REMÉDIO
ALIVIA , CURA E MATA. CUIDADO.
Tem
aquele adágio popular que diz “ de médico e louco todo mundo tem um pouco. Este
ditado se aplica muito bem aqui no Brasil, onde temos leis muito frouxas e
fiscalização muito falha e tolerante quando se trata de saúde e propaganda de
medicamentos e outros insumos sanitários.
Vamos
ilustrar esta triste e vergonhosa realidade com as infindáveis e burlescas
propagandas de remédios. O primeiro grande erro da legislação é a
permissão da própria mensagem apelativa ao livre consumo de qualquer produto
farmacêutico. O segundo erro e escárnio ao consumidor são os teores dos apelos.
O que dizem as vinhetas, os anúncios? “ Para tal sintoma ou doença tome tal
remédio, se os sintomas persistirem ou surgir efeitos colaterais procure o
medico”.
Analisem
então caros leitores (as) se tais apelos e propagandas não representam um
deboche e ofensa às pessoas e à nossa inteligência. Ou seja, a mensagem
significa: primeiro você se automedica, se intoxica e quando não obter alívio
ou cura, aí sim, você deve fazer o correto que é procurar um médico.
O
expediente da automedicação se tornou muito “cultural” em nosso país justamente
pela leniência das leis, pela fiscalização inexistente. Nossos governos sempre
foram omissos e culpados por essa prática disseminada que as pessoas têm de,
a qualquer febre, dor ou infecção, irem a uma farmácia da esquina,
comprar e tomar a seu bel prazer um antipirético, um analgésico ou antibiótico.
No Brasil há outros fatores que contribuem para o livre consumo de
medicamentos. Falo por exemplo de comércio clandestino, da pirataria. Não
importa que cor tenha a tarja do remédio. Pela internet ou camelódromos se acha
de Viagra, morfina até propofol ( que vitimou o cantor Michel Jackson). O
famoso anestésico venoso, ou como o pop star o chamava “leitinho branco”
e que injetado na veia levava-o a um sono profundo e aliviava as suas dores do
espírito, da alma e do corpo. Um dia houve exagero na dose, ele entrou em coma,
depressão respiratória e morreu.
Diante
da fragilidade das leis e ineficácia de órgãos reguladores sérios, somos também
vítimas do lobby das indústrias farmacêuticas. Muitos medicamentos proibidos
nos EUA e Europa são permitidos em nosso país. Um exemplo são alguns produtos
para tratamento de obesidade. Países do atraso como Venezuela, Bolívia e
Brasil, são campos de experimentos e consumo de muitos medicamentos , que não
deveriam nunca chegar ao consumidor. Não pensem que os médicos também não tem
culpas. Eles são aliciados pelas propagandas das indústrias. São aliciados e
convencidos pelo marketing dos fabricantes.
E
qual a vantagem para o governo? Os impostos pagos pelos fabricantes. Enfim são
questões de ordem cultural e política que tornam a nossa sociedade uma
das campeãs em consumo de insumos farmacêuticos e outros produtos de saúde.
Chega a ser cômico e hilário o anúncio de drogas, utensílios e aparelhos para
os mais variados sintomas. Até águas , cadeiras e colchões magnetizados se
vendem como uma panaceia, eles melhoram tudo, até depressão, impotência e evita
câncer. Lembram da pílula do câncer
? Foi proibida .
Contra
tais hábitos tão difundidos das pessoas e exploração das indústrias de
medicamentos eu deixaria algumas advertências e conselhos. Qualquer remédio por
mais inócuo que possa parecer traz riscos potenciais de grave toxicidade e
morte. Há um conselho em farmacologia que eu costumo seguir quando estou frente
a um produto novo, chamado de ponta e top de linha para esta ou aquela
enfermidade. Diz esse princípio: “ Como médico , não seja o primeiro a receitar
uma novidade , nem o último a descartar o velho”( o medicamento já conhecido).
Como
ilustração destas ameaças do uso abusivo da automedicação eu ficaria com
medicamentos de todos conhecidos. Já presenciei morte por uso de aspirina.
Usada em algumas viroses pode levar a uma necrose hepática fulminante. Já vi
gente morrer por necrose de medula pelo uso de dipirona. Já assisti
choque anafilático e morte súbita por uso de uma simples e inofensiva
penicilina. Remédio alivia, cura e mata.
A
diferença entre remédio e veneno está na dose, em quem se usa e por quem foi
receitado. Amigos , vizinhos, curandeiros e farmacêuticos não são os
profissionais de saúde indicados para prescrever medicamentos. Isto é um
ato circunscrito ao médico. E cuidados com farmacêuticos e médicos sem uma
formação de qualidade. Nada tenho contra os cubanos. O culpado é o regime onde
eles passam por uma constante assepsia cerebral, inclusive no tocante a essa tão
importante profissão que é o cuidado e vida de pessoas doentes.
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