sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

HORÁRIO DE VERÃO - CONTRA


O INÓSPITO HORÁRIO DE VERÃO -   JOÃO JOAQUIM 


Nós  trabalhadores, estudantes, pais e mães de alunos estamos obrigados  a viver com as agruras e inóspitos dias do pernóstico, malsinado e mal decretado horário de verão. Se ele terminasse em janeiro , vá lá, mas até fevereiro é um tortura para pais e filhos com o despertar tão cedo e mesmo pessoas que entram no serviço às 7 horas.
Muitas pessoas já afeitas com minha posição irredutível e contrário a essa nociva invenção de nossos digníssimos representantes e governantes perguntam-me, como se adaptar e como se retornar ao horário normal ?  
Basta relembrarmos o seguinte : a natureza dotou os organismos vivos, inclusive as plantas, de um ritmo ou relógio interno. Assim, os seres vivos têm um ciclo de funções que sofrem influência de elementos biológicos e ambientais os mais diversos. Na espécie humana, várias funções biológicas, como sono, temperatura corporal, síntese e liberação de hormônios, são constantes e repetitivas num período chamado circadiano (circa dien, cerca de um dia). A temperatura corporal e o cortisol, por exemplo, se elevam antes de o indivíduo acordar. Muitas enzimas digestivas são ativadas nos horários habituais das refeições.

A sincronização e regularidade de muitas funções dão ao ser humano uma referência de tempo e horário, mesmo sem o relógio de pulso. Isto se processa através do relógio biológico interno. Por que somos assim, não se sabe. O que sabemos é que a interferência, a quebra destes ritmos tem profunda e negativa influência na saúde e qualidade de vida, das pessoas, de qualquer ser vivente.   O funcionamento, a coordenação e interdependência destes ritmos têm participação de estímulos endógenos (do próprio organismo) e meio ambiente (luz solar, período claro/escuro, hora de adormecer e acordar).

            O primeiro experimento científico sobre estes fatores internos e externos foi empreendido pelo astrônomo francês D'Ortous de Mairan. Este cientista isolou uma planta heliotrópica, a mesma da espécie de nossa conhecida onze-horas da incidência de qualquer luz solar. Para grande surpresa do cientista, essa belíssima planta herbácea manteve a mesma periodicidade de abrir e fechar as folhas e desabrochar as flores, sempre no mesmo horário (11 horas), mostrando que, apesar de ao abrigo da luz (escuro), tinha um estímulo interno (relógio endógeno) responsável por seu comportamento que se repetia sempre no mesmo horário.

             Os pesquisadores Aschoff e Weber, utilizando voluntários humanos isolados em cavernas, documentaram que essas pessoas resistiam por vários dias e mantinham quase inalterados os ritmos de secreção hormonal e outros parâmetros fisiológicos. Todavia, concluíram que a privação prolongada da luz natural, a inversão do ciclo dia/noite, como no horário de verão, gerava marcantes mudanças fisiológicas com um amplo espectro de efeitos, de elevada morbidade, interferência na saúde, quebra da homeostase (equilíbrio e interação orgânica interna), ou seja, com muitos reflexos negativos na qualidade de vida.
Todos sabemos que muitos fenômenos naturais, como tempestades, enchentes, secas prolongadas, tufões, terremotos, trazem enormes impactos ecológicos, à segurança e bem-estar das pessoas. São acidentes meteorológicos naturais inevitáveis, contra os quais nada se pode fazer.

              Inaceitável e condenável por qualquer pessoa de bem e usuária dos códigos do bom senso é assistir repetidamente  que nossos governantes insistem com medidas tão contrárias à fisiologia e bem estar das pessoas. 


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