de prazer; como já preconizam os epicuristas de priscas eras.
 “Nenhum prazer é, por essência, ruim: é o que produzimos com ele que, dependendo do tamanho de seu sofrimento, ditará se realmente valerá ser saciado. O prazer de tomarmos um copo de água quando estamos com muita sede é tão verdadeiro quanto o sofrimento de ser afogado pelas águas do mar. As drogas, por exemplo, usadas sem critério médico, podem produzir um mal muito maior que a euforia ou bem-estar que causam quanto ao prazer imediato que proporcionam. Em síntese, o prazer e o sofrimento resultam da relação do corpo com os objetos circundantes” ( princípios da prazer e da felicidade a qualquer custo, Segundo Epicuro, o filósofo do prazer).

Feito esse breve introdutório, falemos numa outra questão, a causa da obesidade. Pode parecer temas antagônicos, mas não são. Obesidade e indústria alimentícia têm muito em comunhão. São irmãs gêmeas que atuam no mesmo polo. Quando na verdade se fala em ganho de peso vem logo aquele ramerrame ou nhenhenhém  das causas de tão prevalente e grave pandemia que atinge ricos e pobres. Os ricos porque comem o que há de mais chique e requintado, os pobres, que custe até algum chilique,  mas não ficam sem os farináceos e requentados. E assim segue a marcha de toda a massa de humanos  que porta a tal debatida, rejeitada, mas redundante obesidade.
Em todos os painéis e simpósios assistidos por mim sobre o tema, têm sido recorrentes os fatores psíquicos e genéticos ( múltiplos ) para ganho ponderal. Verdadeiros e contributivos que sejam, esqueçamo-los e tragamos outros de grande quilate nessa ontológica e filogenética moléstia que tanto martiriza, estigmatiza, discrimina e mata a humanidade.  Exalto aqui dois dos mais esquecidos contribuintes no superávit ponderal, a saber, o cultural e o social.
O cultural que  salta aos olhos de qualquer pessoa; basta ver  que os grupos dos obesos trazem a cultura, o hábito de a tudo celebrar com comida, bebidas a perder de vista, ainda que tudo custe a inadimplência do cartão de crédito( nome impróprio para essa tarjeta de dívidas). O que mais abunda em todos os encontros dos obesos é o gozo, o regozijo e regalo do comer e do beber. Tudo, sejam encontros e desencontros, exige que seja regado a comida farta e bebidas para festivas libações. Estou alegre e feliz!  então vou comemorar me fartando do que me vier de sobrepeliz. Meu time perdeu logo hoje, traga aí aquela caninha como aperitivo  e que venham aqueles capitosos acepipes e salgadinhos.
O fator social tem um pouco do cultural. Aqui entra a questão do status ou  importância ou destaque onde se acha inserido o indivíduo. Funciona, no quesito social ou cultural,  a lei do “eu sou o que eu como”. O sujeito se sente de mais status pelo quanto de melhor e o que mais come. São sinais e prenúncios de nossos tempos.
 Saindo da seriedade e sisudez de tão relevante tema, o que já não é sem tempo;  o que se devia fazer de mais produtivo e eficaz seria a educação nutricional na infância. As crianças ainda nas creches e jardim-de-infância (2 anos a 6 anos) deveriam ser educadas com uma alimentação saudável. Nessas refeições, o lanche matinal e vespertino deveria ser composto de um pãozinho integral (fibras), um produto lácteo sem açúcar (proteínas e cálcio para os ossos) e uma fruta (vitaminas e minerais).
 O que presenciamos  nas escolas e mochilas é justamente o contrário; doces, açúcares e chocolates. Num expediente de finura e muita esperteza , diversos ramos da indústria gastronômica põem no mercado os tais iogurtes, doces, coloridos e achocolatados. De fato saborosos , mas do mais puro engabelo para que a garotada, uma vez feita a degustação de tais produtos , nada mais lhe interessa. Pura sedução, que os pais e cuidadores , não têm como reverter tal apelativa educação .
Crianças cujos pais são magros de genética ou  por uma cultura alimentar saudável, serão da mesma forma adultos saudáveis, porque assim foram educadas. Inclusive na questão do paladar daquilo  que realmente é antes nutritivo que calórico, antes construtivo, organicamente falando, que hipercalórico.

É assim que devem prevalecer os fatores cultural e social na formação e educação de uma sociedade não obesa e saudável. O resto de discussão é o mesmo reco-reco  infindável de falatórios que nada acrescenta aos frequentadores obesos dos refeitórios e certamente pacientes e clientes dos endocrinologistas e nutricionistas em seus frequentados, caros e obesos  consultórios. Basta , falei demais .  Outubro /2016.      

médicos de gente..e almas

MÉDICO DE PESSOAS E DE ALMAS
João Joaquim


É uma redundância afirmar o que vou afirmar, mas não estou nem aí para ideias comuns ,nem estilo de linguagem : o melhor presente da vida é a própria vida; imagino que este conceito já foi dito por outras pessoas; também não importa, visto que o que é bom e construtivo pode ser repetido à exaustão , ainda que por termos e construções diferentes.
Interessante que quando falamos em vida abre-se um leque de ideias e sentidos do que vem a ser a existência de cada pessoa na vida desse planeta e do universo. Propor a falar da vida humana é tarefa das mais complexas, porque não é só essa vida material, biológica e emocional que caracteriza o gênero humano. O tema vai muito além dessas dimensões.
O que faço aqui então é trazer alguns aspectos pontuais obtidos do que se pode extrair de bons autores, de biologia, psicologia e ciências médicas. Partindo então da premissa “ O melhor da vida é a própria vida” temos que o ser humano é talvez o único animal que tem consciência de sua mortalidade. Nós temos consciência de nossa finitude. Todavia, trazemos uma outra característica e faculdade : de vivermos como se fôssemos eternos. Todos só vivenciamos a consciência da morte diante de qualquer ameaça à nossa integridade biológica; seja pelo acometimento de uma doença de prognóstico incerto ou um fator que nos traz alguma ameaça de forma aguda ou crônica (traumas, doenças). Mas, na saúde nós agimos como imortais.
A aptidão e vocação que temos em vivermos como imortais são prerrogativas das mais saudáveis. São condições indicadoras de higidez e sanidade mental. Pensar na morte, a chamada ideação suicida, por exemplo, constitui uma grave ruptura da saúde psíquica e mental e exige pronto e longo tratamento com medicamentos e psicoterapia.
Para entendermos de forma mais simples e clara o que é a dádiva da vida que é a própria vida vamos tomar como princípio aquele senso ou provérbio popular que diz “ nós só damos valor a algum bem na falta ou perda desse bem”. Tal princípio é perceptível nos recursos mais rotineiros das pessoas. Basta imaginar a falta de água em nossas torneiras, de energia elétrica e outros suprimentos para nossa saúde e qualidade de vida. Assim ocorre com a própria vida. Todos, invariavelmente, têm a exata noção da grandeza e prodígio da vida, quando ameaçados em sua saúde ou integridade física.
Vida e morte estão indissociáveis. São como lados de uma mesma moeda. Com a firme noção desse vínculo indelével é que diversos estudos e pesquisadores chegaram a conclusões interessantíssimas sobre o ciclo nascimento-vida-morte.
Os estudos nesse sentido tomaram como base muitos casos de pessoas acometidas de doenças irreversíveis e que foram acompanhadas em seus estágios terminai. Sugiro ler a autora Elizabeth Kübler-Ross. Dos relatos então destas pessoas foram extraídos ensinamentos os mais construtivos no entendimento dos sentimentos e sensações daqueles prestes a desligar da vida. Tais dados e registros são de igual monta importantes, para os que são parentes e amigos afetivos dessas pessoas, nessas circunstâncias.
Outros grupos de pessoas foram daqueles também acometidos de graves doenças ou acidentes, às vezes em estado de coma, e que se recuperaram com poucas ou nenhuma sequela. São os classificados de quase mortos. Os depoimentos são impactantes. Esses indivíduos recuperados de condições de quase morte passam a viver como numa 2ª vida, ou uma segunda chance de vida.
Eu, na condição de médico, tendo trabalhado por longos anos em terapia intensiva e urgência médica presenciei o que é a vida diante de muitos casos, que inesperadamente faleceram. No mesmo cenário ,aqueles casos de quase morte, e que recuperam para uma segunda chance de vida. São situações e circunstâncias nas quais, sem perder a humanidade e a sensibilidade, o médico precisa de muito equilíbrio e responsabilidade para bem exercer o seu papel de profissional da saúde, da vida e da morte.
Os médicos são designados na promoção da saúde e da vida, mas deverão saber lidar com as perdas e ajudar as famílias nessas horas de separação definitiva.
Enfim, se na vida plena, no gozo de pura saúde nos sentimos como imortais; mais que isso, negligentes e descuidados com o bem maior, a própria vida etc, na doença e outros momentos de risco e perigo temos a oportunidade de termos ciência de nossa fragilidade. É quando então muitos se despem de suas vaidades, dos vícios, da arrogância e do egoísmo e trocariam todos esses sentimentos por uma vida mais simples, generosa e fraterna pela única e maior felicidade que é a própria vida.
Quão grandiosa, quão sublime é a oportunidade de vivermos uma vida plena, não apenas no sentido biológico com nossos instintos de todo animal, mas acima de tudo munidos de sentimentos de generosidade, de gentileza, de fraternidade, com os nossos semelhantes e com os nossos diferentes, aqui inclusos todos os animais ditos irracionais e a natureza com sua profusão de vida. 18 de Outubro/2016.
Joao Joaquim – Viva a Vida, Viva a Vida Plena de Amor e Afeto com boas relações Sociais.
Viva os Médicos em Seus Dias, e nesse dia especial, 18 de outubro. Que tal sermos como São Lucas que foi Médico de Pessoas e de Alma?