segunda-feira, 3 de abril de 2017

INFARTO E EXERCÍCIO

                            

          INFARTO:  O BENEFICIO DO EXERCICIO FISICO

                                                                                                João Joaquim de Oliveira–


O enfarte ou infarto  agudo do miocárdio constitui na mais grave emergência médica. Prova disso são as estatísticas extraídas dessa catástrofe cardiovascular. Dos pacientes acometidos pela doença , 50% morrem antes de ter acesso a qualquer assistência médica. No grupo dos sobreviventes, 10 a 15%  morrem durante o tratamento hospitalar e 10 a 15%,  se não adequadamente tratados após a alta hospitalar , podem ter um novo enfarte  nos primeiros 5 anos; ou seja, contra uma tragédia clinica tão devastadora o melhor a fazer é a prevenção. 
A melhor estratégia contra a doença arterial coronariana (enfarte, angina de peito, morte súbita) é a chamada adoção de um estilo de vida saudável. Isto se dá eliminando ou tratando os chamados fatores de risco para doenças cardiovasculares, dentre os quais se destacam o tabagismo, o colesterol alto, o sedentarismo, o estresse, o excesso de peso e a hipertensão arterial. Um indivíduo tem maior ou menor probabilidade de sofrer um ataque cardíaco na proporção em que tenha os citados fatores de risco. Estes são cumulativos e interativos. Quanto mais fatores presentes maiores os riscos de um evento mórbido.
Se a era da robótica e da informática trouxe como corolário mais conforto, celeridade, maior produção e produtividade nas ações humanas, ela propiciou o surgimento de  muitos  fatores nocivos à saúde, sobretudo ao sistema circulatório. Para minimizarmos ou eliminar muitos males da modernidade como o estresse, o sedentarismo e  a ansiedade da vida corrida e competitiva temos que reportar à época do homem das cavernas para buscarmos o seu melhor antídoto: o caminhar. Em que pese todos os avanços técnico-científicos no entendimento diagnóstico e terapêutica das doenças em geral, nenhuma estratégia  ainda suplantou este meio tão primitivo, natural e de inequívoca eficácia na prevenção, na cura e reabilitação da doença cardiovascular.
O exercício físico seja ele aeróbico (caminhar, nadar, pedalar) ou isométrico (musculação) deveria ser incorporado na agenda diária de cada pessoa ou no mínimo 3 a 4 vezes por semana , seja o indivíduo  saudável (prevenção primária) ou mesmo portador de alguma cardiopatia (prevenção secundária de novos eventos  e reabilitação cardiovascular).
Salvo poucas exceções todo portador de alguma cardiopatia pode e deve fazer exercícios físicos tendo a clara noção de que , previamente ao início de qualquer atividade, seja feita uma avaliação médica especialização para quantificar a intensidade, tipo  e tempo das sessões de atividade física .
O ato de exercitar  além de por si só produzir benefícios saudáveis ao sistema cardiovascular e saúde como um todo, ele atenua e elimina outros grandes fatores de risco como o colesterol, os triglicérides, o excesso de peso corporal, a hipertensão arterial, o estresse etc.
Diríamos como recomendação geral que toda pessoa, independente da idade, antes de ingressar em um programa de atividade física deve no mínimo consultar um cardiologista e fazer um eletrocardiograma. As pessoas saudáveis acima de 35 anos devem além da consulta médica fazer um teste ergométrico cardiológico. Portadores de alguma cardiopatia necessitam um avaliação mais rigorosa e específica no sentido de quantificar e escolher qual a melhor modalidade de exercícios físicos adaptados a sua classificação de baixo, médio ou alto risco.
Um grupo especial de pessoas candidatas a prática de exercícios físicos são os convalescentes de enfarte do miocárdio ou derrame cerebral.  Nesta orientação reporto-me a uma pergunta recente a mim feita por um cliente em consulta: doutor, tive um enfarte  e agora ?  Ora!  não há nenhum mistério, nenhum pânico . Em primeiro lugar vamos combater e eliminar todos os fatores de risco causais do enfarte. Quanto a atividade física ela mais do que nunca será de vital importância na reabilitação pós-enfarte . Basta lembrar que o coração é um músculo e como tal se regenera, se fortalece e melhor funciona com o exercício bem dosado e bem orientado. O sistema circulatório geral( veias, artérias, capilares) é constituído de fibras musculares e também se revitaliza e torna-se mais dinâmico. Toda a massa muscular esquelética ganha em reflexos , força e resistência. Graças a esses e outros efeitos benéficos do exercício é como se alem de melhorar o coração torácico a pessoa ganhasse um  “coração periférico” a mais ( hipertrofia muscular esquelética, musculatura mais dinâmica ), propiciando um  aparelho circulatório mais eficiente e mais imune a novos ataques cardiovasculares (derrame , enfarte).
Que a atividade física faz bem para a saúde “sensu latu”é inegável.  O que não se pode conceber é o engajamento em programa de exercícios, sem o prévio   conhecimento da real  condição clínica. A sensação de ser aparentemente saudável não exclui o risco de alguma anormalidade assintomática do  sistema circulatório  ,  até mesmo de grave prognóstico, como  é possível ocorrer até mesmo com os atletas profissionais.
 Portanto,  seja você aparentemente saudável  ou portador de alguma  forma de cardiopatia, procure fazer uma avaliação médica  pré-atividade  física e bom exercício para todos.
Este artigo, nas palavras do jornalista e publicitário Raul de Assis, torna-se de utilidade pública,  como um alerta e mais atenção que se deve dar a saúde geral e do coração ,  este inestimável e maior bem que possa ter cada pessoa e cada leitor deste jornal.


João Joaquim de Oliveira  médico cardiologista
www.drjoaojoaquim.blogspot.com / 3229-4447- 9.8224-8810


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