DIABETES - SAIBA MAIS
Em 2015,
a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Mundial da Saúde (OMS), o
Parlamento Europeu e a Federação Internacional de Diabetes (IDF) deram início a
um trabalho de conscientização dos políticos e
tomadores de decisão, a
respeito do estado atual e das consequências da pandemia de diabetes tipo 2.
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Essa
iniciativa foi tomada considerando que, atualmente, em todo o mundo, um em cada 11 adultos sofre de diabetes, o que representa uma população
de 415 milhões de afetados. Os custos diretos e indiretos do tratamento
dessa população até 2030 ultrapassarão 1 trilhão de dólares americanos.
Além
disso, aumenta cada vez mais o número de pessoas com pré-diabetes, que hoje já representam um
contingente de 320 milhões de indivíduos. Metade dos portadores de diabetes
ignora sua condição e quando finalmente esses pacientes são diagnosticados,
metade já apresenta uma ou duas complicações.
Em 2015, 5 milhões de mortes foram atribuídas às complicações
do diabetes, representando uma morte a cada
seis segundos. As organizações responsáveis por esta iniciativa consideram que,
apesar do reconhecimento de que são necessárias estratégias nacionais para o
enfrentamento desta catástrofe sanitária, não está sendo feito o suficiente
para a implantação de políticas eficazes para conter a epidemia de diabetes e
suas complicações.
Declaração
de Berlim
Por este
motivo, patrocinaram a reunião de especialistas de mais de 30 países para
elaborarem um guia de ações a serem tomadas para amenizar as consequências da
epidemia de diabetes. Reunidos em Berlim, em 2016, estes especialistas
elaboraram um documento conhecido como Declaração de Berlim sobre a intervenção precoce no diabetes (“early action on diabetes”),
recentemente publicado.
O que é?
A
Declaração de Berlim prevê que as ações sejam tomadas baseadas em quatro pilares: a prevenção do diabetes tipo 2,
o diagnóstico precoce, o controle dos pacientes com diabetes e o acesso ao
tratamento correto. Os especialistas foram divididos em grupos para trabalhar
especificamente em cada uma dessas vertentes. O grupo de prevenção considerou
que se não fizermos nada, em 2040, 10% da população mundial será portadora de
diabetes do tipo 2, com aumento de 20% nos gastos nacionais em saúde.
Aconselha diminuir em 10% o
açúcar (calorias) presente nas dietas individuais, através de campanhas
educativas e de medidas fiscais, como sobretaxar as bebidas açucaradas e os alimentos
não saudáveis. Essas sobretaxas poderiam eventualmente subsidiar alimentos
saudáveis como verduras, cujo consumo deveria aumentar em 50%.Os países devem
ter políticas voltadas para a prevenção do diabetes do tipo 2.
Recomenda-se:
·
Educação
alimentar nas escolas, além de áreas e horários para a prática de atividade
física nos postos de saúde e praças públicas.
·
Implantar
um sistema de rotulagem voltado para a facilidade de compreensão do consumidor,
com um código simbólico, por exemplo, cinco estrelas para os alimentos
saudáveis e com apenas uma estrela para alimentos ricos em carboidratos e
gorduras saturadas.
·
Restaurantes
e lanchonetes devem indicar a quantidade de calorias nos cardápios.
·
Os
municípios devem facilitar a construção de ciclovias e ter programas de
incentivo à pratica de esportes.
O papel
do Brasil
O representante do Brasil no
grupo de prevenção foi o Dr. Alexandre Hohl, vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM). As metas a serem atingidas
com essas medidas seriam as de conseguir deter o aumento do diabetes e da
obesidade até 2025 e diminuir em um terço a mortalidade prematura por diabetes
até 2030.
O grupo responsável por estudar
medidas relacionadas à detecção precoce do diabetes considerou que é importante
aumentar a detecção dos casos, porque metade dos portadores desconhece o
diagnóstico e o diagnóstico precoce pode diminuir as complicações e a
mortalidade.Os países devem elaborar planos nacionais de detecção.
No Brasil, de acordo com a nossa
representante, a Dra. Denise Reis Franco, pesquisadora do centro de pesquisas
CPClin, o Ministério da Saúde se comprometeu a ampliar a triagem para diabetes
em 60%, de acordo com o plano de ação estratégico para prevenir e
controlar doenças não transmissíveis. Isso seria alcançado realizando testes em
unidades de saúde e farmácias da comunidade. A meta a ser atingida é a redução
de 25% na frequência de complicações relacionadas com o diabetes detectadas,
quando do diagnóstico, até 2025.
O grupo que se dedicou a estudar
medidas para melhorar o controle dos pacientes diagnosticados, propõe que sejam
auditados os locais onde a maioria dos pacientes é tratada. Busca-se conhecer
qual é o grau de controle dos pacientes, se os exames que são realizados para
verificar o controle e para o diagnóstico das complicações estão sendo feitos
na frequência recomendada.
Além disso, foram propostos
incentivos financeiros e não financeiros para as instituições que têm os
pacientes melhor controlados, menor intervalo de tempo entre as avaliações para
os pacientes com pior controle.Também são propostas medidas educacionais, como
o maior número de horas dedicadas ao diabetes nas escolas de medicina e
campanhas dirigidas ao paciente, de modo a divulgar o que é um bom controle do
diabetes e sua importância. Nosso país foi representado pelo Dr. Augusto
Pimazoni Netto, da Unifesp. O objetivo das medidas é, a cada ano,
aumentar em 10% o número de pacientes que atingem as metas de bom controle.
E, finalmente, a Dra. Fernando
Thome, da SBEM, subscreve, pela comissão de acesso ao tratamento correto, que
indicou que os países devem ter um programa nacional sobre o manejo do
diabetes, com metas clínicas de consenso. Devem ter uma lista atualizada dos
medicamentos aprovados, em nível nacional, com a implementação de medidas para
superar os obstáculos ao acesso aos medicamentos. Deve também elaborar até 2025
um plano de acesso equitativo ao tratamento do diabetes para os setores público
e privado.
Se todos
os países tomarem medidas para respaldar a implantação das políticas descritas
na Declaração de Berlim sobre a intervenção precoce no diabetes, poderemos atenuar a atual trajetória de epidemia
do diabetes e melhorar a condição de centenas de milhões de pessoas afetadas por essa condição.Você
está convidado a apoiar.
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