quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Bullying

BULLYING MAIS DOENÇA MENTAL E ACESSO A ARMAS DE FOGO PODEM DAR EM TRAGÉDIAS INOMINÁVEIS
Joao Joaquim

O atentado com vítimas fatais e sobreviventes no Colégio Goyases, de Goiânia, é mais um daqueles epsódios trágicos que trará muitas discussões, opiniões, debates e propostas sobre diversas questões enfrentadas pelas famílias e sociedade. Como registro para futuras leituras: nessa escola de ensino fundamental, um garoto do 8º ano, 13 anos de idade, sofria chacotas, desdém e injúrias verbais; como  de todos sabido, um assédio  denominado bullying, até que no dia 20.10.17, essa vítima de "assédio moral" entra para uma aula normal portando uma arma de alto poder letal. Ele atira pontualmente no autor dos repetidos bullyings e em outros companheiros de classe, com 2 mortos imediatos e mais 4 feridos. São relatos testemunhais de colegas da escola. A direção do colégio,  por questão de justiça de informaçao, nega ter recebido essas informações de bullying sofrido pelo agressor.  
O que se tem de concreto até então, de informações concordantes, de amigos e imprensa, é que o autor do atentado sofria injúrias verbais e menosprezo de alguns colegas de classe. E mais, segundo informes de testemunhas do convívio, que o agressor verbalizara sinais e sintomas de provável distúrbio psiquico e/ou psiquiátrico. São hipóteses para futura elucidação diagnóstica.
Três são as questões que podem ser trazidas à baila para debates e propostas de minimização e/ou solução. 1-Bullying em escola e em outros espaços de convivência; 2-transtornos (doenças) mentais;  3-disponibilidade e/ou porte de arma de fogo.
O bullying( do inglês to bully, tiranizar, oprimir) tem sido recorrente nos espaços de convivência, sobretudo nos ambientes ecolares. É também muito praticado na internet e redes sociais (ciberbullying). No ambiente virtual são empregados os chamados memes, imagens nocivas e xingamentos. São agressões da mesma natureza do racismo, injúria étnica e preconceito contra as minorias;  como exemplo, pessoas dos grupos LGBTI e algumas religiões.
No ambiente escolar tal forma de assédio moral deve ser coibido pelo corpo docente das próprias escolas. Missão pedagógica que cabe a professores (as), coordenadores (as) e monitores. Tal expediente deve ser adotado com todo rigor através de reuniões, com a presença de vítimas e agressores, no sentido de pacíficação, orientação moral e ética aos envolvidos e proibição de qualquer expressão, gesto ou objeto injuriante. Outra exigência determinante é a comunicação de tais injúrias às famílias de vítima e agressor no propósito de cooperação e cessação de toda forma de agressão  física e verbal. O que fica claro e patente é que tanto professores e pais nunca podem subestimar e negligenciar ante os comportamentos e denúncias de bullying. Por isso dá-se ênfase no diálogo permanente de pais e professores com os alunos.
Uma outra realidade de uma prevalência significativa se chama doenças mentais. Elas têm um espectro  grande e variável e algumas de prognóstico grave e incurável. Como exemplos, os transtornos de ansiedade que atigem em torno de 20% das pessoas. A ideação suicida, também grave e crônica, mas tem tratamento e cura. As esquizofrenias, que acometem 1,2% das pessoa. Estas doenças(esquizofrenias)  não têm cura, exigem rigoroso tratamento com psicotrópicos e vigilância das famílias e/ou cuidadores (curadores). Nessa estatística, têm-se em Goiânia , cerca de 15000 pessoas acometidas dessa grave psicopatia. A cada 100 pessoas que se  encontra, tem-se ao menos um com a doença.
Uma questão extremamente milindrosa e grave é o preconceito e negação da família em relação aos sinais premonitórios (iniciais) indicativos das doenças mentais. Os pais ou responsáveis são os primeiros na demora e negativas em admitir e procurar ajuda diante de um filho com as primeiras manisfestações de qualquer transtorno psicológico ou paiquiátrico.
Trata-se de uma realidade tão grave que não tem sido incomum fazer-se o diagnóstico após um episódio de desatino ou tragédia como são os casos de tentativa ou comentimento de suicídio, de homicídio e crimes passionais. O estigma e segregação que as doenças mentais provocam levam a essa omissão e negação por parte de pais e familiares desses pacientes. 
A questão da participação das armas de fogo. Toma-se como exemplo os EEUU. Lá, em muitos estados, todos podem portar a arma que puder comprar, inclusive as de guerra como metralhadoras e fuzis. Já se têm estudos no próprio País que apontam: os estados com mais liberdade ao acesso a essas armas letais são os de maior número de homicídios, suicídios e atentados em massa (colégios, shoppings, shows).
No Brasil, o estatuto do desarmamento, criado em 2003, tem sido tanto infrutífero quanto estéril. Talvez pior ou mais nocivo do que antes porque desarma as pessoas honestas e responsáveis, mas, não se tem  os mesmos efeitos e resultados para os criminosos. Além do que há uma cultura no Brasil de muitas leis não surtir a eficácia esperada e a prática do jeitinho ilícito e desonesto de ser. A clandestinidade e a pirataria andam de mãos dadas nessas circunstâncias. As armas de fogo entram no país por todas as fronteiras. Que bem o atestam sobre essa triste realidade o crime organizado do Rio e São Paulo.
Assim ficam postas com as devidas propostas, essas três realidades:  bullying, transtornos mentais e armas de fogo. Cada uma tem sua dramaticidade peculiar e sujeita a tragédias. Imaginemos então a convivência ou coexistência de pessoas vítimas ou autoras de bullying,  de doenças mentais mais o acesso ou porte de arma de fogo. São associações mais do que danosas , irracionais e com alto poder de tragédias e de fatos e feitos que deixam famílias e sociedade  aturdidas e consternadas em só de ouvir e ver imagens dos horrendos crimes perpetrados por autores em crises de ódio e surtos psicóticos. 
Se uma dessas três condições já tem um alto potencial de conflitos, de destruição e molestação da pessoa atingida, imagine a conjugação de duas ou todas no mesmo ambiente de convivência. Por isso se alerta: - Bullying, transtorno psiquiátrico mais acesso a arma de fogo podem resultar em tragédias inomináveis. Cabe às famílias, educadores, sociedade e Estado uma profunda reflexão sobre tais questões e criar expedientes e diretrizes na prevenção desses eventos que amendrontam e ameaçam todos nos seus espaços de convivência, como são escolas, casas de entretenimento e participação coletiva.
João Joaquim de Oliveira – médico e cronista do DM – face/ joao joaquim de oliveira whatsApp (62) 98224-8810   

DOENÇAS na Cadeia

PRESOS DE PESO E SUAS DOENÇAS INCAPACITANTES DE FICAR NA CADEIA
João Joaquim  

Uma questão que me parece de menor relevância e tem passado ao longo das manchetes de jornais tem sido as doenças que acometem nossos presos “notáveis”. Todos os chamados suspeitos, condenados e os intitulados criminosos do colarinho branco. Não escapa nenhum! Assim que vai para a cadeia, o sujeito, através do seu advogado, apresenta um diagnóstico de alguma doença, alguma cirurgia ou procedimento que o impede de ficar encarcerado. Agora, muito curioso e hilário ficamos aqui ,eu  e os leitores,  e cada um no direito de perguntar a esses corruptos e larápios do dinheiro público. E quando foi para roubar e participar das quadrilhas ou mesmo, a sós, de crimes de toda ordem, o meliante não estava doente? Chega a ser cômico para não  dizer trágico, tal pretexto esfarrapado para escapar do xilindró.
A coisa ou estratégia deve funcionar assim. Tudo maquinado pelo advogado de defesa. Afinal, a arte de advogar vem dos ensinamentos dos sofistas. Argumentar, argumentar, convencer, convencer . Vamos lá que cola! , valeu nossa persuasão, valeu nossa arte de convencimento e de iludir a justiça. E tem juízes que caem nessa esparrela.
Apresentasse o réprobo, o precito e corrupto preso, queixas de sorumbatismo( sorumbático), certamente que convergiriam melhor os sintomas  com sua condição de recluso. Porque a perda de liberdade deixa a pessoa triste e macambúzia. A sensação é a mesma da nostalgia, aquela melancolia do exilado, privado que está de sua pátria, do afeto e amor de seus membros parentais.
Até então o preso mais notável que recorreu ao recurso de adoecer na cadeia foi o ex médico Roger Abdelmassih. Passados 2 anos e ele na cadeia, a defesa entrou com uma petição de cumprimento de pena em prisão domiciliar. Ele cumpria a pena na cadeia de Tremembé SP. E em idas e vindas, cadeia e casa, o supremo tribunal federal acatou a argumentação do advogado do condenado. Ela cumprirá sua pena no doce e reconfortante refúgio do lar. Só para refrescar nossa memória, o ex ilustre médico teve uma sentença de mais de 100 anos de prisão por crimes de estupros em suas ex pacientes numa clínica de fertilização. Ou seja, para ele os crimes compensaram. A justiça embarcou em seus diagnósticos pós prisão.
O ex presidente da câmara, ex deputado Eduardo Cunha tentou o mesmo expediente. Foi apresentado um diagnóstico de aneurisma cerebral. Nunca dos nuncas que a justiça poderia embarcar em tal justificativa. Como não aceitou tal petição. Então aquela pergunta inicial, nos tempos dos crimes, das falcatruas, dos atos de corrupção o sujeito estava em plena higidez. Uma vez preso, vem com tais doenças. Onde é que aneurisma cerebral torna o indivíduo e mala incapaz de ficar na cadeia? Nem de trabalhar. Só se for na Cochinchina .
O mesmo ocorreu estes dias com o acusado Carlos Nuzman, ex presidente do COB, em prisão temporária. A defesa do indiciou ingressou com recurso na justiça. Alegando que o cliente passou por uma cirurgia cardíaca e que precisa de cuidados domiciliares. Então as mesmas indagações. Para ter contas e barras de ouro na Suiça o corrupto não tinha nenhuma limitação física. Ele foi solto, cumpre prisão domiciliar. Parece que por vias legais.
Talvez limitação ética e de consciência e de brio. Essas justificativas seriam mais razoáveis .  De permeio faz-se necessário um comentário sobre a participação dos médicos que emitem atestados, relatórios, laudos e diagnósticos para suporte de referidas petições à justiça. O  que se tem de concreto é que um aneurisma cerebral, uma prótese vascular ou cardíaca, stents, infartos cicatrizados e marcapassos, nunca são impeditivos de cumprimento de pena na prisão. Até ao contrário, se o indivíduo está encarcerado, ele está mais de repouso, e menos risco terá de agravamento das citadas doenças. Faz bem a justiça em rejeitar tais estratégias e manipulações.
Quanto à participação dos médicos que assistem esses condenados. Eles (os médicos) deveriam ser ouvidos e inquiridos tanto pelos conselhos regionais de medicina, quanto pelo ministério público. Os casos de diagnósticos falsos, forjados e inverídicos existem. Por isso merecem serias e profundas investigações pelos órgãos de ética e de justiça.  novembro/2017.

DOPING

USAR MACONHA E COCAÍNA DEVERIA SER TAMBÉM DIREITO DOS ATLETAS

João Joaquim   

Todos aqueles afeiçoados e afeitos aos esportes  não mais estranham os recorrentes casos de doping entre os atletas. A origem do termo é controversa. A mais aceita é que vem de dop, um termo africano para designar uma bebida alucinógena empregada por tribos primitivas em seus rituais religiosos e encontros sociais. Com o tempo, da semântica ficou o sentido de qualquer substância empregada por atletas com a finalidade de aumentar o  desempenho físico. Os medicamentos mais empregados para tais fins são os anabolizantes, os analgésicos, os diuréticos, os broncodilatadores e corticoides. Há uma lista extensa que pode ser consultada na internet.
Um outro grupo de medicamentos vedados aos atletas é composto dos chamados psicofármacos ou substâncias psicoativas. São os também intitulados psicotrópicos, drogas estas “lícitas”, largamente prescritas por médicos e indiscriminadamente ingeridas (consumidas) pelas pessoas. A  aquisição se faz com as receitinhas azuis ou especiais de um médico bonzinho e amigo; ou nem disso precisa, porque se compra no mercado pirata das esquinas ou pela internet.
Um outro grupo de substâncias que constitui um verdadeiro cancro social é representado pelas drogas ilícitas, cujos principais exemplos são a cocaína, o crack e a maconha.
A relação das pessoas com as drogas ilícitas constitui um cenário de muitos debates, discussões, dissenso e conflitos. Pode-se partir de uma parcela da sociedade que acha por exemplo que o consumo recreativo ou dependente da maconha é um hábito normal e inócuo. Ideia chancelada, acreditem, pela nossa suprema corte de justiça. Essa que se intitula a guardiã das leis e da constituição.

Em geral esses adeptos da liberação da maconha  ou são os próprios usuários já adictos ou têm parentes em casa como dependentes. Ou, seja há uma nítida aquiescência em proteger um parente dependente ou a si próprio como viciado.

Todos os trabalhos científicos são concordantes em que o uso não médico ou terapêutico da maconha traz graves danos à saúde psíquica e orgânica de seus dependentes, muita vez com sequelas neuropsíquicas permanentes.
O uso médico do canabidiol( derivado da maconha) é restrito a algumas doenças neurológicas e epilépticas, sob estrita indicação médica.
Com relação às demais drogas proibidas, o que se tem de bom e positivo é que até os próprios viciados têm plena consciência e certeza de seus graves riscos à saúde. Hoje, além da cocaína e seus derivados têm-se no mercado as drogas sintéticas com efeitos psicodélicos, delirantes, alucinatórios e psicóticos, altamente nocivos a quem consome.
São drogas com um alto potencial de risco de alteração comportamental, passíveis de danos ao próprio usuário e às pessoas próximas desses drogaditos.
Como referido inicialmente, muitos são os casos em que no exame antidoping se detectam derivados de maconha e cocaína no organismo (urina) dos atletas. A  punição aos consumidores, nesses casos, se torna muito mais severa do que se fosse um diurético ou analgésico proibido no esporte como os medicamentos derivados da morfina (opioides).
O que se deduz desses casos de antidoping positivo para maconha e cocaína é que muitos atletas do futebol e outros esportes são de fatos usuários “recreativos” ou dependentes e de vez em quando  são flagrados nos sorteios para os referidos testes antidoping.
Uma outra questão ainda conflitante e passível de legislação especifica refere-se a exclusão do candidato a vaga de emprego nos exames médicos pré-admissionais. São os exemplos de função pública das polícias e atividades de segurança pública e mesmo outros cargos de governo.
Muitas das seleções de pessoal( recursos humanos) desses órgãos são tão rígidas que os exames para substâncias ilícitas são feitos no cabelo; com uma característica, esses exames detectam a substância no organismo (cabelo), passados até três meses do uso da droga.
Deixo aqui  um argumento a favor do candidato. Com essa quarentena, bom mesmo é que ele mantenha a abstinência para sempre e garanta o emprego, às vezes, tão almejado.
Assim é a relação do homem, da sociedade, de muitos órgãos gestores de esportes e de empresas com o chamado doping e com as drogas psicotrópicas legais e ilícitas.
Uma questão que chega ser intrigante e inexplicável é como o nosso judiciário vê o consumo de drogas no Brasil. Por exemplo, para o supremo tribunal federal, ser usuário de qualquer droga ilícita é normal, lícito e legal.  Inclusive  portar algumas gramas para consumo. Isto para qualquer cidadão comum.
Uma pergunta me causa comichão e curiosidade: se usar maconha ou cocaína é direito de todos, como o define o nosso colendo Supremo Tribunal Federal( STF) e para o  para o trabalhador-atleta?
Não seria também normal e de direito? É tempo de nossa justiça se posicionar a respeito. Provisoriamente uma jurisprudência ou súmula-vinculante resolveria esse impasse. Afinal, de acordo com o artigo V de nossa constituição , todos são iguais em direitos e deveres. Inclusive o direito  de portar e usar algum baseado. Atletas e jogadores são também cidadãos de mesmos direitos. Eles possuem as mesmas garantias trabalhistas de outras pessoas não atletas. Ou não ? – Com a palavra nossos juízes do STF.   Novembro/2017.  


João Joaquim - médico - articulista DM   facebook/ joão joaquim de oliveira  www.drjoaojoaquim.blogspot.com - WhatsApp (62)98224-8810

BIORRITMO- RELÓGIO BIOL...

NOSSO  RELÓGIO BIOLÓGICO  VALEU UM NOBEL DE MEDICINA

Joao Joaquim


Os vencedores do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2017 são os americanos Jeffrey Hall, Michael Rosbash e Michael Young, por suas descobertas sobre os mecanismos moleculares que controlam os chamados ritmos circadianos - uma espécie de relógio biológico interno que regula o metabolismo dos seres vivos. As descobertas feitas pelo trio explicam como as plantas, animais e humanos adaptam seus ritmos biológicos de maneira a sincronizá-los com a rotação da Terra.
O mérito dos vencedores começou em 1984, quando Hale e Posbash isolaram a proteína PER, codificada pelo gene período. Essa substância se acumula durante a noite e se degrada durante o dia, num ritmo de 24 horas (ritmo circadiano, vem de circan dien, cerca de um dia). Para chegar ao núcleo a proteína PER se liga a outra proteína de nome TIM, produzida pelo gene timeless (seu tempo), onde vão bloquear o gene período, inibindo mais produção da própria PER.
O relógio biológico está envolvido em diversos mecanismos fisiológicos dos seres vivos, incluindo os humanos e plantas. Vários genes são controlados por esse sistema. Os cientistas empregaram como modelos de estudo as moscas de fruta, por ter um curto período de vida.
A saúde, a qualidade de vida e bem estar das pessoas são afetados quando há um descompasso entre o ambiente externo e o nosso relógio biológico. Um bom exemplo é o fenômeno do “jet lag”, o mal estar causado nas grandes viagens, com vários fusos horários. Já há  estudos que mostram também o surgimento de várias doenças quando se combinam inversão do relógio biológico com um estilo de vida não saudável, com a aquisição dos chamados fatores de risco, a exemplo do sedentarismo, dos vícios, da obesidade e doenças como hipertensão arterial e diabetes.
Assim se explicam muitos de nossos fenômenos fisiológicos. Nossa hora de alimentar, de dormir, de acordar, de uma urgência fisiológica digestiva, intestinal, urinária. Até mesmo os momentos de um aconchego conjugal, de nosso amor e boas relações sociais. Quantas e quantas atividades nós fazemos de  dia ou de noite, porque se ajustam melhor ao nosso ritmo interno, ao nosso relógio natural.
Na era pós industrial o homem moderno teve que se submeter ao chamado tempo social, em detrimento do tempo da natureza ,regulado pela noite e dia, pelo sol e pela lua. O descompasso entre esse tempo biológico interno e o tempo social pode gerar sérios danos à saúde, inclusive o câncer, conforme o demonstram estudos pertinentes.
As primeiras evidencias dos ritmos circadianos vieram com o astrônomo francês Jean Jacques D’ortous de Mairan. Ele estudou as plantas do gênero mimosa ou dormideira, cujas folhas se fecham à noite e se abrem ao amanhecer. Mesmo quando isoladas no escuro por vários dias, elas continuam o mesmo ciclo, murcham durante o período noturno e abrem com o dia. Com isto fica demonstrado um controle genético interno como nos animais( biorritmo).
Outro cientista que também contribuiu para a compreensão do biorritmo foi o americano Seymor Benzer(1921-2007) . Ele estudou o gene período na mosca drosófila. Este cientista só não conseguiu desvendar os mecanismos intrínsecos , agora desvendados pelos cientistas agraciados com o Nobel de Medicina 2017.
Muito se tira e se conclui de bom e de útil da compreensão dos mecanismos de nosso relógio biológico (biorritmo, ritmo circadiano). A cronobiologia, ramo da biologia que estuda esses fenômenos poderá contribuir sobremaneira no estudo dos ciclos sono e vigília, na variabilidade desses ritmos entre as espécies e mesmo as diferenças individuais dos humanos.
Quantas não são as pessoas por exemplo que adormecem mais cedo e levantam mais cedo, ou vice-versa?  Quantos indivíduos produzem melhor em determinado período do dia?  São  os chamados matutinos, vespertinos e até noturnos!
Tal conscientização caberia então às empresas, aos órgãos de Estado, às politicas de Educação e cultura, e ao próprio  ministério da educação, no sentido de seguir mais o ritmo da natureza, com inicio e términos de aulas seguindo os ditames e regras gerais do organismo humano, da natureza. 
Dentro dessas diretrizes, abolir em definitivo o estéril, nocivo e imbecil horário de verão, que se provou sem nenhum utilidade para economia. E ainda que o fosse, continuaria uma imbecilidade por tantos danos e riscos que  traz à saúde e segurança das pessoas.
Ao que parece, pelas comunicações recentes,  o governo, finalmente, depois de três décadas dessa imposição, colocará um  final no malsinado e nocivo horário a partir de 2019. Tudo volta como dantes, seguindo os ditames e ciclos da natureza, do agora desvendado, em detalhes,  relógio biológico interno ou biorritmo. Ainda bem, antes tarde do que nunca. Viva a Ciência! Viva a Fisiologia ! Novembro/2017