segunda-feira, 3 de abril de 2017

INFARTO , posso ter ?



Posso morrer de infarto ?

João Joaquim

.... Pergunto a um paciente que me procura para consulta : Pois não, mas o que o motivou a procurar um cardiologista?

-"Olha doutor, Eu fiquei preocupado. Meu tio não tinha nada, era saudável e teve um infarto fulminante. Ele tinha 55 anos. Na juventude foi até atleta e ainda jogava sua bolinha três vezes por semana. A única diversão dele era, além da bola, degustar um churrasquinho e tomar sua cervejinha. Cigarro só mais nas rodas de amigos de bola e da cerveja. Nos finais de semana costumava pegar mais pesado na cerveja e na carninha assada".

O relato acima refere-se a um caso concreto de uma amostra mais ampla de tantos casos semelhantes dos consultórios de cardiologistas.

O caso aqui em foco da consulta refere-se a um paciente masculino de 40 anos de idade. Abalado e ansiosamente sugestionado pela morte do tio passou a vivenciar os riscos (perigos) de sofrer o mesmo revés do parente que teve morte súbita por infarto agudo do miocárdio.

As dúvidas de nosso consulente:- "doutor, será que eu tenho risco de sofrer de infarto? Eu estou aqui para isto, quero que o Sr me faça todos os exames possíveis. Quero saber o que devo fazer daqui para a frente para evitar a doença" .

Minhas respostas ao consulente. Sim, todos têm riscos de sofrer um ataque cardíaco, especialmente acima dos 35 anos de idade. O homem tem risco maior do que a mulher. Após a menopausa a mulher tem as mesmas chances do homem. Mulher jovem e de estilo de vida insalubre, se equipara ao homem nos riscos de um evento cardíaco.

existe alguns agravantes. Em medicina nós valorizamos muito os chamados fatores de risco. Nada mais são do que hábitos ou doenças constitucionais ou adquiridas que aumentam as chances de o indivíduo sofrer esta ou aquela doença muito vinculada a esta condição insalubre(fator de risco) . Em cardiologia e neurologia estes fatores são bem conhecidos e estudados. Os fatores de risco maiores são tabagismo, sedentarismo, colesterol alto, hipertensão arterial, diabetes, obesidade sistêmica e/ou abdominal.

Tornando ao perfil de nosso cliente, ele era um homem de 40 anos , sedentário, obeso leve, colesterol 250mg/dL(normal até 200), triglicérides 200mg/dL(normal até 150), glicose 110mg/dL( normal até 90), ex tabagista, pressão de 14,5/9,0( normal até 12/8) , gordura abdominal( “barriga de chope”) e estresse profissional. Somando o fator hormonal masculino mais a história familiar, o paciente aqui em tela tem 10 fatores de risco para um evento cardioneurovascular (infarto ou derrame cerebral).

Resta observar que o sedentarismo, o ganho de peso, colesterol, triglicérides, glicose alta, hipertensão leve são fatores mórbidos adquiridos, cuja correção se faz com atividade física, e dieta mais saudável; ou seja sem nenhum ônus para a pessoa.

Além dos exames de sangue foram feitos eletrocardiograma e teste ergométrico cardiológico para pesquisa de doença coronária(obstrução arterial), cujos resultados foram normais. A recomendação para este paciente foi mudança do estilo de vida ( hábito alimentar+ atividade física) ,mais check-up de ano/ano.



As lições deixadas por este caso clínico real são a negligência e o descaso que as pessoas têm com relação à prevenção das doenças. Para doenças de elevada morbidade e mortalidade a melhor forma de enfrentá-las se chama prevenção. As doenças cardiológicas , as neuro e cardiovasculares , e o câncer em geral fazem parte desse espectro que mais matam no mundo.

A moral que nos deixa o relato desse paciente é esta: Todos podemos morrer de males traiçoeiros como um infarto, um derrame cerebral, uma arritmia cardíaca. Muitas vezes a primeira manifestação já é uma crise cardíaca de alto risco ou morte súbita . Para muitas destas doenças que surgem sem aviso prévio, a melhor estratégia é ter um estilo de vida saudável . Ser previdente é o segredo de se viver bem e melhor. Seja no trânsito, na AIDS, de câncer de próstata ou de mama, de infarto, de derrame cerebral etc, a melhor estratégia, o mais eficaz está na prevenção, e quanto mais jovem se cuidar melhor.


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