sexta-feira, 23 de setembro de 2016

REMÉDIOS...

REMÉDIO ALIVIA , CURA E MATA. CUIDADO.
  


Tem aquele adágio popular que diz “ de médico e louco todo mundo tem um pouco. Este ditado se aplica muito bem aqui no Brasil, onde temos leis muito frouxas e fiscalização muito falha e tolerante quando se trata de saúde e propaganda de medicamentos e outros insumos sanitários.
Vamos ilustrar esta triste e vergonhosa realidade com as infindáveis e burlescas  propagandas de remédios. O primeiro grande erro da legislação é a permissão da própria mensagem apelativa ao livre consumo de qualquer produto farmacêutico. O segundo erro e escárnio ao consumidor são os teores dos apelos. O que dizem as vinhetas, os anúncios? “ Para tal sintoma ou doença tome tal remédio, se os sintomas persistirem ou surgir efeitos colaterais procure o medico”.
Analisem então caros leitores (as) se tais apelos e propagandas não representam um deboche e ofensa às pessoas e à nossa inteligência. Ou seja, a mensagem significa: primeiro você se automedica, se intoxica e quando não obter alívio ou cura, aí sim, você deve fazer o correto que é procurar um médico.
O expediente da automedicação se tornou muito “cultural” em nosso país justamente pela leniência das leis, pela fiscalização inexistente. Nossos governos sempre foram omissos e culpados por essa prática disseminada que as pessoas têm de,  a qualquer febre, dor ou infecção, irem a uma farmácia da esquina, comprar e tomar a seu bel prazer um antipirético, um analgésico ou antibiótico. No Brasil há outros fatores que contribuem para o livre consumo de medicamentos. Falo por exemplo de comércio clandestino, da pirataria. Não importa que cor tenha a tarja do remédio. Pela internet ou camelódromos se acha de Viagra, morfina até propofol ( que vitimou o cantor Michel Jackson). O famoso anestésico venoso, ou como o pop star o  chamava “leitinho branco” e que injetado na veia levava-o a um sono profundo e aliviava as suas dores do espírito, da alma e do corpo. Um dia houve exagero na dose, ele entrou em coma, depressão respiratória e morreu.
Diante da fragilidade das leis e ineficácia de órgãos reguladores sérios, somos também vítimas do lobby das indústrias farmacêuticas. Muitos medicamentos proibidos nos EUA e Europa são permitidos em nosso país. Um exemplo são alguns produtos para tratamento de obesidade. Países do atraso como Venezuela, Bolívia e Brasil, são campos de experimentos e consumo de muitos medicamentos , que não deveriam nunca chegar ao consumidor. Não pensem que os médicos também não tem culpas. Eles são aliciados pelas propagandas das indústrias. São aliciados e convencidos pelo marketing dos fabricantes.
 E qual a vantagem para o governo? Os impostos pagos pelos fabricantes. Enfim são questões de ordem cultural e política que tornam a nossa  sociedade uma das campeãs em consumo de insumos farmacêuticos e outros produtos de saúde. Chega a ser cômico e hilário o anúncio de drogas, utensílios e aparelhos para os mais variados sintomas. Até águas , cadeiras e colchões magnetizados se vendem como uma panaceia, eles melhoram tudo, até depressão, impotência e evita câncer.  Lembram da pílula do câncer ?  Foi proibida .
Contra tais hábitos tão difundidos das pessoas e exploração das indústrias de medicamentos eu deixaria algumas advertências e conselhos. Qualquer remédio por mais inócuo que possa parecer traz riscos potenciais de grave toxicidade e morte. Há um conselho em farmacologia que eu costumo seguir quando estou frente a um produto novo, chamado de ponta e top de linha para esta ou aquela enfermidade. Diz esse princípio: “ Como médico , não seja o primeiro a receitar uma novidade , nem o último a descartar o velho”( o medicamento já conhecido).
Como ilustração destas ameaças do uso abusivo da automedicação  eu ficaria com medicamentos de todos conhecidos. Já presenciei morte por uso de aspirina. Usada em algumas viroses pode levar a uma necrose hepática fulminante. Já vi gente morrer por necrose de medula pelo uso de dipirona. Já assisti  choque anafilático e morte súbita por uso de uma simples e inofensiva penicilina. Remédio alivia, cura e mata.
A diferença entre remédio e veneno está na dose, em quem se usa e por quem foi receitado. Amigos , vizinhos, curandeiros e farmacêuticos não são os profissionais de saúde  indicados para prescrever medicamentos. Isto é um ato circunscrito ao médico. E cuidados com farmacêuticos e médicos sem uma formação de qualidade. Nada tenho contra os cubanos. O culpado é o regime onde eles passam por uma constante assepsia cerebral, inclusive no tocante a essa tão importante profissão que é o cuidado e vida de pessoas doentes. 
         
João Joaquim médico- cronista DM  joaomedicina.ufg@gmail.com -  (62) 3229-4447 – 9.8224- 8810



Nenhum comentário:

Postar um comentário